O valor pago pelo litro de leite é insuficiente para cobrir os custos de produção, mas afinal, como ganhar mais com a atividade leiteira?
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu uma live, na quarta (11), sobre agregação de valor na pecuária leiteira. O debate foi moderado pelo assessor técnico de Pecuária de Leite da CNA, Guilherme Souza Dias.
O encontro reuniu pecuaristas que são referência em diferentes modelos produtivos: o fundador da Fazenda Malunga, Joe Valle (leite orgânico), o diretor presidente da Estância Silvania, Eduardo Falcão (leite A2A2), e o presidente do Sindicato Rural do município de Serro (MG), Roberto Teixeira (queijo artesanal).
Segundo Guilherme Dias, o aumento dos preços das commodities agropecuárias – especialmente grãos e cereais –, de medicamentos, insumos e fertilizantes vem reduzindo as margens da atividade e exigindo criatividade nas propriedades rurais para manter a produção sem comprometer o desempenho dos animais.
“Diante desses desafios, a diferenciação de produto e agregação de valor surge como uma interessante estratégia para melhorar a remuneração da atividade. A palavra-chave nesse processo é agroindustrialização”, afirmou.
Eduardo Falcão falou sobre o surgimento da ideia de agregar valor com a produção de leite A2A2 – proveniente de vacas que produzem apenas a beta caseína A2, que tem a digestão mais fácil para algumas pessoas. Ele acredita em uma tendência do mercado consumidor por produtos saudáveis e no potencial brasileiro como produtor e exportador, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Ásia.
“Não há dúvidas que é um produto que veio para ficar e só precisa de tempo para adequação do produtor, regulamentação do governo e oferta ao mercado consumidor para fechar o ciclo”, disse.
Por sua vez, Guilherme Dias lembrou que a certificação para a produção de leite A2A2 foi desenvolvida pelo Movimento Beba Mais Leite, em 2019, e faz parte dos protocolos sob a gestão do Instituto CNA. Na plataforma online Agritrace (link) é possível conhecer mais detalhes sobre o processo, a lista de laticínios parceiros e como conseguir a certificação.
O presidente do Sindicato Rural de Serro contou a sua experiência para aumentar a rentabilidade na atividade transformando a matéria prima em queijos artesanais certificados com o Selo Arte. Segundo Roberto Teixeira, o valor pago pelo litro de leite é insuficiente para cobrir os custos de produção e a elaboração de queijos especiais tem sido a melhor alternativa para ter lucro e superar momentos difíceis como o da pandemia.
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Referência na produção de orgânicos, a Fazenda Malunga trabalha com esse sistema há mais de 30 anos e segue em constante ampliação da sua linha de laticínios. De acordo com Joe Valle, apesar de o leite orgânico ter uma agregação de valor superior de 30% em relação ao produto convencional, o caminho é investir em derivados, que permitem uma lucratividade superior.
“Se transformarmos o leite fluido em produtos como queijo, iogurte ou sorvete, por exemplo, conseguimos uma agregação de valor muito maior. É importante oferecermos um mix de produtos variado para consumidores de leite apenas, onde o nosso lucro é menor”, declarou ele.
Com informações da CNA.