Segundo o analista de Safras & Mercado Élcio Bento, a liberação das exportações através do pacto não trouxe grande diferença ao mercado.
O impacto do acordo de exportação de grãos pela Ucrânia foi principalmente psicológico.
Segundo o analista de Safras & Mercado Élcio Bento, a liberação das exportações através do pacto não trouxe grande diferença ao mercado em termos de volume.
“O mercado viu que, mesmo liberando, ainda é menos trigo do que no ano passado”, disse.
Dados divulgados recentemente pelo ministério da infraestrutura da Ucrânia e pela consultoria APK-Inform permitem estimar que 2 milhões de toneladas de grãos foram exportadas pelo país a
partir do acordo, até a primeira semana de setembro.
Deste volume, o trigo responde por algo entre 290 mil e 400 mil toneladas.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Ucrânia produziu 33 milhões de toneladas em 2021/22, das quais poderia exportar cerca de 24 milhões, conforme o analista de Safras & Mercado.
Entretanto, o país do Mar Negro exportou apenas 19 milhões até o início da guerra. Para 22/23, o USDA estima a produção em 20,5 milhões de toneladas e as exportações em 11 milhões de toneladas.
Bento acredita que o país poderia exportar até 14 milhões e ainda manter estoques confortáveis. “Ainda assim, seriam 5 milhões de toneladas a menos do que no ano passado”, salientou.
Ainda que os volumes que partem da Ucrânia deem alguma tranquilidade ao mercado, não são suficientes para fazerem com que os preços oscilem.
Além disso, toda a redução da safra ucraniana é compensada por uma supersafra da Rússia.
“Deve ser a maior safra da Rússia, o país tem muito trigo. Se a Ucrânia reduziu sua produção em 12,5 milhões de toneladas, a Rússia deve aumentar em 15,8 milhões”, observou.
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Preocupação com a próxima safra
Para o analista, o mais importante é atentarmos à próxima safra.
“A Ucrânia planta seu trigo em outubro. Quando a guerra começou, já tinha encerrado o plantio, mas não conseguiu colher. Na atual temporada, a dúvida é se vai conseguir plantar”, disse.
Nesta terça-feira (13), o ministério da política agrária da Ucrânia disse que produtores do país estão preferindo cultivar oleaginosas aos grãos, devido às incertezas sobre o acordo.
“Isso mostra que, sozinha, a liberação das exportações não é suficiente para derrubar as cotações. O contexto geral mundial é de uma safra um pouco maior na comparação com o ano passado e de estoques um pouco menores. A ausência da Ucrânia seria sentida no mercado global para a manutenção dos preços em patamares mais elevados. Alguém vai ter que abastecer esse mercado. Isso deve estimular a produção em outras regiões. Basicamente, esta é a lógica do mercado”, explicou.