Temperatura da água é um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento dos peixes; Brasil é o 4ª maior produtor de tilápia do mundo
A tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) é uma das espécies de peixes importantes na produção nacional e mundial, muito em função da sua alta taxa de crescimento e adaptabilidade em diferentes condições ambientais. O Brasil é o 4ª maior produtor de tilápia do mundo representando sua produção 57% da produção nacional de pescado. A produção de tilápia no Brasil somente em 2019 foi de 432.149 toneladas o que demonstra a sua grande importância para o setor de proteína animal.
O estado do Paraná é o maior produtor de tilápias no Brasil participando com 33,80% do total produzido mesmo possuindo um clima relativamente desafiador para o crescimento ideal das tilápias durante todo o ano.Como acontecem com as espécies de peixes de clima tropical, temperaturas baixas são preocupantes para o cultivo de tilápias. A temperatura da água ideal para as tilápias está na faixa de 27 a 32ºC. Temperaturas inferiores a 16ºC são prejudiciais ao crescimento das tilápias uma vez que param de se alimentar, não se reproduzem a temperaturas inferiores à 18°C dependendo da espécie e podem ocorrer mortalidades em temperaturas menores que 10°C, dependendo da espécie. Tilápias criadas em temperaturas mais baixas, 23 e 26ºC, crescem menos que em temperaturas mais altas, 29 e 32ºC.
Os peixes são considerados pecilotérmicos ou termoconfortantes, ou seja, não mantem a temperatura corporal constante, eles a ajustam em função da variação da temperatura da água. Por isso o controle sobre o ambiente da criação de tilápias é fundamental para maior crescimento, desenvolvimento e maiores ganhos.
Os sistemas de aquicultura de recirculação são os sistemas de aquicultura superintensivos mais tradicionais e difundidos. O sistema oferece para piscicultura altas taxas de densidade utilizando uma série de tratamentos de água com sistema de decantação, filtração física e biológica, entre outros componentes que permitem o reuso da água nestes por meio de um sistema fechado, além de ter a possibilidade de controle sobre a temperatura da água de forma mais fácil do que em tanques escavados. Além disso, esse sistema tem ganho atenção em função de ser ecologicamente correto e sustentável em função de baixas trocas de água.
Recentemente pesquisadores brasileiros e espanhóis através de experimento descobriram que larvas de tilápias criadas em regime de temperatura de água com termociclos, ou seja, altas temperaturas durante a fase de luz do dia (31ºC), e baixas temperaturas de água à noite (25ºC) apresentaram maior crescimento do que as larvas criadas em temperatura de água constante (28ºC). Segundo eles isto pode ser explicado devido a maiores taxas de digestão e melhor eficiência alimentar pois a maioria dos fatores digestivos estavam correlacionados com o horário das refeições, e quanto a proteases, lipases e hormônios.
Logo, esta descoberta pode alterar a forma de condução da criação de tilápias em sistemas de aquicultura de recirculação, pois não é satisfatório a adoção de temperaturas constantes de água, porém deve-se manter temperaturas com baixa amplitude entre os termociclos para melhor resultado zootécnico. Em função disso, a criação de tilápias em sistemas de aquicultura de recirculação com condições de temperatura de água controlada, podem se tornar alternativas viáveis para melhor desempenho e maior produtividade em ambientes desafiadores podendo representar um salto no desempenho zootécnico.
Autores:
■ Matheus Barp Pierozan – Médico Veterinário e mestrando em Zootecnia pelo IF Goiano Campus Rio Verde – GO
■ Adriano C. Costa – Doutor em Zootecnia e professor do IF Goiano Campus Rio Verde – GO
■ Ana Paula C. Gomide – Doutora em Zootecnia e professora do IF Goiano Campus Rio Verde – GO
■ Hortência Ap. Botelho – Zootecnista e Doutoranda em Produção e Nutrição de Monogástricos/UFG
■ Rafaella Machado dos S. de Medeiros – Zootecnista e mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano Campus Rio Verde – GO
■ Isabel Rodrigues de Rezende – Zootecnista e mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano Campus Rio Verde – GO
■ Marília P. Fernandes – Zootecnista e mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano Campus Rio Verde – GO