A busca por modelos de produção sustentáveis que sejam lucrativos, ambientalmente corretos e que atenda o social é uma realidade na Aquicultura
Aquicultura é a produção de organismos em meio em que ao menos um de seus estágios ocorra no ambiente aquático. A atividade aquícola difere da pesca por não ser extrativista, devendo ser realizada de forma sustentável (ou aquicultura responsável) sem degradar o meio ambiente, propiciando renda e benefícios sociais.
A busca por modelos de produção sustentáveis que sejam lucrativos, ambientalmente corretos e que atenda o social é uma realidade. Por outro lado, entende-se por sustentabilidade, a gestão, preservação e conservação da natureza e a orientação tecnológica e institucional, de maneira que preserve a contínua satisfação das necessidades humanas para as futuras gerações.
Em 2018, a aquicultura foi responsável por 52% da produção mundial de pescado, equivalente a 93,08 milhões de toneladas das 179 milhões de toneladas de pescado disponíveis para a alimentação humana. Devido à estagnação da produção pesqueira e ao acelerado crescimento da aquicultura, a produção de organismos aquáticos vem sendo reconhecida como opção para atender à crescente demanda por pescado.
Tal crescimento vem demonstrando cada vez mais a necessidade da implementação de tecnologias que potencializem a produção e minimizem as perdas. Com isso vem surgindo ferramentas tecnológicas que auxiliem em manejos alimentares, monitoramento e sanitários. Tais necessidades levam ao interesse de buscar meios pelos quais nos permita a realizar estes aprimoramentos.
A busca por aumento de produção levou o setor a entrar na era da Indústria 4.0. Trata-se de uma revolução baseada na inclusão de tecnologias como os Sistemas Ciber-Físicos e a Internet das Coisas nos processos produtivos, possibilitando maior autonomia na tomada de decisão, transparência nas relações entre humanos e máquinas.
Com isso a aplicação da zootecnia de precisão torna-se importante para a aquicultura. O conceito de zootecnia de precisão consiste na automatização no monitoramento e tomada de decisões, bem como coleta e registro de dados em tempo real ou não, gerando acurácia, agilidade, comodidade e melhora na qualidade de vida da mão-de-obra operante.
As técnicas de visão computacional permitem automatização do processo de forma não invasiva e econômica. Estudo sobre a aplicação da inteligência artificial em diversas áreas da zootecnia vem sendo realizados. Estes resultados podem ser uteis para automatização de atividades em Laboratórios de Pesquisas, Piscigranjas e Industria.
A alimentadores automáticos, sondas, câmeras e sensores que monitoram e captam informações sobre a qualidade da água e consumo de ração com a utilização da inteligência artificial já foram desenvolvidos, mostrando eficácia nos manejos. Essas tecnologias podem ser aplicadas em sistemas extensivos e intensivos. Em sistemas intensivos, há maior quantidade peixes e oferta de ração por m³, que afetam diretamente na qualidade de água e o desempenho zootécnico. Neste ambiente é mais propício o aparecimento de patógenos, torando-se relevante a aplicação das tecnologias citadas principalmente em sistemas fechados (recirculação).
A IA mostrou-se eficaz experimentalmente para contagem de oócitos de Astyanax bimaculatus (Figura 1). apresentando uma eficácia de 97,19%. Este processo é comumente realizado manualmente por meio amostragem, o que leva tempo e demanda de mão-de-obra especializada, suscetível a erro humano.
Para contagem de larva de tilápia (Figura 2) a IA também mostrou eficiência na contagem, com precisão de 97,30%. Este processo é realizado por meio de estimativa numérica visual, sendo esta uma análise subjetiva, também passível de erro. Dessa forma, o desenvolvimento de softwares e equipamentos para contagens de larvas são relavantes para larvicultura de peixes.
Softwares utilizando inteligência artificial no processo de identificação de espécies de peixes (Figura 3) já foram desenvolvidos. Rede neurais mostraram precisão de 99,54% na identificação de espécies de peixes. A identificação da espécie pode ser realizada por meio da classificação taxonômica e por meio de análises moleculares, o que demanda tempo e custo. A identificação da espécie é importante em diversos setores, dentre eles está a reprodução e alevinagem, cultivo e monitoramento em reservatórios.
Dessa forma, para que a atividade continue crescendo e seja competitiva torna-se necessário o desenvolvimento de novos estudos em outras áreas da aquicultura, bem como o criação de equipamentos e softwares a partir dos resultados obtidos e a disseminação das tecnologias já existentes.
Autores: Hemíllio Borges de Sousa, Adriano Carvalho Costa, Alene Santos Souza, Marco Antônio Pereira Silva e Lessandro do Carmo Lima – IF Goiano
*Referências com os autores
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