O atual cenário de indefinição na Itambé em decorrência da suspensão da venda à francesa Lactalis pela Justiça, em dezembro, está gerando instabilidade e risco financeiro para a empresa de lácteos, apurou o Valor com fontes próximas à companhia.
O pagamento do leite dos cooperados que deveria ocorrer amanhã, dia 10, está parcialmente em risco porque a empresa não tem os recursos necessários para fazê-lo. Há uma necessidade de R$ 110 milhões, mas há R$ 50 milhões no caixa da Itambé. A razão, segundo apurou o Valor, é que os bancos não estão emprestando à Itambé, uma vez que o futuro da empresa está indefinido com a suspensão da venda à francesa. Procurada, a CCPR não comentou.
A venda da Itambé à Lactalis, liminarmente suspensa, surpreendeu o mercado, uma vez que a CCPR havia indicado que tinha interesse em retomar o controle da empresa de lácteos, da qual vendeu 50% para a Vigor, por R$ 410 milhões, em 2013.
Aliás, a decisão da central de cooperativas, anunciada em setembro, de recomprar sua participação na Itambé após a venda da Vigor à Lala gerou incertezas no mercado, pois havia dúvidas sobre sua capacidade financeira para bancar a aquisição, um negócio de cerca de R$ 600 milhões.
Inicialmente, o Banco do Brasil chegou a capitanear um pool de bancos para levantar os recursos para a CCPR, mas a instituição deixou a operação em função do tempo curto para obter os recursos. Então, em novembro, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) sinalizou que garantiria a recompra da participação na Itambé pela CCPR. O conselho de administração da empresa de desenvolvimento autorizou um aporte de R$ 587,025 milhões, por meio da Codemig Participações (Codepar) para auxiliar a central na recompra. No entanto, a Codemig acabou não fazendo desembolso e a CCPR se financiou com bancos, segundo fontes familiarizadas com o negócio.
Por Alda do Amaral Rocha
As Informações são da Valor Econômico.