Segundo o head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta, esse aumento no índice pode ser explicado pelo fato de o levantamento mais recente englobar todo o Brasil.
A inadimplência do produtor rural do Brasil atingiu 27% em novembro de 2022, um índice ainda abaixo do registrado para a população geral brasileira, com integrantes do setor agrícola beneficiados por bons preços e pela firme expansão do agronegócio do país, de acordo com levantamento realizado pela Serasa Experian e divulgado nesta quinta-feira.
Apesar de o índice de negativados no segmento agropecuário ter crescido ante os 15,9% apurados em um primeiro levantamento da Serasa divulgado em agosto de 2021, a inadimplência do produtor rural ainda é muito menor quando comparada com a taxa da população adulta em geral, de 43%.
Segundo o head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta, esse aumento no índice pode ser explicado pelo fato de o levantamento mais recente englobar todo o Brasil, enquanto cerca de dois anos atrás envolvia apenas agricultores em sete importantes Estados produtores.
“Agora a amostra engloba 27 Estados. No primeiro estudo, pegou mais os Estados exportadores, onde a demanda é maior, que em geral tem mais condições de superar crises climáticas, por exemplo. Em Estados mais voltados para o consumo interno tem variações maiores”, explicou Pimenta, indicando que em áreas menos importantes para o setor há maiores índices de inadimplência rural.
O dado apurado é importante indicador na concessão de crédito por empresas revendedoras de insumos, tradings e bancos, que em geral monitoram a inadimplência para estabelecer os juros dos financiamentos ou fechar negócios. Mas a Serasa também está expandindo serviços no setor agropecuário com produtos que monitoram outros riscos, ligados a aspectos socioambientais, em momento em que cresce o escrutínio sobre melhores práticas agrícolas.
Pimenta lembrou ainda que a inadimplência é um fator financeiro que acontece em todas as áreas, mas que com a força da economia agropecuária do Brasil os produtores têm maiores condições de evitar a negativação, já que o setor continua expandindo.
Os dados do estudo revelaram ainda que, em novembro de 2022, a região Sul registrou a menor fatia de negativação rural, com 14,8%, sendo seguida pelo Sudeste (24,4%), Centro-Oeste (30,4%), Nordeste (32,9%), e Norte (38,4%).
Em nível estadual, a inadimplência dos produtores rurais se mostrou maior do que a da população geral somente no Maranhão e em Roraima, com índices de 41,5% e 50%, respectivamente. Em Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil a negativação entre aqueles envolvidos com o agro é de aproximadamente 33%, versus cerca de 49% no geral.
No levantamento, foram analisados cerca de 9 milhões de perfis de pessoas físicas donas de propriedades rurais e/ou que possuem empréstimos e financiamentos da modalidade rural e/ou agroindustrial.
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“Agro Score”
O índice de inadimplência não é mais apenas o único indicador a ser considerado pelas empresas e bancos que concedem crédito aos agricultores.
Seguindo esta lógica, a Serasa oferece o chamado “Agro Score”, que avalia também a performance das terras dos produtores ao longo dos últimos anos, da safra e também o cumprimento de regras socioambientais, além de questões de inadimplência.
“O Agro Score é um rating de risco para os próximos 12 meses desse produtor ficar inadimplente, considerando não só a capacidade de pagamento”, destacou Pimenta.
Segundo a Serasa, a avaliação pelos credores que utilizam a inteligência do Agro Score para mitigar riscos de inadimplência fez crescer em até 46,2% a possibilidade de concessão de crédito aos produtores rurais que possuem nota acima de 500 pontos.
“Se com o modelo tradicional utilizado pelo mercado, cerca de 61,1% desses trabalhadores teriam acesso a um crédito de qualidade, a expertise do Agro Score foi capaz de aumentar esse percentual para até 89,4%”, disse o executivo.
A Serasa entrou no segmento do agronegócio após parcerias com exportadores de soja e café, que buscavam evitar inadimplência e o descumprimento de contratos por produtores.
Mas, segundo Pimenta, nesse ambiente em que questões socioambientais na análise de crédito também ganham importância relevante, a empresa ampliou em 20 vezes sua operação no agro em 24 meses, a partir do momento que passou oferecer mais serviços ao agronegócio.
Fonte: Reuters
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