A produção de leite continua sofrendo os efeitos do vazio forrageiro de outono e o balanço desfavorável entre custo de rações e a cotação do litro de leite.
As pastagens anuais de verão encerraram seus ciclos e as de inverno tem a capacidade de uso ainda incipiente. Nas propriedades mais tecnificadas, a silagem de milho está sendo o principal alimento, complementado com fenos e pré-secados. Para ajustar a necessidade a dispobilidade de forragens, os produtores seguem antecipando a secagem de matrizes em fase final de lactação.
No aspecto sanitário, o principal manejo realizado é a vacinação das terneiras de 3 a 8 meses de idade contra brucelose. Em algumas regiões, as chuvas, junto com o frio e o aumento de umidade, têm provocado problemas devido ao acúmulo de barro no entorno das instalações e corredores de acesso às pastagens. Parte dessa sujidade acaba sendo carreada para dentro da sala de ordenha, aumentando a chance de contaminação do leite.
Na regional de Soledade, no Alto da Serra do Botucaraí, as áreas de pastagens de aveia semeadas cedo já começam a ser utilizadas pelo rebanho bovino leiteiro. Na regional de Ijuí, com as más condições da pastagem, os alimentos conservados (silagem e ração) representam aproximadamente 70% da composição da dieta do rebanho.
Na regional de Santa Rosa, algumas propriedades estão realizando adaptação das vacas às novas áreas de pastagem anual de inverno.
Como as plantas ainda novas apresentam baixa quantidade de fibras, aumenta a ocorrência de diarreia nos animais. Nesses casos, os extensionistas da Emater/RS-Ascar estão orientando que seja realizada uma adaptação gradativa dos animais a estes novos pastos, suplementando com fornecimento de feno ou casquinha de soja, como forma de equilibrar a quantidade de fibras da dieta, diminuindo a ocorrência de diarreia e de casos de leite instável não ácido (LINA).
Custo de produção disparou no Brasil e prejuízo é certo para o produtor de leite
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira registrou alta de 0,48% em abril, o 20º mês consecutivo de aumento nos custos de produção do setor. No acumulado de 2021, a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP) já subiu 8,01%. Em abril, o estado de Goiás foi o que registrou a maior elevação nos custos, de 1,05%. Essa alta esteve atrelada às valorizações dos suplementos minerais e dos concentrados.
Na “média Brasil”, a suplementação mineral também foi o grupo que mais se elevou no mês, com alta de 1,26%. Segundo colaboradores do Cepea, a alta nos preços dos suplementos minerais refletiu a valorização do fosfato, matéria-prima importada e componente importante das misturas minerais.
Até o momento, os suplementos minerais acumulam alta de 6,57% no ano, e os estados que apresentaram as maiores elevações foram GO (+4,22%), Bahia (+2,37%) e Minas Gerais (+2,47%). O produtor de leite também perdeu poder de compra em relação ao milho – pelo quarto mês seguido. Em abril, foram necessários 48,97 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg do cereal, a relação de troca mais desfavorável ao produtor desde janeiro de 2011. Esse cenário é resultado da forte valorização do cereal em relação à receita do produtor de leite.
Os preços dos alimentos concentrados subiram 0,35% em abril e 7,79% no acumulado do ano, diante da valorização das matérias-primas no mercado. Em abril, o Indicador ESALQ/BM&FBOVESPA – Paranaguá da soja teve média de R$ 177,10, aumento de 2,95% em relação à de março de 2021. Para o milho, o Indicador ESALQ/BM&FBOVESPA teve média de R$ 97,15, alta de 5,81% na mesma comparação.
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No dia 1º de maio, começou a primeira etapa da vacinação de 2021 contra febre aftosa nos estados onde a vacina ainda é obrigatória. O mês é geralmente marcado pela movimentação de produtores nas casas agropecuárias, que aproveitam para repor os estoques de medicamentos das propriedades.
Os custos com esses insumos também subiram em 2021, e, na “média Brasil”, os grupos dos medicamentos que mais se valorizaram no período foram os de controle parasitário (+6,56%) e os antimastíticos (+5,58%).
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Comercialização
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar, o preço médio do litro do leite no Estado ficou em R$ 1,84, o que representou a redução de um centavo em relação à última estimativa.
A variação nos preços recebidos pelos produtores deve-se a diferentes fatores, entre elas o volume comercializado, as bonificações por quantidade e qualidade do leite, de acordo com os parâmetros normatizados para o produto.
Com as informações são do Informativo Conjuntural, adaptadas pela equipe MilkPoint e Cepea.