“Teremos um inverno bem quente, assim como foi o outono. A tendência é de temperaturas acima da média nos três meses, especialmente com o Sudeste e Centro-Oeste com persistência de marcas acima do normal”; confira a previsão completa
Após um outono marcado por dias quentes e secos, o inverno de 2024, que começa nesta quinta-feira (20 de junho), promete seguir a mesma tendência com temperaturas acima da média e pouca chuva. A nova estação, que se estende até 22 de setembro, começará às 17h51, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Segundo Vinícius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, o inverno deste ano será notavelmente quente. “Teremos um inverno bem quente, assim como foi o outono. A tendência é de temperaturas acima da média nos três meses, especialmente com o Sudeste e Centro-Oeste com persistência de marcas acima do normal”, analisa Lucyrio. Dois fatores principais explicam essas condições climáticas anômalas:
- Persistência dos bloqueios atmosféricos: Esses bloqueios impedem a penetração de massas de ar frio no interior do país, resultando em temperaturas mais altas e extremos de calor mesmo durante o inverno.
- Águas aquecidas do Oceano Atlântico: Estas interferem na atmosfera, alterando os padrões esperados para um inverno típico com La Niña, que geralmente traz frentes frias mais intensas para o Brasil.
Apesar das previsões de um inverno quente, os meteorologistas alertam que isso não significa ausência de dias frios. Curto períodos de frio são esperados, com uma variabilidade térmica maior do que a observada no ano anterior.
O outono foi marcado por bloqueios atmosféricos contínuos que mantiveram temperaturas elevadas no Centro-Sul e impediram o avanço de frentes frias. O fenômeno El Niño, que influenciou fortemente a estação, resultou em recordes de calor em abril e chuvas excessivas no Sul do país em maio. Com a transição para um estado neutro no Oceano Pacífico e a expectativa da chegada do La Niña no segundo semestre, mudanças significativas no clima são esperadas.
O que esperar do inverno?
Os meteorologistas destacam cinco tendências climáticas para o Brasil:
- Ondas de frio e geadas: Apesar das temperaturas acima da média, ondas de frio amplas podem ocorrer, especialmente no Sul, sul do Mato Grosso do Sul e algumas áreas de São Paulo. A possibilidade de geadas e neve é maior entre a segunda quinzena de julho e o início de setembro.
- Ondas de calor: Novas ondas de calor são prováveis no final da estação, especialmente em agosto e setembro, com temperaturas muito acima da média.
- Seca na Amazônia: A região Amazônica enfrentará chuvas reduzidas e um acelerado declínio no nível dos rios até outubro, com condições similares às de 2023.
- Chuvas no Nordeste: Embora julho ainda traga altos volumes de chuva para as capitais do leste nordestino, o pico chuvoso ocorre em junho. A previsão é de volumes entre a média e um pouco abaixo, mas com risco de chuvas expressivas devido às águas aquecidas do Atlântico.
- Queimadas: Com a irregularidade das chuvas e as altas temperaturas prolongadas desde o outono, o solo está mais seco, favorecendo um aumento no número e na extensão das queimadas em relação a 2023.
Chegada do La Niña
Conforme o relatório da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), o Oceano Pacífico está atualmente em fase neutra. No entanto, há uma tendência de resfriamento que sugere a instalação do La Niña nos próximos meses, provavelmente entre a segunda quinzena de julho e o início de agosto. “O La Niña deve começar ao longo do inverno. É provável que ele se instale definitivamente entre a segunda quinzena de julho e o início de agosto”, prevê Vinícius Lucyrio. Este fenômeno, caracterizado pelo resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial Central e Centro-Leste, terá os seguintes efeitos no Brasil:
- Aumento das chuvas no Norte e Nordeste
- Tempo seco no Centro-Sul, com chuvas irregulares
- Maior variabilidade térmica com entrada de massas de ar frio
Tendências climáticas mensais
Julho: Espera-se que seja um dos julhos mais quentes já registrados, com bloqueios atmosféricos mantendo o ar quente no Centro-Oeste e Sudeste. Haverá grandes amplitudes térmicas e baixa umidade do ar, enquanto o Sul e Norte terão temperaturas acima da média e chuvas reduzidas.
Agosto: A previsão é de maior variabilidade térmica no Sul e calor no oeste de São Paulo e Rio de Janeiro. As temperaturas serão predominantemente acima da média, com chuvas um pouco abaixo da média em muitas regiões.
Setembro: A tendência é de novas ondas de calor, com chuvas abaixo da média em quase todo o país. São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro deverão ter maiores amplitudes térmicas comparado ao ano passado.
Dessa forma, o inverno de 2024 no Brasil será atípico, com temperaturas acima da média e pouca chuva, influenciado por fatores climáticos globais como o El Niño e o La Niña. Embora sejam esperadas algumas ondas de frio e condições favoráveis para geadas e neve no Sul, a estação será marcada principalmente pelo calor e pela variabilidade térmica, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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