Impactos da precocidade no abate de bovinos

O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina desde 2004 (IBGE). O Brasil exportou 1,58 milhão de toneladas de carne bovina in natura em 2020.

Esse resultado foi possível por causa da China, maior destino da carne bovina brasileira.

A China compra somente carne de bovinos com no máximo 30 meses de idade. Essa medida é uma forma de prevenção à entrada de doenças no país, como a encefalopatia espongiforme bovina (EEB), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”, e que não se manifesta em bovinos jovens. Esse protocolo é exigido apenas do Brasil. No jargão do mercado, “Boi China”.

Essa exigência aparentemente estimulou o abate de bovinos precoces. Mas, quais são os fatores que contribuem para a precocidade no abate de bovinos e seus impactos?

Abate bovinos precoces no Brasil

intensificação da produção, seja intensiva ou semi-intensiva, apesar de aumentar os custos de produção, acelera o ganho de peso e reduz o tempo até abate por meio de estratégias de alimentação.

As integrações de culturas, como a integração lavoura-pecuária (ILP) e a integração lavoura pecuária floresta (ILPF), são modelos de produção sustentáveis que permitem produzir mais e melhor, contribuindo para a restauração de áreas degradadas. Esses modelos de produção favorecem a precocidade, uma vez que há ganhos na produtividade animal.

Além disso, os avanços com a seleção genética que melhoram o potencial genético dos animais também devem ser considerados.

Mais de 50% dos bovinos eram abatidos no Brasil com mais de 36 meses em 1997. No entanto, esse percentual abaixou para menos de 10% desde 2010. Por outro lado, apenas 2% era abatidos com menos de 24 meses, considerando o estado de Mato Grosso em 2006. Em 2020, essa participação aumentou para 18% (Abiec-Iepec).

Figura 1. Porcentagem de bovinos abatidos com idade superior a 36 meses (touros não inclusos).

Fonte: Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e Instituto de Estudos Pecuários (IEPEC) / Elaboração: Scot Consultoria

Impactos positivos do abate precoce

Um estudo que avaliou a suplementação em pasto na primeira seca e confinamento na segunda resultou na redução da idade de abate de 42 para 26 meses, redução de 18% na área de pastagem, aumento de 24% do desfrute anual e da produtividade/ha/ano em 40% (Cezar e Filho, 1996).

Em relação à qualidade de carne de bovinos adultos comparada à de animais precoces, há uma diferença de 66% do teor de colesterol, 64% de gordura total e de 32% do seu valor energético (Pereira, 2003). Além de mais magra, a carne de animais mais jovens é mais macia, suculenta, saborosa e com melhor acabamento.

Considerando os pontos positivos econômicos, há um maior giro de capital e melhor remuneração pela diferenciação do produto. Segundos dados levantados pela Scot Consultoria, o prêmio médio da arroba do boi China é de R$5,00 a R$10,00 em relação ao boi comum.

Quanto aos benefícios ambientais, com o aumento da produtividade, a área de produção para a pecuária é menor, o que contribui indiretamente para a redução da abertura de novas áreas. Vale ressaltar que o aumento da produção não implica necessariamente em uma expansão da área de pastagem.

Podemos considerar também que animais adultos produzem mais gases de efeito estufa (GEE) do que jovens, logo há uma menor produção desses gases com esse ciclo mais curto de produção.

exigência internacional e a formação de blocos econômicos de um produto de qualidade produzido de forma sustentável é crescente, e a precocidade atende a essa exigência.

Consideração final

Assim como outras espécies, como frangos e suínos, há uma forte tendência de que o abate de bovinos seja precoce e sem prejuízos ao desempenho animal. Os avanços da genética, nutrição e manejo possibilitam produzir mais, com menos insumos em menor área e em menor tempo.

Fonte: Scot Consultoria

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