Ministério Público do Trabalho constatou 117 trabalhadores com suspeita de coronavírus entre 11 e 22 de abril em frigorífico de Passo Fundo, que foi interditado.
A unidade da JBS em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, apresentou 117 casos suspeitos de coronavírus entre os dias 11 e 22 de abril, segundo investigação do Ministério Público do Trabalho do Estado (MPT-RS). De acordo com os prontuários analisados pelos fiscais desde quarta-feira (22/4), alguns desses trabalhadores foram diagnosticados com resfriado comum, sendo enviados de volta ao trabalho.
“Em outro exemplo, trabalhadora afastada por 14 dias por suspeita de Covid-19 e seu cônjuge, que apresentava sintoma compatível com a doença (dor de garganta), não foram afastados e seguiram trabalhando normalmente, inclusive se utilizando do ônibus da empresa para deslocamento”, destaca o MPT em nota.
Nesta sexta-feira (24/4), a unidade da empresa em Passo Fundo foi interditada, com 19 casos confirmados da doença. Das seis mortes confirmadas por coronavírus em Passo Fundo, dois são de familiares de funcionários da companhia.
Desde o último dia 18, o MPT aguarda decisão da justiça sobre uma ação civil pública com pedido de tutela de urgência em caráter antecipado do frigorífico. Até então, a procuradoria do trabalho em Passo Fundo já havia aberto inquérito civil, após receber fotos e vídeos reforçando a suspeita de que a JBS não estaria evitando o contato interpessoal nem adotando medidas preventivas adequadas.
“Em 16/4, a Vigilância Sanitária detectou aglomeração de funcionários na área de lazer durante a troca de turnos; local de triagem inadequado; incompatibilidade entre número de funcionários e cumprimento do distanciamento; demarcação errônea do distanciamento (1m); falta de comunicação e subnotificação dos casos suspeitos para a vigilância epidemiológica municipal; falta de monitoramento dos funcionários afastados pela empresa e máscaras ineficientes”, destaca o MPT, ao lembrar que as autoridades sanitárias já havia alertado para um “surto de síndrome gripal” na unidade.
O que diz a JBS
Em nota, a JBS refuta as informações do auto de infração e está confiante na segurança das medidas adotadas para prevenir o contágio da Covid-19 e proteger os funcionários. A empresa também esclarece que os protocolos atendem em 100% as orientações da Secretaria do Trabalho para o setor frigorífico.
De acordo com a companhia, “ao contrário do auto de interdição, que extrapola o protocolo da Secretaria do Trabalho, as ações implementadas pela JBS estão totalmente amparadas em laudos e recomendações técnicas dos órgãos de saúde e de especialistas da área médica”.
Entre as medidas que diz ter adotado, estão a desinfecção diária e periódica das instalações, medição de temperatura de todos os colaboradores antes de acessarem a unidade, afastamento de pessoas do grupo de risco, inclusão de novos EPIs como máscaras acrílicas, obrigatoriedade do uso de máscaras para 100% dos colaboradores incluindo a área administrativa, entre outras.
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“Todas as medidas seguem as determinações dos órgãos de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, além de cumprir integralmente com o protocolo da Secretaria do Trabalho (Ministério da Economia). Adicionalmente, a empresa contratou e está em total conformidade com as orientações das consultorias de renomados médicos e especialistas sobre as práticas adotadas”, pontua a empresa.
A JBS ainda afirma que “a proteção dos colaboradores sempre foi o primeiro objetivo” desde o começo da pandemia e que “segue pautada por esse princípio e confia em que as atividades em Passo Fundo serão retomadas brevemente”.
Fonte: Globo Rural