Raça Jersey tem se destacado no Brasil, pela sua produção e qualidade superior comprovada do leite.
Por Maria Rosinete Souza Effting
Quando conversamos com pessoas de mais idade, ou quando escutamos histórias de nossos avós, sempre quando o leite entra no assunto vem a história da vaquinha que sustentava a família, ou do tambor ou latão de leite, ou o pequeno rebanho que somente era solto no pasto, enquanto o leite era tirado à mão. Ou seja, a produtividade era pequena.
Porém, a indústria do leite se transformou ao longo dos anos, e o consumo aumentou consideravelmente, como também a produção rural mudou da subsistência para o empreendedorismo. O produtor investe cada dia mais em tecnologia, e o leite entrou em uma nova era. Estes são tempos em que a qualidade do produto importa na hora de sua comercialização e os consumidores estão à procura de um leite de boa qualidade e também de seus derivados. E, aí, entra a busca por um bom rebanho associado com boa tecnologia.
Maior Produtividade
Apesar de existirem produtores de leite com diferentes características e finalidades, a grande maioria tem o mesmo objetivo, uma maior produtividade e qualidade do leite com o menor custo possível, e é aqui que entra a raça Jersey. O gado Jersey é excepcionalmente adequado para estes tempos, sua versatilidade faz com que a adaptação ocorra nos mais variados sistemas de produção, clima, nível de técnico e tamanho de rebanho, sendo uma ótima opção para as propriedades pequenas e com relevo acidentado, características essas da grande maioria das propriedades de Santa Catarina.
Origem
Raça originária da pequena Ilha de Jersey, pertencente ao Reino Unido, o gado Jersey tem origem no cruzamento do pequeno gado negro da Bretanha e os grandes bovinos vermelhos da Normandia, a partir do ano de 1.100. É a mais antiga criação de bovino puro do mundo.
Destaques
A raça destaca-se por sua docilidade, produtividade, longevidade e precocidade. é um animal com menor tamanho e peso comparado a outras raças, por volta de 350 a 400 kg na idade adulta. Por isso na criação de Jersey é possível aumentar a carga animal por hectare de solo. Outros fatores importantes são a e ciente adaptação a diferentes tipos de manejos nutritivos e a menor necessidade de energia dos alimentos para seu sustento corporal. Em relação ao seu comportamento produtivo, são animais precoces. Acelerando seu ingresso na vida reprodutiva, sua longevidade faz com que seus custos de criação sejam diluídos e assim deixam maior lucro na sua vida produtiva. Outra vantagem é o menor tempo de intervalo entre partos, sendo que a Jersey retorna ao cio rapidamente. Há relatos de animal que ao longo de 21 anos de idade produziu 126.857 kg/leite e 6,150 kg/gordura. Seu leite é diferenciado pelo sabor e altos teores de sólidos totais, sendo assim preferido pela indústria pelo seu alto rendimento na produção dos derivados.
A Cabanha Guinther, através de seu controle leiteiro oficial apresenta as seguintes médias nos últimos 12 meses:
Leite: 20,84 kg vaca/dia
Gordura: 4,52%
Proteína: 3,72%
Células Somáticas: 379
Manejo
Estes dados são obtidos em um manejo onde recebem alimentação de silagem de milho e ração por mérito duas vezes ao dia, logo após as duas ordenhas. Em seguida, percorrem uma distância considerável até o pasto onde permanecem durante o dia e a noite, assim ficam expostos ao frio Catarinense no inverno e ao calor que atinge 40° C com certa facilidade no verão, aliada à umidade alta.
A raça em si já é uma grande aliada do pequeno produtor de leite, mas existem grandes desafios que devem ser perseguidos diariamente para que os animais consigam chegar ao seu ápice produtivo: controle sanitário, manejo, nutrição, boa escolha do manejo reprodutivo de acordo com as condições da propriedade, e o que é considerado de extrema importância, a qualidade genética do rebanho.
Genética
A genética evoluiu bastante na sua capacidade de entregar ao produtor soluções que atendam às suas necessidades específicas. O melhoramento genético é uma poderosa ferramenta que tem como objetivo agregar valor ao negócio do leite.
Uma das tendências é a busca por animais P.O. (puros de origem) onde os antecedentes e suas características são previamente conhecidos, o que traz uma maior certeza sobre a qualidade do animal e de seu futuro produtivo e reprodutivo.
Quem controla, fomenta e gerencia todas essas informações, além de emitir os registros em Santa Catarina é a ACCB (Associação de Criadores de Bovinos), a qual presta serviço às raças Jersey e Holandesa. Através de núcleos regionais são organizados eventos com destaque para feiras e exposições agropecuárias com julgamentos morfológicos, concursos leiteiros e leilões. Dessa forma os produtores poderão se organizar e ter maior força política junto a captadores do produto e aos governos.
Associação catarinense de criadores de Bovinos
A Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB) conta com 376 associados cadastrados e 50.327 registros emitidos em Santa Catarina nos últimos cinco anos. Graças ao controle leiteiro se tem acesso a números de grande importância para o setor. Na raça Jersey, a entidade tem 79 rebanhos controlados.
A simpatia da raça já conquistou os mais variados tipos de produtores de leite, sejam os que criam por hobby, subsistência, ou comercialmente, em todos os níveis. Desta forma sua expansão pelo Brasil e pelo mundo impressiona, sendo a raça que mais cresce entre as raças leiteiras. Na América do Norte, já é possível encontrar empreendimentos com mais de 20.000 animais em lactação. Enquanto isso, por aqui, as Jerseys estão se espalhando cada vez mais pelas pequenas propriedades e tomando o lugar de outras raças Brasil afora.
Fonte: animalbusiness