Ele considerou que será possível avaliar impacto efetivo do Ian para a safra da Flórida, e eventualmente para as exportações do Brasil, apenas mais adiante.
A indústria de suco de laranja do Brasil, maior produtor e exportador global, monitora o impacto do furacão Ian na Flórida, importante área citrícola dos Estados Unidos, e avalia que no momento ainda não é possível estimar eventuais efeitos para as exportações brasileiras.
“Não dá pra saber o impacto, nesses casos de furacão, só depois que passa. Tenho conversado com pessoas na Flórida, está todo mundo recolhido, não sei se alguém já sabe a extensão, se é que houve dano (aos pomares)”, disse o diretor-executivo da associação de exportadores brasileiros CitrusBR, Ibiapaba Netto.
Cauteloso, ele avaliou como normal a especulação em torno de impactos para a safra dos EUA, que elevaram as cotações do suco de laranja congelado e concentrado na bolsa ICE em quase 7%, desde segunda-feira.
Ele considerou que será possível avaliar impacto efetivo do Ian para a safra da Flórida, e eventualmente para as exportações do Brasil, apenas mais adiante.
Segundo analistas dos EUA, é provável que o furacão Ian tenha piorado o que já se esperava como a menor safra de laranja dos EUA em 55 anos, depois que uma grande área de produção foi atingida.
Apesar de evitar fazer projeções por ora, Netto lembrou que quando o furacão Irma atingiu a Flórida, em 2017, houve posteriormente forte demanda pelo suco brasileiro.
Em 2017/18, a exportação de suco de laranja do Brasil cresceu 28,6% ante a temporada anterior, para 1,15 milhão de toneladas, sendo até hoje a maior desde 2009/10.
“Quando deu o Irma, derrubou 50% da safra da Flórida que já era pequena. Mas era bem maior do que a atual… O que aconteceu: as previsões eram de que ia demorar de quatro a cinco anos para os pomares se recuperarem, e na safra seguinte eles se recuperam”, comentou.
Com o aumento dos estoques nos EUA com o produto importado do Brasil, no ano seguinte a exportação brasileira caiu para 925,8 mil toneladas, para todos os destinos –normalmente, a União Europeia é o principal cliente do Brasil, seguida pelos EUA–, segundo dados da CitrusBR.
Na última safra, os EUA responderam por cerca de 20% das exportações brasileiras de suco. No momento atual, acrescentou Netto, a produção da Flórida está em pior situação do que na época do Irma, o que pode agravar a condição de oferta.
Se os pomares sofrerem impacto, a chance de recuperação é menor do que em 2017, admitiu o diretor da CitrusBR.
Antes do furacão, já se esperava que a produção de laranja da Flórida fosse fraca, pois as áreas plantadas vêm caindo anualmente devido à expansão imobiliária e à disseminação do greening, doença que afeta de forma drástica a produção.
Passagem de furacão na Flórida deixa citricultores em alerta
A citricultura da Flórida, bastante fragilizada pelos impactos do greening, está sendo ameaçada pela passagem do furacão “Ian” pelo estado norte-americano. Segundo o National Hurricane Center, o fenômeno atingiu o solo da Flórida nessa quarta-feira, 28, sendo, naquele momento, classificado como categoria quatro, mas, agora, já diminuiu a intensidade, e passou a ser considerado como tempestade tropical.
Ainda assim, essa tempestade deve ser uma das mais fortes a atingir o estado. Inundações de diferentes intensidades poderão acontecer, principalmente no centro da Flórida, além de ventos fortes, condições que podem trazer danos à citricultura local.
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Pesquisadores do Cepea indicam que alagamentos resultam em apodrecimento das plantas, e os ventos tendem a derrubar frutas, folhas e até mesmo árvores inteiras, como ocorreu em 2017 com a passagem do furacão Irma. Vale lembrar que a colheita da atual safra 2022/23 da Flórida está próxima de ser iniciada, com as atividades previstas para meados de outubro.
Fonte: Cepea / Reuters
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