Lavouras urbanas levam alimento para periferia

Produtores ajudam a preservar a Mata Atlântica na cidade a partir de hortas e galinheiro

Apesar de a cidade de São Paulo ser conhecida por seus prédios, fora do Centro é possível encontrar lavouras que buscam preservar a Mata Atlântica e gerar alimento e renda para os moradores da região.

Um terço do território do município é rural e mais de mil pequenos produtores estão interligados através de dois projetos da prefeitura: Sampa mais Rural e Ligue os Pontos, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Entretanto, a prefeitura não sabe de tudo o que está acontecendo na cidade e, por isso, não conhece muitas das hortas espalhadas por São Paulo, afirma a secretária de desenvolvimento econômico, Aline Cardoso.

Alimento e dignidade

Um destes projetos que incentivam a agricultura se localiza no bairro Filhos da Terra, no Jaçanã. É o Prato Verde. Além do plantio, a horta ecológica conta com iniciativas de educação ambiental para a comunidade. Anteriormente, o espaço onde os alimentos são plantados era tratado como lixão pelos moradores.

A horta possui composteira, que é abastecida por restos dos alimentos dos colaboradores. Além disso, Wagner Ramalho, idealizador do projeto, contratou 5 funcionárias que são mulheres da comunidade e estavam desempregadas.

A plantação proporciona também uma perspectiva de acolhimento e de transformação na vida das pessoas da região, que podem interagir, se sentir úteis e ter um retorno, explica a coordenadora pedagógica Samira Gardziulis.

O Prato Verde gera 60 cestas básicas por mês, que são doadas com a ajuda de alguns colégios da Zona Norte e amigos. A produção é de 9 toneladas de legumes e verduras por ano, dos quais 70% são distribuídos para quem precisa.

Os 30% restantes são vendidos. O valor auxilia a manter o projeto e a criar renda para os trabalhadores.

Semeando cambuci

Outra iniciativa que segue essa linha é o Semeando cambuci. Como o próprio nome sugere, os agricultores plantam cambuci visando trazê-lo novamente para uma paisagem que já foi seu ambiente natural.

O cambuci, nativo da Mata Atlântica, não é uma fruta de fruteira, mas para ser congelada, usada para fazer licor, geleia e caipirinha.

O casal Leila e Geraldo Botelho queria cultivar a espécie em sua propriedade, mas não encontravam as mudas. Para solucionar esse problema, começaram a produzir as suas próprias.

Eles explicam que todas as suas mudinhas são paulistanas, da zona rural da cidade. Para o casal, elas representam um resgate histórico dos quintais do município, onde frutas nativas da Mata Atlântica, como a grumixama, uvaia e cabeludinha, eram comuns e hoje quase ninguém conhece.

‘Galinhas felizes’

O produtor Anderson Pastos conseguiu desenvolver um galinheiro com ajuda do projeto Ligue os Pontos, da prefeitura, que incentiva moradores dessas áreas a seguirem o caminho da agropecuária.

Com o apoio, ele montou o espaço e obteve 100 aves específicas para serem criadas soltas a partir das regras do bem estar animal. Ele afirma que as galinhas são felizes, pois não convivem com galos, que acabam gerando estresse durante o acasalamento.

Para saber mais sobre o programa da prefeitura que auxilia produtores, o Sampa Mais Rural,acesse esse link.

Fonte: Globo Rural

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM