Um 2017 ótimo, mesmo em ano turbulento. E um 2018 ainda mais promissor, com importante novo comprador. O frango verde-amarelo não poderia querer mais.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou relatório com parecer favorável ao Brasil no painel movido contra a Indonésia em relação às medidas restritivas impostas pelo país asiático contra as importações de carne de frango. A OMC concordou com os argumentos apresentados pelo Brasil e vai recomendar à Indonésia a alteração da legislação e das práticas que bloqueiam as importações de carne de frango brasileira.
“Desde 2008 temos tentado, sem sucesso, negociar a abertura do mercado com as autoridades indonésias. Realizamos diversas missões com este objetivo. É uma vitória fundamental, que deve impactar positivamente no desempenho das vendas de carne de frango em 2018”, ressaltou o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
A Barral M Jorge Consultores Associados deu suporte à ABPA neste processo, apoiando o Ministério das Relações Exteriores com estudos e outros subsídios.
Os Indonésios ainda terão um prazo de 60 dias para apresentar o pedido de apelação, que será analisado pelo Órgão de Solução e Controvérsias da OMC. A expectativa é que o processo seja concluído em até seis meses.
O Brasil é, hoje, o maior produtor e exportador de frango halal do mundo. Um terço de tudo o que o país exporta é direcionado ao mercado islâmico. Em 2016, apenas o Oriente Médio, principal destino dos embarques brasileiros, importaram 1,57 milhão de toneladas, gerando receita superior a US$ 2,3 bilhões.
Com população de maioria muçulmana (quase 90% dos 260 milhões de habitantes) a Indonésia é um dos mercados com maior potencial de crescimento no consumo de proteína animal mundial. Cada habitante do país asiático consome, em média, 6,3 quilos do produto por ano. No Brasil, este índice chega a 41 quilos per capita. O mercado indonésio é atualmente fechado para as importações de carne de frango. Toda a sua produção é direcionada ao mercado doméstico. Em 2016, foram 1,64 milhão de toneladas produzidas. “Com o avanço econômico, a tendência é de incrementar o consumo de proteína animal. Neste contexto, queremos nos consolidar como parceiros para a segurança alimentar da Indonésia, ocupando espaços que hoje estão abertos, complementando a produção local”, ponderou Turra.
EXPORTAÇÕES
As vendas externas de carne de frango in natura e processada alcançaram 387,5 mil toneladas em setembro, volume 0,2% superior ao total embarcado no mesmo mês do ano passado (386,9 mil toneladas). A receita foi de US$ 640,757 milhões, 0,1% superior ao registrado em setembro de 2016 (US$ 640,024 milhões). No acumulado do ano, o desempenho das vendas segue positivo, com US$ 5,526 bilhões em nove meses de 2017, 5,5% maior do que os US$ 5,238 bilhões registrados no ano passado.
Em volume, a diferença manteve-se em 70 mil toneladas. Ao todo, foram exportadas 3,309 milhões de toneladas nos nove meses de 2017, número 2,1% menor em relação às 3,379 milhões de toneladas embarcadas entre janeiro e setembro de 2016. “As vendas para a África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Catar e México contribuíram para o bom desempenho mensal das vendas de carne de frango”, analisou Francisco Turra.
PREÇOS
A boa performance lá fora está contribuindo para altas nos preços internos do frango inteiro congelado. A participação deste produto (in natura) nos embarques totais neste ano é de 93,8%, o que contribui para a sustentação dos valores aqui dentro. No atacado do estado de São Paulo, o frango inteiro congelado in natura começou outubro se valorizando expressivos 9,7%, com média de R$ 3,69/kg. Já o frango resfriado, que tem baixa representatividade nas vendas externas, subiu 2,7% na mesma praça e no mesmo período, ficando em R$ 3,54/kg. Os preços dos ovos comerciais começaram o último bimestre estáveis, refletindo a menor oferta dos concorrentes no mercado.
As altas nos preços do pintainho de corte confirmam a menor influência de outros tipos de ovos no mercado, já que eles são geralmente destinados à produção desses animais. Apesar do cenário de estabilidade, os valores dos ovos praticados atualmente seguem acima dos patamares observados no mesmo período do ano passado.
Por FAESC