O empresário Wesley Batista, acionista do Grupo J&F, anunciou nesta sexta-feira que o conglomerado irá investir R$ 38,5 bilhões no Brasil nos próximos quatros anos.
Dos R$ 38,5 bilhões anunciados hoje por Wesley, para investir no Brasil, está a implantação da segunda linha de produção da Eldorado, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. O projeto, de R$ 20 bilhões, também prevê a construção de um ramal ferroviário de 85 quilômetros para conectar a fábrica à malha ferroviária.
Na conta dos aportes, porém, está um projeto bilionário da Eldorado – empresa de celulose cujo controle a J&F disputa com a indonésia Paper Exellence. A Eldorado foi vendida pelo grupo J&F à Paper Excellence em 2017, como forma de levantar recursos numa época em que o conglomerado atravessava uma crise, desencadeada pelas relevações da Lava-Jato de envolvimento do executivo em corrupção. Após a venda, o J&F iniciou uma série de disputas na Justiça para anular a transação. O caso está atualmente em arbitragem.
O anúncio foi feito em Paris, durante o 1º Fórum Internacional da Esfera Brasil. O plano anunciado, segundo Wesley, representa mais de 85% do investimento planejado pelo grupo no mundo e contempla aportes em todos os setores em que a J&F atua – produção de alimentos, celulose, mineração, geração de energia, higiene e cosméticos, e serviços e tecnologia financeiros.
Maior empresa do grupo, a JBS terá R$ 3,5 bilhões em investimentos até 2024. Eles contemplam projetos já anunciados pelo conglomerado, como duas fábricas da Seara – uma em Rolândia, no Paraná, prevista para ser inaugurada este mês, e outra em Dourados, no Mato Grosso do Sul, que deve ser um dos maiores complexos de preparados suínos do mundo.
Os investimentos da JBS incluem ainda a construção de uma nova fábrica de ração em Seberi, no Rio Grande do Sul, e a duplicação da unidade da Friboi em Diamantino, no Mato Grosso. Estão previstos também o início da construção do Centro de Pesquisas em proteína cultivada, chamado de JBS Biotech Innovation Center.
Em participação no Fórum Esfera Paris, ao lado do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, Batista citou o andamento das reformas e da agenda fiscal e disse que o país representa “uma das melhores oportunidades ao redor do mundo para se investir”.
Estamos otimistas com o país e com a relação do Brasil com o mundo. O Brasil é de novo a bola da vez afirmou o empresário, que destacou a tentativa brasileira de se tornar protagonista na agenda ambiental. O Brasil tem uma população gigantesca, um consumo interno expressivo, uma democracia consolidada e consciência de sua responsabilidade fiscal.
Além da JBS e da disputa pela Eldorado, o grupo Grupo J&F é controlador do Banco Original, do PicPay, da Ambar Energia, da J&F Mineração e do Canal Rural. Antes de Batista, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy analisou a tentativa do Brasil de ampliar a influência na geopolítica global. Ele defendeu que o país ganhe protagonismo e disse que a “cena política mundial precisa do Brasil”. Sarkozy também disse apoiar uma cadeira brasileira no Conselho de Segurança da ONU.
— A América Latina, até agora, está ausente dos grandes debates políticos mundiais. É uma injustiça e é perigoso— afirmou o ex-presidente. — Temos que falar do papel político que o Brasil tem a desempenhar no cenário global e como a França e, por trás dela, a Europa, vai ajudar a criar um sistema multilateral equilibrado e justo, onde cada um tem a sua voz escutada.
No mesmo dia, o empresário Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração da Península Participações e fundador do Grupo Pão de Açúcar, participou de um painel ao lado de autoridades e empresários. Ele voltou a cobrar mais “ambição” do Brasil e disse que o país “se atrasou na história”.
— Nós estamos vivendo um momento glorioso do Brasil. O trabalho que o presidente Lula e os ministros estão fazendo está certinho. Está tudo bem para a gente crescer 3%. Mas será que é isso que nós precisamos? — questionou o empresário. — O Brasil sempre teve um potencial extraordinário e sempre foi o país do futuro. Está na hora desse futuro chegar. Ao lado de Miriam Belchior, secretária-executiva da Casa Civil, Abílio acrescentou que o país corre o risco de perder oportunidades e lembrou do último ano do segundo mandato do presidente Lula, em 2010, quando o PIB cresceu 7,5% para cobrar mais ambição.
Fonte: O globo
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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