A safra de verão pode não sofrer os efeitos do La Niña; agricultor deve ficar de olho também no Oceano Atlântico.
As previsões meteorológicas indicam que o La Niña deve ser de fraca intensidade e chegar no último trimestre deste ano. Havia indicações de que o fenômeno climático pudesse se apresentar antes, mas os mapas climatológicos mostram que a tendência mudou. De acordo com os meteorologistas ouvidos pelo Agro Estadão, mundo vive um momento de neutralidade climática, ou seja, nenhum fenômeno está agindo.
O mais recente relatório do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) indica que entre outubro, novembro e dezembro, existe 81% de probabilidade de um La Niña de fraca intensidade. O fenômeno acontece quando as águas do Pacífico Equatorial sofrem um resfriamento de forma persistente, com temperaturas abaixo de -0,5º C.
Não existe regra, mas as principais características são diminuição das chuvas no Sul e aumento das chuvas no Norte e Nordeste do país. Quanto à temperatura, a tendência é de mais frio no Sudeste e Centro-Oeste.
A última vez que a La Niña agiu no Brasil foram três anos seguidos, entre 2020 e 2023. Segundo o meteorologista Williams Bini, o fato é raro. “Foram três anos seguidos de seca no Rio Grande do Sul, o que causou um efeito muito prejudicial na agricultura, então seria muito ruim o impacto nesta próxima safra”, alerta.
Bini lembra que é muito difícil antecipar a duração e a intensidade dos fenômenos climáticos, mas que os mapas mostram a entrada do La Niña entre agosto, setembro e outubro. “A expectativa é quebrar um ciclo que completou 13 meses em junho, de recordes de temperatura global sendo batidos mês a mês”.
O que o agricultor deve esperar do La Niña
Historicamente, o La Niña atrasa o início do período úmido, o que é um problema para as safras de verão com o risco da geada tardia. Porém, esse risco está menor neste ano, porque o fenômeno vai começar a se formar e se consolidar no último trimestre.
A meteorologista da Nottus, Desirèe Brandt explica que as primeiras instabilidades começam em setembro; em outubro a chuva aumenta nas principais áreas produtoras no sudeste e centro-oeste; e ganha mais força em novembro e dezembro – sem deixar de chover no sul.
“Por enquanto, não se espera atraso de chuva no centro do país, nem seca no Rio Grande do Sul. Pelo contrário, ainda tem muita água para o Sul até janeiro, quando começa a reduzir. Mas é redução! Não é ausência de chuva”, afirma Desirèe, lembrando que esta é a primeira rodada da previsão para janeiro de 2025 e que ainda pode mudar.
De acordo com as previsões, o ápice do La Niña será no fim do ano, quando ele já irá começar a perder a intensidade. Por isso, a recomendação ao agricultor é não contar com os efeitos do fenômeno na safra de verão. “Porque como é um La Niña fraco, muitas vezes os efeitos climáticos podem ser causados por outras oscilações. Será um grande desafio e também necessário prestar atenção em outras variáveis”, indica Desirèe.
Atenção ao Oceano Atlântico
Em ano de La Niña fraco, quem age sobre as condições climáticas no Brasil é o Oceano Atlântico. É o que explica a especialista em meteorologista e porta-voz da Clima OK, Maria Clara Sassaki. Segundo ela, a tendência é de um Atlântico mais aquecido até novembro.
“Isso vai influenciar as chuvas, então até o final do ano, a condição é de chuva entre a média e acima da média no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Porém, não são chuvas frequentes”, avalia Maria Clara.
De acordo com Maria Clara, as precipitações diminuem no Rio Grande do Sul a partir de outubro. A tendência é as frentes frias passarem pelo estado e chegarem até o Sudeste. “Para a safra de verão, tem uma possibilidade de chuvas acima da média entre Santa Catarina e Paraná, favorecendo a umidade do solo”, diz.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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