Pesquisadora do IB, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP, dá dicas para manter o ambiente adequado para a criação desses besouros do bem
As joaninhas são besouros bem pequenininhos, mas que exercem um grande trabalho para os agricultores. Em hortas, por exemplo, elas podem controlar os pulgões, uma praga muito comum em hortaliças como alface e couve. O Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é referência nacional no chamado controle biológico e explica como esses besourinhos do bem podem ajudar na produção de hortaliças em casa ou em grandes áreas.
A pesquisadora do IB, Terezinha Monteiro dos Santos Cividanes, explica que nas fases de larva e adulta, as joaninhas predam os pulgões. Uma larva ou adulto de joaninha chega a predar até 200 pulgões por dia, controlando com sucesso essa praga. “Esse é um trabalho muito importante para os produtores, que ao manter em suas plantações um ambiente adequado, conseguem preservar e até mesmo aumentar a população dessas joaninhas e produzir hortaliças sem a necessidade de aplicar produtos químicos”, afirma.
Segundo Terezinha, não existem biofábricas no Brasil que produzam joaninhas para comercialização. Desta forma, o produtor que quiser fazer uso desses besouros em sua lavoura, deve deixar o local atrativo para a presença das joaninhas, realizando o chamado controle biológico conservativo. “As joaninhas são muito frágeis aos defensivos agrícolas, por isso, eles não devem ser usados para que elas não morram. Além disso, os produtores precisam manter próximos a área de cultivo plantas com intenso florescimento, pois joaninhas adultas alimentam-se de pequenas porções de pólen e néctar, principalmente quando o seu alimento preferencial, os pulgões, são escassos”, explica.
Outro ponto importante é que os produtores conheçam as joaninhas em todas as suas fases, desde os ovos, até os besouros adultos. “Muitas vezes, por desconhecimento de todas essas fases, o produtor acaba matando as larvas ou ovos de joaninhas, porque acha que eles seriam de uma praga, quando na verdade, eles podem ser a solução para os problemas da plantação”, afirma a pesquisadora do IB, explicando que a joaninha também pode ser usada no controle biológico de pragas em culturas anuais, frutíferas e plantas ornamentais.
As joaninhas medem de 1 a 10 milímetros. Os adultos, após o acasalamento, colocam os ovos agrupados, que darão origem a pequenas larvas. Tanto as larvas como os adultos se alimentam dos pulgões. “O único momento que a joaninha não se alimenta dessa praga é durante seu período de pupa, que é quando ela fica numa espécie de casulo e não se alimenta”, explica Terezinha.
Disseminação de informações sobre joaninhas
Para disseminar a importância das joaninhas em ações de controle biológico, Terezinha realiza em conjunto com o pesquisador Fernando André Salles do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), projeto de “Utilização da Aquaponia como Instrumento Didático”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), na Escola Estadual Bairro Francisco Castilho, do município de Cravinhos, no interior paulista.
No projeto que é coordenado por Salles, os alunos do ensino fundamental e médio aprendem a cultivar hortaliças e criar peixes em conjunto, em um sistema conhecido por aquaponia. “Como na aquaponia há o cultivo de hortaliças, os alunos são estimulados a reconhecerem a importância das joaninhas para o controle de pulgões que infestam essas plantas”, explica a pesquisadora do IB.
Controle biológico
O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais para diminuir a população de uma praga. Resumidamente, pode ser definido como natureza controlando natureza. Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores.
Referência no Brasil e no mundo em controle biológico, o IB tem forte atuação junto ao setor produtivo tendo orientado a criação e manutenção das biofábricas, que desenvolvem esses produtos biológicos para serem aplicados nas lavouras. Ao todo, mais de 80 biofábricas de todo o Brasil recebem orientação dos pesquisadores do IB. Em 2019, o Instituto assinou 23 contratos para transferência de tecnologia a essas empresas, localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
O IB mantém o Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico (Probio), que reúne as tecnologias e serviços prestados no Instituto, principalmente para as culturas da cana-de-açúcar, soja, banana, seringueira, flores, morango, feijão e hortaliças.