Leite de búfalas como alternativa para indivíduos portadores da alergia

Este leite é cerca de 40% a 50% mais produtivo na elaboração de derivados (queijos, iogurte, doce de leite e etc.) que o leite de bovino.

Atualmente o consumidor está cada vez mais seletivo com o que deseja comprar, optando por produtos mais saudáveis com alto valor nutritivo e de boa qualidade. Nesse sentido, a cadeia láctea desempenha uma grande importância, sendo o leite um dos alimentos mais nobres e com rica quantidade de nutrientes.

Contudo, muitas pessoas relatam certo desconforto gastrointestinal ao ingerir leite provenientes de vacas leiteiras, ou possuem alergia à proteína do leite e ainda, há um grupo de indivíduos que podem ser intolerantes à lactose.

Por conta de alguns desses fatores, o leite de búfala vem sendo uma alternativa para esses indivíduos, unindo nutrição e bem-estar.

Quando se trata da composição do leite bubalino, pouco se tem conhecimento sobre o assunto. O leite de búfala é o segundo mais consumido mundialmente e nas suas propriedades difere do bovino, pois contêm maiores teores de proteína, gordura, minerais como cálcio e fósforo, bem como maior teor de lactose.

A ausência de beta-caroteno no leite desses animais é outra característica notável, que confere cor branca peculiar. Este leite é cerca de 40% a 50% mais produtivo na elaboração de derivados (queijos, iogurte, doce de leite e etc.) que o leite de bovino. Além disso, o leite bubalino se destaca para o consumo de pessoas com alguns tipos de alergia.

alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é causada principalmente pela digestão da beta-caseína A1 no trato gastrintestinal humano e também no processamento do leite para fabricação de derivados (iogurtes e queijos) que tem como um de seus produtos finais um peptídeo bioativo a beta-casomorfina7 (BCM7). A BCM7 ativa os receptores opioides encontrados no trato gastrointestinal e no restante do corpo humano, sendo este composto o possível fator de risco para o aparecimento de várias doenças: problemas coronarianos, alergia, diabete mellitus tipo 1, entre outros.

Outras proteínas implicadas nas reações imunológicas, os principais alérgenos encontrados no leite além da caseína, são a alfa-lactoalbumina e a beta-lactoglobulina. A APLV é uma doença quase exclusiva dos lactentes e da infância, raramente sendo descrita na adolescência. Quando recomendado a exclusão deste alimento tanto para lactentes quanto para as mães durante a amamentação, logo ocorre a exclusão total de toda e qualquer dieta láctea, de qualquer espécie, por desconhecimento, considerando que ser for a APLV a reação alérgica é apenas a proteína da espécie bovina.

Trabalhos encontrados na literatura chamaram a atenção para os eventuais efeitos adversos das dietas de exclusão de leite para crianças. Foram descritos casos de hipocrescimento nas crianças que seguem uma dieta sem produtos lácteos e também suprimento calórico insuficiente, baixo suprimento de cálcio e sinais bioquímicos de nutrição inadequada em crianças com menos de quatro anos.

 A principal particularidade do leite de búfala em relação as alergias é a sua proteína, a beta-caseína, que ao contrário do leite de vaca que possui beta-caseína A1 e A2 o leite de búfala possui apenas a beta caseína A2.

Para o consumidor, a beta-caseína A2 possui somente os alelos A2 que quando são degradados no intestino não liberam a BCM7, substância que pode promover sintomas de desconforto gastrointestinal quando há ingestão do leite que a contem. Nesses casos o leite A2A2 apresenta melhor digestibilidade em indivíduos sensíveis ao alelo A1 da beta-caseína, podendo assim ser uma alternativa para esse público.

O ser humano é o único mamífero a prolongar a ingestão de leite ao longo de toda a vida. Atualmente, cerca de 35% da população produz lactase durante a vida adulta, e são capazes de ingerir grandes quantidades de lactose. Os 65% intolerantes à lactose conseguem se beneficiar do consumo do leite através de seus derivados.

Atualmente existem afirmações conflitantes sobre intolerância à lactose e alergia ao leite. Para uma dieta livre de beta-caseína A1, o consumo de lácteos de outras espécies como o búfalo é uma alternativa. Apresentar o leite bubalino as famílias é uma alternativa para nutrir crianças e demais indivíduos que são diagnosticados com alergia a proteína beta-caseína A1.

Mais estudos são necessários para a avaliação das propriedades do leite bubalino para os alérgicos e intolerantes, contudo destaca-se um mercado produtivo tanto para os consumidores quanto para os produtores, pois a vida produtiva de uma búfala é longa, podendo se estender até 24 anos. Possuem alta taxa de fertilidade, mais de 90% e a vida útil média é de 15 anos, sem queda representativa de desempenho.

Fonte: MilkPoint

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