Influenza aviária segue aterrorizando os EUA

Funcionários do governo, cientistas e executivos da indústria avícola acreditam que a enfermidade provavelmente será persistente.

Provocando a morte de cerca de 58 milhões de aves industriais nos Estados Unidos, desde fevereiro de 2021, a influenza aviária segue aterrorizando o país. Em decorrência disto, o preço do peru atingiu seu nível mais alto durante o feriado de Ação de Graças. Os preços dos ovos, posteriormente, também atingiram o seu pico. Entretanto, a indústria de ovos não é a única a sofrer com os impactos da doença.

Os negócios de frango e de peru também correm riscos. Em 2022, depois de alguns meses, os casos de Influenza aviária diminuíram, o quê fez com que os preços voltassem ao normal. Porém, isso não acontece desta vez. Funcionários do governo, cientistas e executivos da indústria avícola acreditam que a enfermidade provavelmente será persistente, o que significa que os preços dos ovos, frangos e perus devem se manter em alta.

Simultaneamente à mortandade de animais por conta da IA, nota-se um acentuado aumento nos custos de mão de obra, de energia e de alimentação para animais, o que já resulta em aumentos nos preços para os consumidores nos supermercados. No ano de 2021, aproximadamente 43 milhões de galinhas morreram nos Estados Unidos, o quê equivale a três quartos do número total de aves perdidas no país. O Departamento de Agricultura informou que os estoques de ovos caíram quase 30% na última semana de dezembro de 2021 em comparação ao início de 2022.

As medidas de proteção para tentar reduzir os impactos negativos têm sido reforçadas pelos grandes produtores e processadores de ovos, como a Versova, a Cal-Maine, a Cargill e a Hickman’s Egg Ranch.

É importante ressaltar que é através do contato com fezes de pássaros selvagens que o vírus se espalha nas granjas. Se um trabalhador pisar nas fezes do animal, fora da fazenda, por exemplo, ele pode infectar os aviários a cada passo. Além disso, abutres, patos selvagens ou outras pragas podem transmitir o vírus através do muco ou da saliva. As granjas possuem processos para lavar e desinfetar os caminhões que transportam a ração para as galinhas. As empresas, além disso, melhoraram a circulação de ar nos galinheiros e exigem que os funcionários usem macacões e botas para cobrir seus sapatos.

Há propriedades rurais que estão instalando canhões de som e sistemas de laser para afugentar aves selvagens sem causar danos a elas, sistemas que funcionam como alarmes de detecção de movimento. Redes também foram colocadas em lagos e em locais onde animais que possam ser transmissores de doenças costumam frequentar.

Foto: Divulgação

No mês de janeiro, devido às novas medidas, houve uma redução significativa nos casos em plantéis comerciais. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontam que houve menos de 500 mil mortes, enquanto em dezembro foram registradas mais de 5 milhões.

A diminuição dos casos da doença não significa que ela desapareceu. Segundo pesquisadores da USDA, o vírus provavelmente voltará às atividades na primavera, pois é quando as aves selvagens migram pelos Estados Unidos.

“A ameaça de infecção contínua existe. Teremos que desenvolver uma maneira de lidar com isso”, afirma Glenn Hickman, executivo-chefe do Hickman’s Egg Ranch, no Arizona.

Possuindo aproximadamente 17 milhões de galinhas poedeiras, a Versova é uma das maiores empresas de processamento de ovos do mundo. Craig Rowles, que supervisiona os protocolos para prevenção de doenças, informou que a empresa está atualizando suas instalações agrícolas para se defender contra surtos. A construção de complexos de galinheiros com barreiras protetoras e entradas que servirão tal como fossos de castelos estão entre as novas medidas.

Quem entra nas instalações da empresa é obrigado a tirar todas as roupas e tomar banho em baias privadas com portas magnéticas que se fecham. Em seguida, eles vestem roupas recém-lavadas antes de entrar no local de trabalho. Em 2015, durante o surto de gripe aviária, somente uma das instalações da Versova estava equipada com chuveiros e outras medidas de biossegurança. Desde então,  J.T. Dean, presidente da Versova, afirmou que a empresa modernizou 10 de suas 13 instalações.

Veterinários também foram contratados e foram mudadas práticas de limpeza de derramamentos de ração para manter afastados os pássaros selvagens. Instalaram-se mecanismos vibratórios nos recipientes com ração para sacudi-las e resolver entupimentos sem envolver pessoas.

As galinhas poedeiras são mais suscetíveis a contrair a gripe aviária uma vez que são mantidas em produção por até um ano, aumentando o risco de infecção em comparação com os frangos de corte, que são criados para carne e abatidos dentro de seis a 10 semanas. A Versova, a partir desta primavera, trabalhará com os serviços do USDA para limpar a área ao redor dos celeiros para reduzir a atração de aves selvagens, segundo funcionários da empresa. O projeto é semelhante à união do USDA com aeroportos para liberar pista. As equipes cortarão a vegetação e colocarão barreiras, além de capturar e mover certas espécies de pássaros.

Funcionários de uma das instalações reformadas da Versova no norte de Iowa notaram, em outubro, um aumento no número de aves mortas em um dos galinheiros. A empresa chamou autoridades veterinárias estaduais para coletar a saliva das aves para um teste. Dean revela que o resultado do teste foi positivo, e um milhão de aves da fazenda foram sacrificadas. Os trabalhadores limparam e desinfetaram cada centímetro das instalações. Os galinheiros precisaram ser aquecidos a mais de 100 graus por vários dias para ajudar a eliminar o vírus.

A Versova levou um ano, após o surto de 2015, para reabastecer as granjas. Desta vez, as instalações de Iowa reabriram em fevereiro após o surto de outubro, segundo Dean. “Tínhamos pessoas com experiência”, disse ele. “Tínhamos todos os nossos materiais prontos, todo o equipamento de limpeza, as lavadoras de alta pressão, fita adesiva, plástico e lona”.

A indústria de ovos como um todo também está se recuperando de surtos de gripe aviária mais rapidamente do que oito anos atrás. Atualmente, o tempo para a recuperação é de cerca de três a seis meses para a maioria das fazendas, enquanto era de seis a nove meses durante os surtos anteriores, de acordo com o American Egg Board, representante de produtores de ovos.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM