A implantação da IATF traz um retorno econômico de 25,0% para a fazenda

Durante o dia 2/10 e a manhã do dia 3, em Ribeirão Preto-SP, acontecerá o Encontro de Criadores da Scot Consultoria.

O professor Pietro Baruselli, da FMVZ/USP, um dos maiores nomes da reprodução animal no Brasil, apresentará a palestra intitulada: Impactos econômicos no uso de tecnologia reprodutiva na fazenda.

Pietro comentará sobre o custo benefício da implementação de ferramentas de reprodução no rebanho, como, por exemplo, a inseminação artificial em tempo fixo (IATF).

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Enquanto o dia não chega, confira uma palinha do que o professor Pietro apresentará no Encontro.

Acompanhe a entrevista:

Scot Consultoria: Em resumo, o que o senhor abordará na sua palestra durante o Encontro de Criadores da Scot Consultoria? O que os participantes absorverão da sua palestra de mais importante?

Pietro Baruselli: Em suma, falarei sobre a aplicação de tecnologias reprodutivas em propriedades de produção de carne do Brasil, principalmente na pecuária de cria, que é o setor que tem a fama de ser o menos rentável e ineficiente de todo o sistema. E esse é um setor extremamente importante porque é o início, é onde começa a produção dos animais que serão abatidos.

O Brasil possui baixa eficiência no sistema de cria e isso faz com que nossa pecuária tenha índices de produção bem mais baixos do que deveríamos ter.

Por exemplo, possuímos o maior rebanho do mundo, mas não somos o maior produtor de carne e isso ocorre também com o leite, temos o maior rebanho do mundo, mas não somos o primeiro produtor mundial de leite. Essa pouca eficiência se deve, principalmente, à baixa aplicação de tecnologia.

O que mostra que a pecuária de cria ainda é ruim são nossos índices. A cada 100 vacas desmamamos somente 60 bezerros e, para piorar ainda mais essa situação, a idade ao primeiro parto dessas fêmeas está girando ao redor de 45 meses. Atualmente, já temos tecnologias para melhorar esses índices. A cada 100 vacas já conseguimos desmamar 85 bezerros e diminuir a idade ao primeiro parto de 45 para 24 meses, com aplicação de tecnologia.

Scot Consultoria: Sabemos que menos de 10% das fêmeas do Brasil são inseminadas, em sua opinião, qual o principal motivo que leva o pecuarista a não implantar essa tecnologia na fazenda?

Pietro Baruselli: O primeiro deles é o desconhecimento por parte do produtor, de todos os benefícios que a implantação da IATF pode trazer para fazenda e o segundo é a falta de mão de obra no mercado que consiga suprir a demanda.

Se fizermos uma conta, hoje, para o que já fazemos, que é inseminar 10,0% do rebanho, temos 3.500 veterinários especialistas que trabalham com reprodução a campo prestando consultoria no Brasil e se formos aumentar o numero de fêmeas inseminadas para 20,0% precisaríamos de mais 3.500 profissionais capacitados. Ainda sim, inseminar somente 20,0% do rebanho não é o número ideal.

Então, consideramos que um dos gargalos, além do desconhecimento sobre a eficiência da IATF por parte do pecuarista, ainda é a deficiência de profissionais qualificados, em quantidade, para oferecer esse serviço.

Scot Consultoria: De acordo com as pesquisas que o senhor e sua equipe vêm realizando, a adoção da IATF eleva em quanto a rentabilidade da fazenda?

Pietro Baruselli: A aplicação da IATF na fazenda traz impactos significativos na reprodução e no retorno econômico da atividade ao ponto de que, usando essa ferramenta de reprodução, poderíamos melhorar pontualmente três índices na fazenda:

1º. – aumentar a quantidade de bezerros produzidos para cada 100 vacas, comparando com a monta natural;
2º. – antecipar a concepção das vacas na estação de monta;
3º. – introduzir genética através da inseminação artificial.
Já descontando os custos da implantação da tecnologia, tais como: produtos, protocolos, mão de obra, custos operacionais, etc, esses três índices, economicamente, representam um ganho de 25,0% na fazenda.

Além disso, há a importância de antecipar a concepção, diminuir de 45 para 24 meses traz um ganho econômico muito significativo em prol dessa redução, ao ponto de diminuirmos a necessidade diária da recria.

Em um sistema onde a primeira cria ocorre aos quatro anos, que é a média brasileira, precisamos de 40,0% da área da fazenda para recria, e poderíamos diminuir isso para 15,0%, tendo um ganho operacional de 43,0% por área, só por essa diminuição do período do primeiro parto.

Se fizermos uma conta dos custos para mudar esse patamar de primeira cria de quatro para dois anos, óbvio que teríamos de melhorar a nutrição de novilhas, parar de negligenciá-la e implementar novas tecnologias. Ainda sim, teríamos 30,0% de ganho econômico.

Scot Consultoria: Quais são os principais fatores que interferem no resultado da taxa de prenhez observada com IATF?

Pietro Baruselli: Primeiro, temos que deixar claro que a IATF é uma tecnologia que funciona. Nesses 20 anos de evolução, ela já esta muito bem validada no Brasil. Um exemplo de que ela funciona é que já chegamos a 11,0 milhões de sincronizações em 2016.

A IATF fez com que passássemos de 5,0% para 10,0% de fêmeas inseminadas, nós dobramos o mercado. O esforço agora é dobrar esse mercado novamente nos próximos cinco anos, mas, para isso, temos que divulgar o custo benefício da tecnologia e qualificar pessoas para oferecer um serviço de qualidade para que essa técnica seja aplicada corretamente e o produtor fique satisfeito com os resultados.

Existem vários pontos de estrangulamento nesse processo. Para que a IATF traga resultados positivos, temos que checar vários itens, tais como a qualidade do sêmen, o manejo da inseminação, a nutrição do rebanho, a equipe que está prestando o serviço na fazenda etc. Caso um desses fatores não for checado, a IATF apresentará resultados ruins. Quando o resultado não se mostra satisfatório, é porque alguns desses itens não foram controlados.

Hoje, para gado de corte, estimamos uma taxa de concepção próxima a 50,0%, ou seja, para cada 100 vacas inseminadas, 50 ficam gestantes com uma inseminação. Aplicando uma ressincronização, sobe para 75,0% e, com duas ressincronizações a taxa de concepção alcança 87,0%. Essa é a meta a ser alcançada em um programa reprodutivo.

Scot Consultoria: O que vale mais a pena, ressincronizar as fêmeas ou fazer o repasse com touro?

Pietro Baruselli: De acordo com nossas pesquisas, ressincronizar as fêmeas é a opção economicamente e produtivamente mais viável. Uma prenhez advinda da ressincronização acaba tendo um custo reduzido comparando com a prenhez proveniente de repasse com touro.

Podemos chegar a uma prenhez até 20,0% mais barata com ressincronização confrontando com a prenhez de repasse.

Autoria: Scot Consultoria

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