O saldo da balança comercial de lácteos foi de -61 milhões de litros em equivalente leite no mês de julho, um aumento de 18% no déficit quando comparado a jun/21.
Segundo dados divulgados nessa quarta-feira (04/08) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos foi de -61 milhões de litros em equivalente leite no mês de julho, um aumento de 18% no déficit quando comparado a jun/21.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o saldo foi menos negativo, sendo que o valor em equivalente leite no mês de jun/20 foi de -85 milhões de litros. Confira a evolução no saldo da balança comercial láctea no gráfico 1.
Em julho, as importações tiveram um leve aumento; 72,5 milhões de litros (equivalente) de leite foram internalizados, representando uma alta de 3% em relação a junho/21. O novo aumento nas importações foi reflexo, principalmente, do aumento nos preços internos e de menores preços dos produtos internacionais.
O aumento (dos preços nacionais) vem tornando o produto importado mais competitivo: a média do preço nacional do leite spot coletado pelo MilkPoint Mercado em julho foi de R$ 2,43/litro; enquanto o leite importado foi internalizado a um preço médio equivalente de R$ 2,37/litro – considerando o valor médio do leilão GDT em julho (US$ 3.797/ton – leite em pó integral) e a média do dólar no mês de jul/21 (R$ 5,16).
Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em julho, temos o leite em pó integral, leite em pó desnatado e os queijos, que juntos representaram 78% do volume total importado. Já o doce de leite, iogurtes e o soro de leite foram os produtos que apresentaram maior aumento nas importações em relação ao mês anterior – um incremento de 121%, 96% e 76% respectivamente.
Já o volume exportado em junho foi de 11,4 milhões de litros de leite (equivalente), decréscimo de 40% em relação a junho. No entanto, em relação ao mesmo período do ano passado, tivemos ainda um crescimento de 9,6%.
Além dos preços internos mais altos, a baixa disponibilidade interna de leite — comum a esta época do ano — desfavorecem a possibilidade de exportação dos produtos brasileiros. No acumulado do ano foram exportados 98 milhões de litros em equivalente leite, contra 55 milhões em litros equivalentes do mesmo período em 2020.
Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite condensado, o creme de leite e o leite UHT, que juntos, representaram 55% da pauta exportadora e tiveram variações de 9%, 54% e 3% em relação a junho/21, respectivamente.
Um produto que apresentou forte aumento de exportações em janeiro foi o leite em pó desnatado (+226%), embora o volume vendido ainda não seja tão significativo. Em compensação, o leite em pó integral e a manteiga tiveram queda no volume exportado.
A tabela 2 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de julho deste ano.
O que podemos esperar para os próximos dias?
Bom, considerando os resultados do leilão GDT desta terça-feira (03/08) (US$ 3.598/ton — leite em pó integral) e o fechamento do dólar no dia 03/08/21 (R$ 5,16), chegamos a um preço interno máximo de R$ 2,03/litro para que as exportações continuem competitivas.
Ao compararmos esse valor com o preço spot na primeira quinzena de agosto (R$ 2,47/litro) e, também, com o preço do leite pago ao produtor no mês de julho—fechado na média de R$ 2,31/litro (CEPEA/ESALQ) —, conclui-se que a venda do leite brasileiro no exterior não é mais atrativa.
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Por outro lado, se considerarmos os mesmos valores para conta, chegamos em um preço máximo a ser pago para importação do leite de R$ 2,23/litro — o que provavelmente vai sustentar um aumento nas importações para os próximos meses
No entanto, sabemos que o mercado de leite brasileiro é cheio de detalhes, sendo influenciado por uma série de relações de causa e efeito entre os diferentes elos da cadeia — sejam eles aqui dentro do Brasil ou lá fora.
Fonte: Milk Point