Com uma capacidade notável de adaptação e reprodução acelerada, o javali tem causado prejuízos tanto no âmbito ambiental quanto econômico. Sua presença desencadeou uma série de impactos negativos, que vão desde a destruição de habitats naturais até danos em plantações agrícolas e riscos à saúde pública; confira
O javali, ou Sus scrofa, é uma espécie de animal onívoro originária da Europa e Ásia que tem se mostrado uma ameaça crescente em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Com uma capacidade notável de adaptação e reprodução acelerada, o animal tem causado prejuízos tanto no âmbito ambiental quanto econômico. Sua presença desencadeou uma série de impactos negativos, que vão desde a destruição de habitats naturais até danos em plantações agrícolas e riscos à saúde pública.
Ao longo deste artigo da Compre Rural, exploraremos os principais prejuízos causados pelo javali, abordando tanto as consequências ambientais quanto os impactos econômicos diretos. Além disso, discutiremos a situação do animal no Brasil e estratégias para controlar a população de javalis e mitigar os danos por eles provocados.
Principais prejuízos causados
Os prejuízos causados pelo javali são diversos e abrangem tanto o ambiente natural quanto as atividades humanas, como a agrícola. Abaixo, destacamos os principais impactos negativos provocados por essa espécie invasora:
Destruição de habitats naturais : Os javalis têm o hábito de fuçar e chafurdar não só em busca de alimento, o que resulta na destruição de habitats naturais, incluindo florestas nativas, áreas de preservação permanente e unidades de conservação integral. Eles desenterraram raízes de árvores, destroem ninhos de pássaros e tocas de répteis, comprometendo a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas.
Impactos na fauna nativa : Além da destruição de habitats, os javalis competem por recursos alimentares com a fauna nativa, podendo levar à escassez de alimentos para outras espécies. Além disso, há relatos de predação de ovos e filhotes de aves, répteis e pequenos mamíferos, contribuindo para a redução da diversidade biológica.
Danos em plantações agrícolas : Os javalis são capazes de causar danos significativos em plantações agrícolas, principalmente de culturas como milho, cana-de-açúcar, mandioca, amendoim e hortaliças. Eles derrubaram e se alimentaram das plantas, inviabilizando o cultivo e resultando em perdas financeiras para os agricultores.
Assoreamento de rios e manipulação do solo : O hábito de chafurdar no solo também pode levar ao assoreamento de rios e córregos, comprometendo a qualidade da água e prejudicando os ecossistemas aquáticos. Além disso, a compactação do solo causada pela presença dos javalis pode aumentar a erosão e diminuir a capacidade de retenção de água, impactando a produtividade agrícola.
Riscos para a saúde pública : Os javalis podem atuar como reservatórios e transmissores de diversas doenças, algumas das quais podem ser transmitidas a seres humanos. O consumo de carne contaminada ou o contato com carcaças de javalis mortos representam riscos para a saúde pública, aumentando a preocupação com doenças zoonóticas.
Como o javali chegou no Brasil
A presença do javali no Brasil é uma característica que desperta preocupação crescente entre especialistas, organizações ambientais e comunidades rurais. Originário da Europa e do norte da África, esse animal foi introduzido no país inicialmente como fonte de alimento durante a colonização europeia. Desde então, sua população vem crescendo de forma exponencial, sobretudo nos últimos anos, gerando uma série de impactos ambientais, econômicos e sociais.
A trajetória do javali no Brasil remonta aos primeiros séculos de colonização, quando foi trazida como uma alternativa para suprir as necessidades alimentares dos colonizadores europeus. No entanto, ao longo do tempo, esses animais escaparam ou foram deliberadamente soltos, encontrando um ambiente propício para sua reprodução e distribuição em vastos territórios brasileiros.
A partir dos anos 1960, passou a ser criado em larga escala na região Sul do país, inicialmente com o objetivo de produzir carne. No entanto, eventos como a seca do Rio Uruguai no final dos anos 1980 e políticas de incentivo à suinocultura na década de 1990 desenvolvidas para o aumento descontrolado da população de javalis no Brasil. Além disso, a prática de cruzamentos entre porcos domésticos e javalis, passou a obter animais com características desejáveis para a indústria alimentícia, acabou por potencializar a disseminação da espécie exótica.
Situação preocupante no país
A falta de políticas eficazes de controle populacional e a presença de criadores clandestinos são fatores apontados para a rápida expansão do javali pelo território brasileiro. A introdução deliberada de javalis em áreas naturais por adeptos da caça também foi registrada, o que agrava ainda mais o problema da dispersão desses animais.
Os prejuízos causados pelo javali no Brasil são diversos e afetam diferentes setores da sociedade. No contexto agrícola, a destruição de plantações e a competição por recursos alimentares representam um sério problema para os agricultores, especialmente os pequenos produtores, que muitas vezes não dispõem de recursos para evitar ou mitigar os danos causados pelos animais. Além disso, a propagação de doenças transmissíveis pelo javali, como a peste suína e a tuberculose, representa uma ameaça tanto para os rebanhos domésticos quanto para a saúde pública.
A falta de predadores naturais e a alta capacidade de adaptação ambiental tornam o controle dessa espécie uma tarefa complexa. Estratégias como a caça controlada, o uso de cercas e a diversificação de cultivos têm sido propostas como formas de reduzir a população de javalis e minimizar seus impactos negativos.
Sobre a caça do animal
A caça do javali no Brasil é regulamentada por leis e normativas específicas. Os detalhes da realização dessa atividade devem seguir as diretrizes condicionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a legislação ambiental vigente. Isso inclui a obtenção de autorizações prévias, o registro no Cadastro Técnico Federal (CTF) na categoria de manejo de fauna exótica invasora e a conformidade com as normas relacionadas ao uso de armas de fogo, conforme determinado pelo Exército Brasileiro.
A caça da praga no país é realizada principalmente por controladores de fauna, que são pessoas autorizadas pelo Ibama para realizar atividades de manejo e controle de espécies invasoras. Esses controladores podem ser indivíduos ou grupos organizados, como associações de caça, desde que estejam devidamente registrados e em conformidade com a legislação.
Além disso, a caça do javali no Brasil também pode ser praticada por caçadores esportivos, desde que observadas as regulamentações específicas pelas autoridades ambientais. No entanto, é importante ressaltar que a caça esportiva do javali não é a principal forma de controle populacional dessa espécie, uma vez que seu objetivo principal é o entretenimento e não necessariamente a redução efetiva da população.
Estratégias de controle
Existem várias estratégias para controlar a população de javalis e mitigar os danos causados pelos provocados. Uma das abordagens mais eficazes é o manejo populacional por meio da caça seletiva e controlada. Isso envolve a contratação de caçadores registrados a abater javalis, reduzindo os números excessivos da espécie. Além disso, a utilização de armadilhas e cercas adequadas pode ajudar a conter o movimento dos animais e proteger áreas sensíveis, como plantações e habitats naturais.
Outra estratégia importante é a conscientização e educação dos agricultores e proprietários de terras sobre os danos causados pelos javalis e as medidas preventivas disponíveis. Isso pode incluir a implementação de práticas agrícolas mais resistentes à praga, como o cultivo de plantas menos atrativas para esses animais ou o uso de barreiras físicas, como cercas elétricas, para proteger as culturas.
Além disso, o monitoramento e a pesquisa contínua sobre a ecologia e comportamento dos javalis são essenciais para desenvolver estratégias de manejo mais eficazes e adaptáveis às condições locais. Isso pode incluir estudos sobre as rotas de migração, seus padrões de reprodução e alimentação, bem como a identificação de áreas prioritárias para intervenção.
Por fim, é importante promover a colaboração entre diferentes partes interessadas, incluindo órgãos governamentais, pesquisadores, agricultores, caçadores e organizações ambientais, para coordenar esforços e implementação de soluções integradas e sustentáveis para o controle da praga e a mitigação de seus impactos. Uma abordagem multidisciplinar e colaborativa é fundamental para enfrentar eficazmente esse desafio complexo.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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