Pesquisa da Scot Consultoria constata que frigoríficos vêm pagando espontaneamente ágio para pecuaristas que trabalham com a raça
Uma pesquisa realizada pela Scot Consultoria em 20 estados brasileiros constatou que a indústria frigorífica vem pagando espontaneamente ágio para pecuaristas que trabalham com a raça Senepol. O levantamento ocorreu entre os meses de agosto e outubro de 2017 e envolveu 304 produtores rurais dos segmentos de cria, recria, engorda e ciclo completo.
Dos entrevistados que opinaram sobre o pagamento de ágio, 73,2% confirmaram receber a bonificação. Os maiores ágios foram verificados nas vendas de novilhas (média de 23%), boi magro (18%) e bezerro (17,1%).
“O resultado comprova que a raça tem boa aceitação no mercado. A indústria está pagando de forma espontânea ágio pelo meio-sangue Senepol, mesmo sem a existência de um programa oficial de bonificação nos frigoríficos.”, destaca o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.
Como os confinamentos devem continuar investindo em animais cruzados em 2018, elevando a procura por boi magro, Torres acredita que o Senepol tem condições de atender bem a esse mercado em decorrência dos índices zootécnicos apontados pelos entrevistados como grandes diferenciais da raça. Um exemplo é o maior ganho de peso dos bezerros. “Os animais meio-sangue Senepol chegam a engordar quase uma arroba por mês durante a fase de cria e, na hora da venda, o produtor obtém uma diferença de peso de mais de uma arroba por animal em comparação a outras raças.”, explica.
Segundo a pesquisa, entre as fêmeas Senepol, a média de peso a desmama foi de 229,2 kg contra 207,3 de outras raças. A média de peso a desmama registrada para os machos meio-sangue foi de 244 kg contra a média de 224,3 kg de outras raças.
A Scot Consultoria ainda detectou uma redução de ciclo de abate nos sistemas que utilizam meio-sangue Senepol. As fêmeas atingem peso de abate quase seis meses antes das de outras raças. Entre os machos meio-sangue Senepol, a idade média ao abate é quase cinco meses menor.
“É uma raça jovem, com apenas 17 anos de seleção no Brasil, mas precoce e que vem conseguindo atender as exigências modernas de mercado em relação à sustentabilidade, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. E isso não é um achismo dos produtores. Com a pesquisa, a raça passa a ter um dado científico importante que norteará com segurança futuras decisões da ABCB Senepol.”, revela o diretor da Scot Consultoria.
Segundo ele, o resultado será fundamental, por exemplo, para o desenvolvimento de projetos de certificação da carne Senepol junto à indústria frigorífica que sejam capazes de atender tanto nichos específicos, como o de carnes nobres, quanto o mercado em geral.
“Nos grandes centros urbanos, a maior parte da população, até mesmo as crianças, almoçam fora de casa, gerando uma demanda maior por carne bovina. O desafio do Senepol será consolidar sua marca nesses dois mercados, trabalhando não apenas os cortes nobres, mas a carcaça como um todo.”, diz Torres.
De acordo com o presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosara Gustin, a pesquisa será utilizada em vários projetos dentro do Programa de Melhoramento Genético do Senepol (PMGS).
“Ficou comprovado que o Senepol realmente agrega valor aos produtos de cruzamento. Tanto é que 93,2% dos entrevistados que responderam a pesquisa disseram ter a intenção de continuar utilizando animais Senepol puros ou cruzados em seus sistemas de produção.”, garante Gustin.
A pesquisa apontou ainda que as raças mais utilizadas em cruzamentos com Senepol foram, respectivamente, Nelore e Angus. O Senepol também tem sido bastante utilizado em Tri-cross, especialmente em cima das bases F-1 Nelore x Angus. Outros indicadores zootécnicos relevantes relatados pelos entrevistados foram precocidade e docilidade.
Fonte: ABCB Senepol