Crise alimentar mundial: “Se os fertilizantes russos e bielorrussos não chegarem a seus clientes, a safra de grãos de 2022/23 provavelmente terá problemas”.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, que o mundo vive uma verdadeira “tensão no mercado de fertilizantes“. De forma geral, o cenário atual é de grande instabilidade diante das sanções que sofrem a Rússia e Bielorrússia, os principais produtores de fertilizantes do mundo. Agora, as indústrias foram obrigadas a praticamente paralisar suas produções. Confira abaixo as informações e veja o impacto que pode causar no Brasil!
Devido às sanções ocidentais, os produtores russos de fertilizantes foram pressionados a reduzir seus programas de investimento muitas vezes, disse Andrey Guryev, chefe da Associação Russa de Produtores de Fertilizantes (RAPU), durante uma entrevista coletiva em Moscou em 17 de junho.
A falta de equipamentos importados prejudica a produção de fertilizantes na Rússia, admitiu Guryev. Em 2021, a RAPU previu investimentos de mais de 2 trilhões de rublos (US$ 35 bilhões) a serem alocados na expansão da produção de fertilizantes russos ao longo dos próximos anos.
Costumávamos importar fábricas inteiras, mas agora não conseguimos nem mesmo rolamentos e bombas. E isso tudo é visto em todo o país
Andrey Guryev, chefe da Associação Russa de Produtores de Fertilizantes
Agora, segundo as informações preliminares, devemos observar um mercado global de fertilizantes sendo afetado. Essa notícia deverá trazer um impacto nos preços, elevando as cotações dos insumos, principalmente diante da grande demanda por parte de importantes produtores de alimentos do mundo como a Inglaterra, EUA e outros.
Brasil garantido para receber fertilizantes russos
O presidente Jair Bolsonaro foi garantido pelo presidente russo, Vladimir Putin, de que o Brasil receberá um fornecimento ininterrupto de fertilizantes para seu setor agrícola. O compromisso foi reforçado durante uma conversa telefônica confirmada por Bolsonaro nesta segunda-feira (27) e motivou um pronunciamento oficial do governo russo.
“Os problemas em torno da segurança alimentar global foram amplamente discutidos. O presidente russo fez uma avaliação detalhada das causas da difícil situação que o mercado mundial de produtos agrícolas e fertilizantes enfrenta. Ele enfatizou a importância de restaurar a arquitetura do livre comércio de produtos alimentícios e fertilizantes, destruída pelas sanções ocidentais. Nesse sentido, Vladimir Putin ressaltou que a Rússia está empenhada em cumprir suas obrigações de garantir o fornecimento ininterrupto de fertilizantes russos aos agricultores brasileiros”, afirmou o governo Putin.
O Brasil consome 8% da produção mundial de fertilizantes – estimada em 55 milhões de toneladas –, mas importa 85% dos insumos utilizados pelo agronegócio, principalmente da Rússia, que enfrenta um forte embargo econômico imposto pelos EUA, países da Europa Ocidental e Japão, como resultado da invasão militar na Ucrânia.
Exportações de fertilizantes são atingidas
Além disso, as restrições ocidentais prejudicaram severamente a exportação de fertilizantes da Rússia e da Bielorrússia, disse Guryev, sugerindo que os fertilizantes devem ser reconhecidos como bens humanitários para mitigar uma crise alimentar global.
“Os problemas que nós, produtores de fertilizantes na Rússia, enfrentamos são, na verdade, sanções setoriais. As 4 maiores empresas que operam na Rússia, mais a [produtora de fertilizantes da Bielorrússia] Belaruskali, não podem fornecer totalmente seus produtos aos países em desenvolvimento”, disse Guryev, explicando que, entre outras coisas, os exportadores russos enfrentam problemas com a cobrança de pagamentos por mercadorias entregues decorrentes das sanções contra o setor bancário russo.
Colheita em risco
Se os fertilizantes russos e bielorrussos não chegarem a seus clientes, a safra de grãos de 2022/23 provavelmente terá problemas, disse Guriev. Isso desencadearia uma tremenda crise alimentar, acrescentou.
A falta de fertilizantes russos no mercado global não apenas causou um aumento nos preços, mas também resultou em sua escassez em alguns lugares do mundo. Guriev estimou que as sanções reduziram quase pela metade as exportações russas de fertilizantes. Antes da crise da Ucrânia, o país exportava cerca de 3 milhões de toneladas de fertilizantes mensalmente.
A logística está sob escrutínio
Os produtores de fertilizantes russos têm lutado para reconstruir a logística, redirecionando o comércio para a ferrovia e pequenos navios, já que grandes transportadores de carga marítima suspenderam as ligações aos portos marítimos russos.
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“As empresas não restauraram as exportações. As coisas diferem de empresa para empresa e de produto para produto”, disse Guryev, estimando que desde o início do ano as exportações russas de fertilizantes caíram 20% na comparação ano a ano.
“Se as empresas conseguirem lidar com a pressão das sanções e iniciarem os embarques normais, atingiremos um nível normal de exportação até o final do ano. Espero que tenhamos sucesso porque hoje muito esforço está sendo feito para bater esse objetivo”, acrescentou.
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