Os resultados gerados por esse estudo poderão contribuir para a multiplicação de indivíduos com mérito genético e produtivo, com impacto na eficiência da indústria pecuária bubalina.
O Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve pesquisas com terapia com células-tronco em búfalas. O trabalho tem o objetivo de aumentar a qualidade e quantidade de embriões de búfalas produzidas in vitro. Os resultados gerados por esse estudo poderão contribuir para a multiplicação de indivíduos com mérito genético e produtivo, com impacto na eficiência da indústria láctea e cárnea de bubalinos.
A Produção “in vitro” de Embriões (PIVE) representa um método promissor para o melhoramento genético de rebanhos bubalinos, afirma Nelcio Antonio Tonizza de Carvalho, pesquisador do IZ, que realiza estudos com células-tronco para aumentar a qualidade e quantidade de óvulos obtidos por aspiração folicular e, consequentemente, de embriões de búfalas produzidos in vitro.
“A terapia com Células-Tronco Mesenquimais (MSC) em ovários de búfalas pode proporcionar aumento na quantidade de folículos e melhora na qualidade dos oócitos, com impacto positivo na PIVE”, destaca Nelcio.
No entanto, Nelcio diz que alguns entraves ainda impedem o desenvolvimento sustentável dessa tecnologia, dentre eles a existência de animais que apresentam reduzida população folicular, recuperação oocitária e produção embrionária. “Diante de estudos já realizados, torna-se necessária a incorporação de novas tecnologias para aumentar a eficiência da PIVE em bubalinos”, afirma.
De acordo com o pesquisador, a utilização de MSC alogênicas provenientes de outro indivíduo da mesma espécie na terapia celular tem aumentado consideravelmente, devido aos resultados promissores na recuperação da funcionalidade de diversos órgãos. “Assim, o projeto vem investigar a produção de óvulos e embriões de bubalinas submetidas ao transplante de MSC alogênicas nos ovários”, ressalta Nelcio.
Segundo Nelcio, o crescimento do rebanho bubalino deve estar associado ao controle da produtividade. Com o auxílio de biotecnologias da reprodução é possível multiplicar e distribuir animais que possuem elevado mérito genético, colaborando para que a atividade se torne atraente econômica e socialmente. “Dentre as biotecnologias disponíveis, o Brasil é líder no mercado mundial da PIVE”, afirma.
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A pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tem a parceria do Departamento de Reprodução Animal da FMVZ/USP, do Departamento de Urologia da Faculdade Paulista de Medicina (UNIFESP), da Faculdade de Medicina da USP, da UNESP-Araçatuba e da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB). Este trabalho já tem um artigo científico aprovado para apresentação no 19º Congresso Internacional de Reprodução Animal que será realizado no mês de junho de 2022 em Bologna na Itália.
A Unidade do IZ em Registro (SP) é uma das poucas áreas de pesquisas do Brasil a realizar trabalhos exclusivamente com búfalos, há 35 anos.
Rebanho mundial e nacional bubalino
Segundo informações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) , nos últimos dez anos, a taxa de crescimento do rebanho bubalino mundial foi de 5,3%, e a produção de leite aumentou 50,1%. Em 2019, foram registrados mais de 204 milhões de cabeças de búfalos no mundo. Responsáveis pela produção anual de aproximadamente 134 milhões de toneladas de leite.
No Brasil, verificou-se 27,0% de crescimento do rebanho bubalino na última década, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2021. Na atualidade, estima-se que o rebanho nacional seja composto por 1.502.482 búfalos, distribuídos por todos os estados do Brasil.
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento Instituto de Zootecnia do Estado de São Paulo