Na busca incessante pela Pecuária Intensiva listamos as características que são buscadas nos animais produzidos hoje em dia e a importância do ultrassom para avaliar esses fatores.
Devido às exigências atuais e futuras do mercado de carne brasileiro, há necessidade de se produzir animais que tenham boa qualidade de carcaça, com máximo de cortes comercializáveis e boa cobertura de gordura.
Neste sentido, a avaliação de carcaça de animais “in vivo“, visando estimar sua qualidade, é importante, podendo trazer diferenciais de remuneração aos criadores. Estudos mostram que quanto maior a área de olho de lombo (AOL), maior será o rendimento da carcaça em cortes comercializáveis e que a espessura de gordura subcutânea é de suma importância para os atributos qualitativos da mesma.
Uma das técnicas utilizadas para obtenção das medidas de espessura de gordura subcutânea (EGS) e de área de olho de lombo (AOL) é a ultra-sonografia.
Ultrassonografia de carcaça bovina na prática
Como o peso por si só não determina adequadamente o valor de um animal produtor de carne, há uma busca por tecnologias e mensurações que indiquem com maior precisão a composição da carcaça. Nesse contexto a ultrassonografia para avaliação de carcaça consolidou-se como técnica viável, não invasiva, não destrutiva, acurada e de custo aceitável para esta função.
As características de carcaça apresentam herdabilidades moderadas a altas, indicando possibilidade de melhorias genéticas pela seleção de fenótipos superiores. Graças à crescente preocupação com o valor quantitativo e qualitativo da carcaça e à possibilidade de melhoramento genético dessas características, a ultrassonografia de carcaça já é utilizada com sucesso em programas de melhoramento genético de ovinos, bovinos, suínos, caprinos e aves.
As medidas de ultrassom possibilitam o conhecimento do nível de musculosidade, da gordura de acabamento e do grau de marmorização da carne através da mensuração no animal vivo da AOL (área de olho-de-lombo), EGS (espessura de gordura subcutânea) e MAR (marmoreio), respectivamente.
Classificação de carcaças bovinas através da espessura de gordura
Verificar a distribuição e quantidade de gordura de cobertura, em locais diferentes da carcaça (a altura da sexta, nona e décima segunda costelas, na região lombar e no coxão)
Estudo de caso: Novilhas Brangus submetidas a ultrassonografia
Acompanhamos o trabalho de avaliação de AOL, EGS e MAR de Mauricio Garcia de Almeida (SAGA Bragus), pecuarista em Chapadão do Céu que faz melhoramento genético da raça Brangus no estado do Goiás.
“O momento da Pecuária é muito bom, e ressalto a importância do ultrassom na avaliação dos animais para quem faz melhoramento genético. O trabalho é feito com animais jovens a pasto em um grupo contemporâneo, isto é, o grupo ficou juntos desde aleitamento materno nas mesmas condições de pastagens, intempéries e nutrição pois acreditamos que nossos reprodutores devem ser selecionados para trabalhar nessas condições, não em confinamento. Assim, não importa tanto os valores absolutos, e sim a comparação dos indivíduos nas mesmas condições” comentou Maurício.
“Nos Estados Unidos, todos animais Brangus são avaliados por ultrassonografia de carcaça, já na raça Angus fazem mais de 25 anos. A visão deles é de não produzir bois, mas sim carne e querem atender da melhor maneira possível o consumidor final. Aqui no Brasil, somos os únicos produtores de reprodutores Brangus que faz seleção utilizando ultrassom em todo o rebanho. Começamos em 2015, já tivemos um bom avanço, mas pelo ciclo pecuário ser longo, esses avanços não acontecem da noite pro dia. E o que importa é estar no rumo certo” completa Maurício.
Confira mais algumas pontuações de Maurício:
– Vou dar um exemplo, estou engordando algumas novilhas com sangue Wagyu sobre mães Brangus, para teste. Todas filhas do mesmo pai, mas engordadas de forma diferente. As que estão a pasto estão com 3,5 de marmoreio na média. Nas que estão confinadas, a média é 5.
– Contudo, a seleção que realmente tem valor é nessa idade mais jovem e com os animais nas mesmas condições. Escolher os melhores, os mais equilibrados, mas sabendo que só vão expressar o potencial total (leia-se números absolutos) em idade adulta ou em engorda avançada. Além disso, um animal para se tornar touro (pelo menos aqui para nós!) tem que ter uma série de outros atributos, de desempenho mas também reprodutivos e de aprumos. Por exemplo, já tivemos garrotes que tinham excelente marmoreio (acima de 4) mas perímetro escrotal bem pequeno.
– Gostaria de deixar esse vídeo dessa nossa novilha que mostra que estamos no caminho certo. Além de excelente desempenho em ganho de peso e precocidade, ela teve aos 18 meses totalmente a pasto, mais de 70 cm2 de Área de Olho de Lombo e mais de 5 de marmoreio (acima das Wagyu que estão no confinamento!)
Nelore também tem marmoreio
Recentemente foram feitas medições de ultrassom de carcaça ao sobreano na Fazenda Sucuri em animais da raça Nelore onde foi constatado ótimo marmoreio, números surpreendentes pois essa característica não é padrão de raças zebuínas. Algumas frentes da Pecuária brasileira afirmam que essa característica não deveria ser buscada na raça, um dos casos é o renomado Prof. José Bento Ferraz, da USP de Pirassununga.