Com grande influência no mercado, paralisação da JBS estimula outras indústrias a realizar o mesmo e, com isso, boi despenca no mercado físico e segue derretendo os contratos no mercado futuro.
O movimento de paralisações de plantas da JBS, que foi divulgado com grande antecedência aqui no Portal Compre Rural, tem sido mais intenso no Mato Grosso, mas também atinge os estados do Pará (2) e no Mato Grosso do Sul (1), se espalhou nos últimos dias. Com esse cenário, outras indústrias frigoríficas estão saindo das compras na maioria das praças pecuárias e, segundo o mercado, quando se diz “sair das compras”, se entende: pagar muito menos.
As poucas indústrias interessadas em fechar negócios oferecem valores abaixo das máximas vigentes, o que só reforça a tendência de queda nos preços da arroba em pleno período de entressafra de boiada terminada a pasto.
Com o mercado ainda surpreso com a decisão de algumas plantas frigoríficas do país anunciarem férias coletivas, grande parte dos compradores estão fora das compras e, aqueles que estão presentes, sinalizam preços menores. Assim, após as quedas do dia anterior, as praças paulistas abriram estáveis, mas com expectativa de queda para os próximos dias.
Com isso, boi, vaca e novilha gordos estão sendo negociados, respectivamente, por R$300,00/@, R$278,00/@ e R$292,00/@, preços brutos e a prazo. Animais com até quatro dentes, destinados à exportação, são negociados por R$310,00/@.
A arroba do boi gordo segue despencando, segundo o Indicador do Boi Gordo Cepea, os valores já recuaram 5,50%. Esse recuo representa quase R$ 20,00/@ nos primeiros dias úteis de agosto. Além do mercado físico, os contratos futuros na B3 também estão derretendo, como foi noticiado aqui, e deve manter a baixa no curto prazo, com mercado ainda estudando os possíveis cenários.
No fechamento desta quinta-feira, o mercado futuro com vencimento para agosto fechou o dia cotado a R$ 306,00, uma queda de 0,65%. Seguindo as quedas, outubro sentiu uma queda de 1,15% ficando apregoado a R$ 313,05/@. A queda maior foi observada para os contratos com vencimento em Dezembro, com variação negativa de 2,21% e valendo R$ 318,10/@.
Uma solução imediata seria ao menos que os produtores também saiam das vendas, e paralisem a liquidez de vez. Entretanto, o avanço da seca e o frio repentino em agosto (pegando muitos de surpresa) acabam dificultando a manutenção destes lotes prontos para abate dentro da porteira.
Férias coletivas ou fechamento definitivo?
Agora, em meio a falta de justificativas plausíveis, o mercado segue a dúvida se todas as quatro unidades de Mato Grosso, estado com maior rebanho bovino do país e maior produtor de carne bovina – Juína, Juara, Colíder e Pontes e Lacerda – estão apenas em férias coletivas ou se pelo menos uma ou duas (das duas primeiras cidades), serão fechadas definitivamente.
JBS tem alta de 7,7% na receita líquida no 2° trimestre de 2022
O desempenho mais favorável da Seara e da Pilgrim’s Pride, assim como a recuperação nas margens da carne bovina no Brasil e na Austrália impulsionaram os resultados globais da JBS no segundo trimestre de 2022.
Segundo o comunicado enviado à imprensa nesta quinta-feira (11/8), a companhia registrou alta de 7,7% na sua receita líquida na comparação com igual período de 2021, para R$ 92,2 bilhões, valor recorde. A empresa encerrou o trimestre com lucro líquido de R$ 4 bilhões.
Os resultados da empresa no Brasil também estão em expansão e aumentaram a sua importância na somatória dos números globais, aponta a companhia. A JBS Brasil, que reúne os negócios de bovinos no país, teve receita líquida de R$ 14,1 bilhões, com a captura do potencial de crescimento com a maior disponibilidade de matéria-prima e o resultado das ações para fidelização de clientes-chave para o negócio.
Liderada pela Friboi, a JBS Brasil viu a sua margem saltar de 3,4% para 5,7% na comparação entre o segundo trimestre de 2022 e igual período de 2021.
Aumento no número de animais abatidos
No 2º trimestre de 2022, foram abatidas 7,32 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Houve alta de 2,7% frente ao 2º trimestre de 2021 e aumento de 5,2% em relação ao 1º trimestre de 2022.
A produção de 1,93 milhão de toneladas de carcaças bovinas no 2º trimestre de 2022 consistiu em incremento de 2,3% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, e aumento de 5,1% em relação ao apurado no 1º trimestre de 2022.
Preço médio da carne bovina é o menor desde outubro de 2019
O preço médio da carne bovina (carcaça casada), negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, está em R$ 20,20/kg na parcial de agosto (até o dia 9), conforme apontam dados do Cepa.
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Essa média é 2,13% inferior à de julho deste ano, 7,74% abaixo da de agosto/21 e, também, a menor, em termos reais, desde outubro de 2019, quando esteve em R$ 17,95/kg (os valores médios mensais foram deflacionados pelo IGP-DI). Segundo pesquisadores do Cepea, a oferta de animais para abate seguiu baixa ao longo deste ano e as exportações, aquecidas.
Assim, o cenário de desvalorização da carne está atrelado ao baixo consumo da proteína bovina no mercado brasileiro, devido ao fragilizado poder de compra da população nacional, sobretudo em decorrência da elevada inflação. No acumulado deste ano (entre dezembro/21 e a parcial de agosto/22), a carcaça casada bovina registra desvalorização de 8,31%, em termos reais.