CNA divulga relatório com impacto do coronavírus em cada setor do agro brasileiro; Levantamento foi feito considerando o período entre segunda (23/3) e sexta-feira (27/3).
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou neste sábado um relatório sobre os impactos do coronavírus no agronegócio. A análise foi feita considerando o período entre segunda (23/3) e sexta-feira (27/3).
Os dados são levantados por um grupo de monitoramento da crise criado pela CNA. A equipe também tem tirado dúvidas dos produtores via WhatsApp, pelo número (61) 93300 7278. Veja, a seguir, os principais pontos do relatório:
Commodities
Soja, milho e café tiveram valorização na semana, influenciados pela demanda aquecida, estoques baixos e manutenção do câmbio alto. No setor sucroenergético, os preços do etanol se mantiveram estáveis, mas com tendência de baixa diante das perspectivas de queda no consumo e início da safra.
Até o momento, segundo a CNA, os problemas têm sido, principalmente, o escoamento da produção e o fechamento de lojas e revendas que fazem reposição de peças e equipamentos para máquinas agrícolas.
A colheita de café e cana-de-açúcar começa em breve, e os setores já estão adotando medidas preventivas, como redução de trabalhadores transportados nos ônibus, ampliação dos horários de funcionamento dos refeitórios e orientações sobre higienização.
Frutas e hortaliças
Exportadores de frutas relatam uma suspensão drástica das exportações por via aérea. No Brasil, o fechamento de restaurantes, bares e feiras livres reduziu significativamente a demanda por hortaliças. Nos principais centros consumidores, o preço do tomate caiu, em média, 37% em relação à semana passada.
Flores e plantas ornamentais
O setor, que gera mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos, já perdeu R$ 297,7 milhões em faturamento, segundo o Ibraflor, e pode ter mais perdas caso a quarentena se mantenha.
Lácteos
Pequenas indústrias lácteas anunciaram redução na coleta de leite, mas grandes indústrias e cooperativas adotaram a estratégia de remanejar sua produção para UHT e leite em pó. Algumas indústrias do Rio Grande do Sul e Goiás que comercializam produtos lácteos para outros estados apontaram dificuldades com o frete retorno.
Boi gordo
Os preços começaram com queda na semana, mas o produtor preferiu segurar o boi no pasto à venda. Com isso, os frigoríficos voltaram a negociar no patamar de R$ 200 por arroba em São Paulo.
No final da semana, a quantidade de animais negociados foi a maior dos últimos 10 dias, o que deve alongar as escalas de abates dos frigoríficos e pressionar cotações futuras novamente.
Suínos
O abastecimento dos estoques dos supermercados gerou leve queda dos preços no varejo da carcaça suína durante a semana (- 2,7%), mesmo se mantendo em patamares superiores ao período pré-crise. O alto preço do milho e do farelo de soja tem preocupado produtores.
Aquicultura
A queda no consumo do food service paralisou as vendas de moluscos em Santa Catarina. No Mato Grosso, houve queda de cerca de 50% nas vendas de tambaqui e cancelamento de cargas que estavam programadas para a Semana Santa.
A Ceagesp anunciou que a compra de pescado será realizada apenas nas segundas, quartas e sextas, devendo causar grande impacto na cadeia de pescado fresco, principalmente tilápia.
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Ovos
Diante da forte demanda, os preços de ovos têm se valorizado diariamente. Em março, o preço pago ao produtor já acumula alta de 15,8%.
Ração animal
Uma grande preocupação dos pecuaristas tem sido os custos da ração. Atualmente, a ração base (30% farelo de soja e 70% farelo de milho) está 19% mais cara do que a média de fevereiro.
Fonte: Globo Rural