Instalações de Compost Barn para gado leiteiro

O Compost Barn é um celeiro de compostagem, ou seja, uma grande área coberta de descanso para os animais, que normalmente possui o chão coberto com serragem ou feno

Estima-se que o ser humano possivelmente deu início as atividades de criação animal para produção há aproximadamente dez mil anos (Zeder & Hesse, 2000). Desde o início das atividades até hoje, o crescimento dos sistemas de produção ocorrem a cada segundo, em destaque para os últimos anos com a integração da tecnologia no campo. Dessa forma, durante anos a preocupação em aumentar a capacidade produtiva foi o ponto chave para atingir as metas de produtividade impostas pelo mercado.

Porém, o questionamento que se faz é:
Qual a preocupação com os aspectos do bem-estar desses animais para se atingir essas metas?

Pois bem, quando voltamos no tempo, vamos verificar que só em 1822, no Reino Unido, tivemos o surgimento da primeira lei em relação ao bem-estar animal (BEA). Desde então, a preocupação com o BEA vem tomando proporções que vão de ponta a ponta na cadeia produtiva dos alimentos. Sendo assim, as empresas rurais, as universidades, órgãos do governo e população tem buscado formas de produção que preservem o BEA, e que sejam realizadas de forma sustentável.

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Tecnologia utilizada para o bem-estar animal / Foto: DeLaval

Sendo assim, alguns produtores começaram a utilizar uma instalação denominada COMPOST BARN ou celeiro de compostagem no ano de 1980, nos Estados Unidos. Apenas nos últimos anos é que o sistema ganhou adeptos no Brasil, e hoje tem crescido a sua utilização desde pequenos até grandes produtores. Porém, apesar de ser crescente a sua utilização, ainda é pequeno o número de pessoas que alcançaram o conhecimento para poder obter eficiência máxima na utilização dessa instalação.

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Figura 2 – Vacas alojadas na instalação do Compost Barn. Fonte: Autor

O Compost Barn é uma instalação, como o próprio nome diz, um celeiro de compostagem, ou seja, uma grande área coberta de descanso para os animais, que normalmente possui o chão coberto com serragem, sobras de cortes de madeira ou feno. Porém, precisamos entender que a instalação é mais complexa do que isso. Para Brito et al. (2009), as instalações devem proporcionar condições de higiene, sanidade e eficiência no manejo, além de simplicidade, para que os custos sejam reduzidos e os animais possam explorar todo seu potencial genético.

Sendo assim, a instalação pode ser feita de forma simples ou ser construída com toda a tecnologia disponível, desde que seja economicamente viável para a realidade da empresa rural. Conforme apresentado na Figura abaixo, observe que a instalação é simples, porém com tecnologias como os ventiladores e pé direito alto, que favorecem o BEA.

Como dito anteriormente, essa instalação possui um ponto fundamental que é o adequado manejo da cama. Por se tratar de um material de compostagem, é preciso que o manejo seja feito de forma correta para evitar as altas temperaturas (acima do recomendado), umidade excessiva nos períodos de chuva, animais sujos e aumento da CBT e CCS do leite.

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Figura 3 – Projeto Compost Barn. Fonte: Fazenda Santa Maria
Sendo assim, é importante que a instalação seja projeta tendo alguns critérios:
  1. Local deve ser escolhido de acordo com a posição do sol, permitir a boa ventilação, pé direito alto e portões de entrada das máquinas para manutenção da cama.
  2. Dimensionamento deve ser feito de acordo com o número de animais que serão alojados, evitando a superlotação.
  3. Escolha do material utilizado na cobertura da cama, observando a sua disponibilidade na região.
  4. Estabelecer cronograma para manutenção da cama, treinamento da mão de obra e disponibilidade de maquinário.

Quando realizamos este planejamento antes da construção da instalação, estaremos minimizando custos e trabalhando de acordo com a realidade da propriedade. Entenda que não existe uma receita ou projeto pronto para ser vendido, cada propriedade possui as suas características próprias.

Depois de finalizada a instalação, é necessário a manutenção com a cama. O manejo consiste no seu revolvimento/revirar do material pelo menos duas vezes ao dia, quando os animais estão na ordenha. Além disso, é necessário realizar a reposição periódica do material.

Quando realizamos a manutenção de forma correta, alcançamos melhorias como:
  1. Aumento da temperatura da cama, redução da umidade e com isso melhoramos o processo de compostagem.
  2. Animais limpos, com redução da CBT e CCS do leite.
  3. Melhoria no BEA, ou seja, animais sem estresse tendem a ter maior produção.
  4. Redução nos problemas de casco e melhorias no escore de locomoção e jarrete.
  5. Maior conforto para os animais, proporcionado pela cobertura da cama.
  6. Diminuição de odores e da incidência de insetos.

Segundo Eckelkamp et al. (2016), o investimento inicial mais baixo em relação ao free stall, podem tornar o sistema compost barn mais atrativo em rebanhos com CCS do leite de tanque inferiores a 300.000 células/mL.

Quando falamos das vantagens da utilização dessa instalação, não podemos deixar de falar sobre os rejeitos. Quando ocorre a retirada do material que passou pelo processo de compostagem, são eles utilizados como adubos nas mais diversas lavouras, podendo também ser utilizado para a geração da bioenergia.

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Para finalizar, a opção dessa instalação é vantajosa em inúmeros aspectos e pode ser utilizada para pequenos e grandes rebanhos de forma a proporcionar um local seco e arejado, durante todo o ano. Além disso, o conforto proporcionado pela cama e a utilização de tecnologias como a escova rotativa e ventiladores, permite que esse animal possa expressar todo o seu potencial genético, aumento a sua produção e melhorando os índices de reprodução.

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