Indubrasil uma raça genuinamente brasileira

O Portal Compre Rural entrevistou o Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil, conheça as curiosidades da raça!

A raça Indubrasil é uma raça genuinamente brasileira, nasceu inicialmente do cruzamento do Guzerá com o Nelore e com acabamento no Gir. Conhecida pelas orelhas grandes e porte elevado, o auge da raça foi nas décadas de 20 e 30. Para conhecer um pouco mais sobre ela, o portal Compre Rural entrevistou o pecuarista e Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil e da marca IRCR, Roberto Fontes de Goes.

A família de Roberto cria a raça há 70 anos e, faz 20 anos que – após o falecimento do pai – ele deu continuidade a produção na Fazenda São José, em Riachão do Dantas (SE).

Segundo ele a raça foi iniciada na cidade de Uberaba em Minas Gerais tanto que no começo foi intitulada de Induberaba, mas com o tempo e a dimensão com que a raça foi tomando no Brasil todo, foi decidido trocar o nome para Indubrasil para representar todo o território nacional e a origem da raça que era da Índia e do Brasil, uma heterose das três raças.

  • Anteriormente, devido aos núcleos de formação e criação da raça, três nomes: Induberaba (de Uberaba, Conquista e região), Induaraxá (de Araxá, Pratinha, Ibiá, Campos Altos) e Indubahia (da Bahia, e que tinha uma “pitada” a mais de genética Nelore que os outros dois).
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Foto: Sítio Tio Fiorindo

O tipo Indubrasil foi sendo formado sem uma receita de x% de Gir, y% de Guzerá e z% de Nelore. O selecionador, a cada geração, punha um reprodutor que pudesse dar bezerros mais próximos da morfologia “imaginada” de “puro Zebu”.

Durante a VII Exposição Nacional de Animais e Produtos Derivados, em Belo Horizonte (MG), no Parque da Gameleira, em 17/07/1938, foram registrados (marcados) os primeiros animais de cada raça, machos e fêmeas. Do tipo Indubrasil, ambos pertencentes ao criador João Machado Borges. O touro Torneio e a vaca Selecionada. O primeiro, marcado pelo presidente da república Getúlio Vargas, e a vaca, pelo governador de Minas Gerais, Benedito Valadares.

O objetivo inicial era criar um animal com boa carcaça para a produção de carne, porém, com os novos cruzamentos e a entrada do Gir veio a tendência leiteira e a dupla aptidão para corte e leite.

Os problemas do passado como bainha e prepúcio muito pendulosos nos machos e o nascimento de bezerros extremamente moles, que fizeram o indubrasil perder mercado, já estão superados.

Hoje, espalhados por todos os cantos do Brasil e do exterior, o que vemos são planteis com animais extremamente modernos e produtivos. Existem importantes planteis de Indubrasil localizados no Rio Grande do Sul, Ceará, Minas Gerais, Sergipe, São Paulo, Bahia. Trabalhando fortemente os animais com pressão de seleção focada em rusticidade, produtividade e longevidade.

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Vaca Indolando / Foto: Divulgação

“Eu resolvi fazer o cruzamento da minha vaca Indubrasil com o Holandês então nós criamos hoje uma raça autorizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) o Indolando. E, para surpresa nossa, deu excelentes matrizes leiteiras, animais meio sangue dando uma produção de mais de 20 litros de leite no ápice da raça”, contou Goes.

Cientes de todas essas virtudes, os criadores de indubrasil iniciaram nos últimos tempos um movimento grande na raça, incentivando a participação cada vez maior dos criadores no PMGZ da ABCZ, e com isso aferindo o controle de desenvolvimento ponderal e também nas fêmeas as lactações, experiência essa que tem nos deixados muito animados.

São várias as matrizes ultrapassando os três e quatro mil quilos de leite em manejo absolutamente racional, inclusive com ordenha mecânica. Isso é muito para uma raça de dupla aptidão que vem aferindo esses dados oficialmente não há muito tempo.

Futuro da raça Indubrasil

O pecuarista conta que, com a expansão na década de 60 e 70, o governo brasileiro resolveu abrir a transamazônica para as fazendas e com ela veio o crescimento do Nelore. E, juntamente com esse acontecimento, por volta dos anos 80, mais ou menos, os produtores da raça Indubrasil já tinham idade e começaram a morrer.

“Infelizmente seus herdeiros não quiseram continuar, então houve uma queda muito grande e hoje através do nosso trabalho trazendo aqueles saudosistas da raça para dar continuidade ao trabalho”, destacou.

Segundo ele, a associação está realizando um trabalho com o objetivo de reunir os criadores da raça para realizar prova de ganho de peso. Além disso, na gestão da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), foi pedido para que animais com padrão racial Indubrasil tivessem registro Puro de Origem (PO), e com isso houve um crescimento muito grande.

“Após isso, já registramos mais de duas mil cabeças da raça. E estão começando a aparecer a todo momento, houve um aumento do rebanho no Brasil. Como o Brasil é muito grande, temos criadores do Ceará ao Rio Grande do Sul”, explicou.

Tendo como principal característica física da raça as orelhas longas e pendentes, o Indubrasil possui um temperamento dócil comprovado em todos os criatórios.

“É um animal muito manso. Temos animais imensos, porém sem controle, por isso incentivamos o registro da raça. É um animal com boa carcaça, carne de qualidade excepcional e imbatível nos cruzamentos”, finalizou.

O Indubrasil foi, sem dúvida, o grande “relações públicas” do Zebu. Ele abriu fronteiras pelo seu biotipo tropical e fez o marketing para o avanço das raças zebuínas.

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