Impactos da greve no agronegócio

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil emite nota sobre os impactos já constatados com as paralizações por todo o Brasil.

A greve e paralisação dos caminhoneiros têm impactado toda a sociedade brasileira, em especial setores que demandam muito o transporte rodoviário, como é o caso do agronegócio.

Iniciada em 21 de maio, a greve dos transportadores tem dificultado o escoamento da produção de alimentos para os centros de distribuição e terminais de exportação. O acesso a insumos básicos, inclusive os relacionados à alimentação animal também são afetados.

Os reflexos do movimento já estão sendo verificados pelo consumidor final. Os prejuízos aos produtores e à economia nacional são irreparáveis. Neste quinto dia de paralisação, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) levantou junto ao setor produtivo e indústrias de processamento quais são os danos causados ao setor.

Fornecimento de insumos

O descarregamento de fertilizantes reduziu nos últimos dias devido à ausência de caminhões para deslocar esse insumo. De acordo com informações dos portos, o desembarque em Paranaguá caiu de 25 mil toneladas/dia para 10 mil toneladas/dia.

Os estoques de fertilizantes nos portos já chegam ao máximo da capacidade armazenadora. Possivelmente se a greve continuar, não será possível fazer o desembarque desse insumo, o que pode impactar no planejamento da próxima safra, uma vez que em maio as entregas começam a se elevar.

Escoamento da produção agrícola

Dada a perecibilidade das frutas e hortaliças, os impactos nessas cadeias são ainda mais drásticos. Muitos relatos de desperdício têm sido verificados nas propriedades rurais do país, devido à impossibilidade de transporte e armazenamento dessa produção. Isso tem impactado no preço dos alimentos ao consumidor final.

A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) aponta que 95% dos legumes e frutas já estão em escassez na segunda maior Central de Abastecimento (Ceasa) da América Latina, em Irajá, Zona Norte do Rio. Normalmente, 400 caminhões descarregam produtos no local diariamente

Produtores de batata tiveram suas produções descartadas à beira das rodovias, já que os caminhões não tinham como seguir viagem em direção aos centros de distribuição. O preço do produto registrou crescimento de mais de 100% entre os dias 18 e 24 de maio. No CEASA Pernambuco, o preço subiu de R$ 1,80/kg para R$7,00/kg. Enquanto no Rio de Janeiro saiu de R$1,30/kg para R$5,60/kg.

No Rio Grande do Sul, algumas regiões estão finalizando as colheitas de arroz e soja e há dificuldade para escoar os grãos até os armazéns.

As esmagadoras de soja estão reduzindo os trabalhos devido à baixa nos estoques e o impedimento para a reposição.

Na região Centro Oeste, onde a colheita do milho safrinha iniciará nas próximas semanas, os problemas deverão se agravar caso o movimento grevista continue. Uma vez que os produtores têm necessidade de escoar a soja dos armazéns para armazenar o milho.

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA) estima que, por diferentes motivos, 47 usinas estão sendo afetadas pela greve dos caminhoneiros. Em algumas usinas, a colheita da produção está prejudicada pela ausência de combustível.

Impactos na pecuária

O leite é um alimento altamente perecível, por isso os produtores têm sido severamente afetados, por terem que descartar a produção em função da interrupção da coleta. O fluxo de entrega do produto às indústrias beneficiadoras varia de diário ou a cada dois dias, o que dificulta o armazenamento na propriedade.

Importantes indústrias de laticínios informam ao produtor a suspensão das coletas de leite até que a paralização termine ou que haja condições para se trabalhar. A Associação que representa este grupo de indústrias, Viva Lácteos, estima que 51 milhões de litros de leite estão sendo descartados em todo o País, o que gera um prejuízo diário de R$ 180 milhões.

Aves e suínos

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), há previsão de que, até a sexta-feira (25), mais de 90% da produção de proteína animal seja interrompida caso a situação não se normalize. São mais de 208 fábricas de diversos portes paradas no Brasil.

Os danos ao sistema produtivo são graves e demandarão semanas até que se reestabeleça o ritmo normal em algumas unidades produtoras. Com os bloqueios nas rodovias, que impedem o acesso dos insumos necessários à produção e impossibilitam o escoamento de alimentos, a associação informa que deixaram de ser exportadas 25 mil toneladas de carne de frango e suínos. Isso equivale a uma receita de US$ 60 milhões que deixa de ser gerada para o país.

Confira a nota completa clicando aqui.

Greve dos caminhoneiros evidencia força do agronegócio

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