IATF: Técnica corresponde por mais de 20% das prenhezes no Brasil

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo é uma ferramenta valiosa na busca pela otimização da reprodução na pecuária leiteira. A utilização consciente e planejada da IATF pode contribuir significativamente para o aumento da lucratividade e qualidade do leite produzido; confira

As biotecnologias reprodutivas têm desempenhado um papel crucial no avanço da pecuária leiteira, proporcionando benefícios significativos para o setor. Uma das ferramentas mais importantes nesse contexto é a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que contribui de maneira substancial para otimizar os programas reprodutivos nas fazendas. A adoção da IATF visa aprimorar os índices zootécnicos, resultando em melhorias no faturamento e na saúde financeira das propriedades.

O que é a IATF?

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma técnica avançada de reprodução na pecuária que visa sincronizar o ciclo reprodutivo de vacas e novilhas para permitir a inseminação em uma data pré-determinada. Essa abordagem inovadora tem se destacado como uma ferramenta valiosa para otimizar a eficiência reprodutiva em fazendas leiteiras, contribuindo para melhorar os índices zootécnicos e, consequentemente, os resultados financeiros das propriedades.

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Foto: Reh Agro

O cerne da IATF reside nos protocolos hormonais, que envolvem a administração estratégica de hormônios específicos em momentos previamente estabelecidos. Esses protocolos têm como objetivo principal sincronizar a maturação dos folículos ovarianos e, consequentemente, a ovulação das fêmeas bovinas. Ao criar condições ideais para a inseminação, a IATF busca aumentar as taxas de concepção e, por conseguinte, a eficiência reprodutiva do rebanho.

Quais são os tipos de protocolo de IATF?

Os protocolos de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) desempenham um papel crucial na eficácia desse método reprodutivo avançado em fazendas leiteiras. Esses protocolos, baseados em administração hormonal, evoluíram ao longo do tempo para se adaptarem às diferentes realidades e necessidades dos rebanhos. Abaixo, são discutidos alguns tipos comuns de protocolos de IATF:

Protocolo Ovsynch

Base inicial: O Ovsynch é o protocolo fundamental que serviu como ponto de partida para o desenvolvimento de outros protocolos.

Funcionamento: Envolve a aplicação de GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofinas), seguido pela aplicação de prostaglandina para regredir corpos lúteos e, por fim, uma segunda dose de GnRH para induzir a ovulação.

Protocolo Ovsynch/imagem: Reh Agro

Evolução: Ao longo do tempo, este protocolo foi aprimorado com a inclusão de hormônios adicionais, como estradiol e progesterona, para aumentar a eficácia.

Protocolos modificados

Inclusão de estradiol: Alguns protocolos incorporam estradiol para melhorar a sincronização da ovulação, otimizando o desenvolvimento folicular.

Utilização de progesterona adicional: A progesterona é frequentemente adicionada para modular o ciclo estral e melhorar a eficácia da IATF.

Protocolos com dispositivos de sincronização

Dispositivos intravaginais: Alguns protocolos usam dispositivos intravaginais, como esponjas impregnadas com progesterona, para auxiliar na sincronização e no controle do ciclo estral.

Variações de duração: Protocolos podem variar na duração do uso desses dispositivos, dependendo das necessidades específicas do rebanho.

Protocolos com controle estrito do ciclo estral

Monitoramento de folículos: Algumas versões de protocolos IATF envolvem um monitoramento mais preciso do desenvolvimento folicular, permitindo ajustes conforme necessário durante o processo.

Um aspecto fundamental é que a escolha do protocolo não deve ser aleatória. Deve ser cuidadosamente planejada, considerando os objetivos reprodutivos da fazenda e garantindo que o protocolo escolhido esteja alinhado com as práticas de manejo existentes. A implementação bem-sucedida da IATF requer uma abordagem personalizada, levando em conta as características específicas do rebanho e as metas de reprodução da propriedade.

Desmistificando mitos sobre a IATF

Um equívoco comum associado à IATF é a ideia de que os protocolos eliminam a necessidade de observação de cio no rebanho. Na realidade, a observação de cio e os protocolos são práticas complementares e devem ser utilizadas de forma associada para otimizar a taxa de serviço na propriedade. A sincronização nem sempre é garantida, e a observação de cio continua sendo crucial para identificar anomalias e ajustar os protocolos conforme necessário.

Boas práticas para condução da IATF na pecuária leiteira

A qualidade de um protocolo de IATF para vacas leiteiras é avaliada com base em quatro premissas principais:

Progesterona alta durante o desenvolvimento folicular: Folículos desenvolvidos sob altas concentrações de progesterona apresentam maior fertilidade.

Estrógeno alto durante o proestro: Folículos bem desenvolvidos antes do estro produzem mais estrógeno, associado ao comportamento de cio.

Progesterona baixa no momento da inseminação: A utilização de prostaglandina durante o protocolo reduz a concentração de progesterona no dia da inseminação.

Progesterona alta pós inseminação: Folículos bem desenvolvidos contribuem para altas concentrações de progesterona após a inseminação, crucial para o desenvolvimento embrionário.

Além disso, a condução dos protocolos deve fazer parte de uma rotina reprodutiva bem planejada, seguindo critérios específicos para sua utilização.

Integrando a IATF ao programa reprodutivo

A IATF deve ser vista como parte integrante de um programa reprodutivo estratégico, complementando outras práticas e recursos. A implementação dos protocolos deve ser cuidadosamente planejada, alinhada à rotina da fazenda e aos objetivos específicos de reprodução.

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Protocolos de IATF / Foto: Alvaro Fortunato

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo é uma ferramenta valiosa na busca pela otimização da reprodução na pecuária leiteira. No entanto, seu sucesso depende não apenas da escolha adequada do protocolo, mas também da integração eficaz dentro de um programa reprodutivo mais amplo. A utilização consciente e planejada da IATF pode contribuir significativamente para o aumento da produtividade, lucratividade e qualidade do leite produzido em fazendas leiteiras.

Expansão e acessibilidade

Responsável por mais de 20% das prenhezes no país, a IATF está transformando as práticas reprodutivas e contribuindo significativamente para o progresso do setor. Uma das evidências mais marcantes dessa transformação é a incrível evolução da inseminação artificial nas últimas duas décadas. Em um passado recente, apenas 5% do rebanho era submetido à inseminação artificial, mas esse cenário mudou significativamente, atingindo uma taxa de 25%.

Especialistas no assunto, destacam que a inseminação artificial é acessível aos pequenos produtores e pode transformar rapidamente a qualidade do rebanho. Em um período de cerca de três anos, essa tecnologia tem o potencial de elevar os padrões reprodutivos, proporcionando resultados mais rápidos em comparação com fazendas de médio e grande porte.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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