Lavouras no RS apresentam manifestação precoce da ferrugem-asiática da soja

Em janeiro, as atividades foram encontradas em diferentes fases de desenvolvimento, desde o estádio vegetativo até o preenchimento de vagens.

No mês de janeiro, o site do Consórcio Antiferrugem contabilizou 51 relatos de ferrugem-asiática no Rio Grande do Sul, sendo 96% deles antes da fase de enchimento de vagens (estádio de desenvolvimento R5). Nas outras regiões do País, os relatos da doença ocorreram predominantemente na fase de enchimento de vagens (estádios de desenvolvimento R5), o que mostra uma incidência precoce da doença no Rio Grande do Sul, alertou a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja. Hoje, o Estado contabiliza 88 casos da doença: 37 ocorridos em dezembro e 51 em janeiro.

A pesquisadora explica que o excesso de chuvas, no início da safra na região Sul do País, principalmente no Rio Grande do Sul, atrasou a semelhança das atividades. Consequentemente, em janeiro, as atividades foram encontradas em diferentes fases de desenvolvimento, desde o estádio vegetativo até o preenchimento de vagens. “Nas lavouras semeadas mais tardiamente a ferrugem-asiática podem ocorrer mais cedo, em razão do aumento do inóculo do fungo proveniente das lavouras semeadas mais cedo”, explica Godoy.

A pesquisadora vem observando que, nas redes sociais, os produtores e técnicos têm conteúdos compartilhados, relacionados a trabalhos com alta severidade de ferrugem, mesmo quando é feita a aplicação de fungicidas. “Isso mostra que houve falhas de controle”, avalia. Neste sentido, Godoy orienta os produtores a observarem cuidadosamente a escolha dos fungicidas para o controle da doença. Segundo ela, os fungicidas mais usados ​​pertencem a três grupos distintos (sítios específicos)  que atuam em pontos específicos do fungo P. pachyrhizi, causador da doença: os Inibidores de desmetilação (IDM, “triazóis”), os Inibidores da Quinona externa (IQe , “estrobilurinas”) e os Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”).

“O controle da ferrugem-asiática é cada vez mais difícil pelo fato do fungo apresentar menor sensibilidade a esses três grupos de fungicidas”, alerta. “Além disso, nos últimos anos foi relatada uma nova mutação no fungo, influenciando a eficiência dos fungicidas que possuem os ingredientes ativos protioconazol e tebuconazol (IDM) na sua composição”, diz.

Diante desse cenário, a orientação da Embrapa é para que os fungicidas com esses ativos sejam usados ​​rotativamente e sempre com a adição de fungicidas multissítios – que atuam em vários pontos do fungo – para aumentar a eficiência de controle. “Outro alerta é para que a realização do controle químico seja já no início do surgimento dos sintomas, mesmo que observado no período vegetativo, respeitando o intervalo de aplicação de 14 dias entre as aplicações”, reforça Godoy. 

A Embrapa participa de redes de ensaios com diversas instituições de pesquisa onde anualmente são realizados experimentos para monitorar a eficiência dos fungicidas para controle da ferrugem-asiática. As informações mais atualizadas para a safra 2023/2024 estão disponíveis na publicação “ Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2022/2023: Resultados sumarizados dos ensaios cooperativos (Circular Técnica 195), disponíveis gratuitamente para baixar.  

Sobre a ferrugem da soja

A ferrugem asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, e a partir de então é monitorada e pesquisada por vários centros públicos e privados. Segundo o Consórcio Antiferrugem, essa doença, considerada a mais grave da cultura, pode causar perdas de até 90% de produtividade se não for controlada. As estratégias de manejo da doença são: a ausência de semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época indicada como estratégia de fuga da doença e utilização de fungicidas.

Fonte: Embrapa

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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