Abiove diz que não falta óleo de soja no país e indústria do queijo diz que setor não pode ser penalizado com concorrência de produto subsidiado.
Representantes das indústrias de óleos de soja, queijos e massas reagiram com preocupação, indignação e surpresa diante da isenção do imposto de importação desses produtos até o final do ano. A medida foi anunciada nesta segunda-feira (21/3) pelo governo federal, visando amenizar as pressões inflacionárias resultantes da pandemia, agravadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) disse entender que o objetivo do governo federal é aumentar a disponibilidade do produto no mercado e, consequentemente, gerar uma possível redução do preço do produto para o consumidor, mas ressalta que não há falta de óleo de soja no mercado interno e os preços estão alinhados com a paridade internacional. A entidade acrescenta que, pelas últimas projeções, a produção de óleo de soja nesta safra deve ficar por volta de 9,7 milhões de toneladas, volume superior ao registrado no ciclo anterior.
“Estamos muito preocupados e até indignados porque isso impacta a cadeia toda”, diz Fábio Scarcelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Queijo (Abiq), se referindo aos produtores de leite, distribuidores, indústrias e até supermercados. Segundo ele, o queijo está subindo menos que a inflação e o produtor de leite já está muito pressionado pelos aumentos do milho, soja e transporte. “Não queremos inflação, mas não é possível penalizar um setor, que passa a concorrer com um produto importado que não sabe de onde vem e que pode ter subsídio.”
O Brasil, segundo o dirigente, importa cerca de 49 mil toneladas de queijo, o correspondente a 3% ou 4% do volume comercializado no país.
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A direção da Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi) disse que ainda está consultando suas associadas para se posicionar sobre a isenção. No ano passado, o Brasil importou 26,52 toneladas de massa a um custo de US$ 37,57 milhões ante as 27,37 toneladas do ano anterior.
Para Paloma Venturelli, presidente do Moinho Globo, de Sertanópolis (PR), a medida não traz benefício algum para a comercialização das massas ou para os moinhos, que já estão com suas margens de lucro totalmente espremidas pelo aumento do trigo que chegou a subir 65% no mercado internacional este ano devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. “Certamente, não é esse o caminho”, diz. O moinho Globo processa 600 toneladas de trigo por dia e terceiriza a produção de massas.
Fonte: Globo Rural