Investimentos em Fiagros podem render mais de 12% ao ano

Entre deixar o dinheiro no colchão ou na poupança os Fiagros tem atraído investidores com retorno de até CDI mais 8% ao ano; confira os destaques

Com a promessa de renda mensal e rentabilidade acima do CDI (retorno de 4,42% a.a. em 2021), os novos fundos ligados ao agronegócio – os Fiagros – vêm ganhando espaço na carteira de investidores que buscam retornos e diversificação de recursos. Desde que foi aprovada no meio do ano passado, a Lei 14.130, que dá isenção de imposto de renda (IR) para pessoa física nos ganhos obtidos nesta categoria de investimentos, gestores têm acelerado o lançamento de produtos carregados de papéis mais conservadores, em um primeiro momento, e planejando novos voos para 2022.

Levantamento feito pela Economatica a pedido do InfoMoney mostra quase 30 Fiagros sendo negociados na B3. Muitos já estão distribuindo dividendos mensais, oferecendo retornos na faixa de CDI mais 5% ao ano. Outros chegam a superar o CDI mais 8%, o que tem atraído novos aportes e levado à estruturação de fundos que devem acessar o mercado nos próximos meses.

  • O CDI rendeu 4,42% em 2021. Em termos de comparação, o CDI acumulado foi de 2,75% em 2020, enquanto em 2019 foi de 5,96%.

As regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para os Fiagros permitem que eles sejam criados dentro de três modalidades: eles podem replicar a estrutura dos fundos imobiliários (FIIs), dos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e dos FIPs (Fundo de Investimento em Participações).

Numa primeira leva, o que veio a mercado foram principalmente os Fiagros do tipo FII, carregados de papéis de dívida de empresas do setor agropecuários (CRAs, ou certificados de recebíveis do agronegócio), buscando atingir os investidores individuais. De olho no investidor qualificado, que possui mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras, há Fiagros-FIDC e Fiagros-FIP em desenvolvimento para serem negociados como uma espécie de evolução da categoria.

Para o investidor, isso significa poder aplicar em um dos setores que mais cresce no País, mas cujos ativos financeiros tinham alcance limitado antes do Fiagro. “O investidor hoje acessa o agro por meio de empresas de capital aberto e com a compra de debêntures. Mas as opções são muito concentradas, e o agro é repleto de empresas excelentes”, diz Pedro Freitas, sócio e responsável pelo setor de agronegócio no Investment Banking da XP. “Com o Fiagro, o investidor vai ter oportunidade de acessar o mercado de capitais direto e a empresas que muitas vezes não estão na Faria Lima”.

A XP lançou o seu próprio Fiagro no final do ano passado, o XPCA11, que captou R$ 134,62 milhões, e coordenou à emissão dos Fiagros de outras cinco gestoras, como Riza, Valora, FG/A e Kijani, único que ainda não tem cota negociada na Bolsa.

A XP se prepara também para entrar em Fiagro-FIDC e Fiagro-FIP. “Vamos trazer a mercado essas novas modalidades”, diz Freitas. Por enquanto, o fundo da casa conta com 4,5 mil cotistas e investe em papéis atrelados a dois indexadores de remuneração: CDI e IPCA, com predominância do primeiro, que concentra 84,3% dos ativos. Isso permite remunerar o investidor com rendimentos médios de CDI mais 5% ao ano. O valor patrimonial da cota está próximo a R$ 10.

Retorno com dividendos acima de CDI mais 8%

Surpreendendo o mercado, a FG/A divulgou, na semana passada, o pagamento do que é considerado o mais alto dividendo de um Fiagro até agora. Em sua segunda distribuição mensal, o FGAA11 vai pagar R$ 0,14 por cota, o equivalente a um retorno de CDI mais 8,47% ao ano, acima do que a gestora estimava no roadshow e bem superior ao que outras gestoras estão entregando. As sinalizações iniciais apontavam para um retorno entre CDI mais 3,5% a 4% ao ano.

“Este resultado fortalece o Fiagro da FG/A frente aos outros fundos de crédito do mercado, pois representa um retorno de 18,7% anualizado”, observa Paulo Tarso Fleury de Lima, sócio e gestor do Fiagro da FG/A. O especialista compara o Fiagro a uma espécie de “primo mais novo” dos fundos imobiliários, mas salienta que, na economia real, o agronegócio tem uma força motriz muito maior que a do “primo mais velho”.

“Quando nasce o Fiagro, a chance de investir em um setor que tem prêmio alto, qualidade e crescimento é grande, mas precisa vir acompanhado de um time de gestores que conhece o setor”, afirma Fleury.

Com 2,7 mil investidores e captação inicial de R$ 91 milhões no FGAA11, a FG/A já programa novas emissões para chegar ao final deste ano com R$ 450 milhões e diversificar seus ativos para além do setor sucroenergético, no qual mantém sua atual exposição.

Principais riscos para o investidor

Apesar de neste momento os prêmios pagos pelos ativos do agronegócio serem altos, especialistas alertam que o investidor deve ficar atento à composição e diversificação de cada carteira e à qualidade das garantias apresentadas pelas empresas. O investimento pode financiar um produtor ou um ativo imobiliário. Se, por exemplo, houver aumento de preço de um insumo – como no caso dos fertilizantes importados da Ucrânia – pode haver impacto nos ativos financiados no fundo.

“Entender o risco de rentabilidade da empresa financiada, a qualidade do ativo que ele está financiando e se a garantia dada tem valor de liquidação, é essencial. Entender a perpetuidade da empresa ou do produtor. O CRA é o principal instrumento utilizado nos fundos. Alguns têm garantia, mas outros, não”, observa Flávio Cagno, da Kinea.

Como investir nos Fiagros?

Os Fiagros são negociados no mercado de bolsa da B3, podendo ser acessados por meio das corretoras. Ou seja, para investir em Fiagro é preciso ter conta em uma corretora. O patrimônio do fundo é dividido em cotas, que são colocadas à disposição para negociação no mercado à vista da B3.

Adaptado da InfoMoney

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