Dia mundial do leite é comemorado em 1º de junho no mundo; no Brasil consumo oscila na pandemia e produtores reclamam dos baixos preços
O leite de origem animal começou a ser consumido pelos humanos há 11 mil anos, com a domesticação da vaca, no Oriente Médio. Até pouco tempo, o consumo era apenas fresco, devido às dificuldades de conservação. Com novas tecnologias, surgiram os derivados, como a manteiga e o queijo, e a produção de lácteos se diversificou. No entanto, somente após a descoberta da pasteurização, em 1864, o processamento do leite ficou mais higiênico, a conservação mais fácil e o consumo foi intensificado. Hoje, a produção de leite no mundo ultrapassa 513 bilhões de litros por ano.
O Brasil ocupa a 65ª posição no consumo mundial de produtos lácteos, com uma média anual de 169 litros por pessoa, valor abaixo do ideal estabelecido pelas Nações Unidas, que é de 200 a 220 litros por ano.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) instituiu, em 2001, o dia 1º de junho como o Dia Mundial do Leite para incentivar o consumo do alimento; importante para a saúde humana por ser rico em cálcio e outros nutrientes. Atualmente, mais de 85 países comemoram a data.
No Brasil acreditamos que o produtor não tem muito o que celebrar. Eles encaram um momento de mais desafios do que comemorações. Com alto custo de produção e preço do leite em baixa, as mudanças de cenário têm sido diárias e os pecuaristas têm se esforçado para superar os obstáculos.
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O analista de agronegócios do Sistema FAEMG, Wallisson Lara, lembra que, para os produtores, os primeiros dias da pandemia foram de muitas dificuldades no escoamento da produção (inclusive com estradas fechadas e descarte do leite); ao mesmo tempo em que os consumidores corriam às compras.
Crescia a demanda, especialmente, por derivados lácteos de mais longa validade, como o leite em pó e o UHT, que rapidamente registraram preços mais altos no varejo. “E pouco, ou nenhum, acréscimo ao produtor”, lembra. “O mercado logo mostrou que o movimento foi um ‘voo de galinha’ e o consumo declinou. Não sabemos os efeitos que a crise vai gerar no setor leiteiro, e temos tido dificuldades no planejamento de custos e investimentos, por exemplo, pois as informações e o cenário mudam a cada instante.”
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Dois meses se passaram e a entrega do leite ordenhado aos laticínios já está normalizada na maior parte do estado. Mas o fechamento do setor foodservice (bares, restaurantes e lanchonetes) ainda dificulta a comercialização da produção para alguns segmentos, como o de queijos. Associações de queijeiros artesanais têm, inclusive, pleiteado tarifas especiais para o envio, pelos correios, dos produtos vendidos on-line.
“Para completar, o cenário da pecuária leiteira hoje é de elevados custos de produção. A relação de troca (valor do leite produzido x custo com alimentação do rebanho) é bastante desfavorável ao produtor. Em abril, foram necessários 47,6 litros de leite para a aquisição de 60 kg de mistura (ração). Para se ter uma ideia, no mesmo mês de 2019, essa relação ficava em 32,7 litros”, diz Wallisson Lara.
Maior produtor do país, Minas Gerais ordenhou 8,9 bilhões de litros de leite em 2019 (ou 26,4% do total nacional, que foi de 33,8 bilhões de litros). O valor bruto da atividade (VBP) no estado ultrapassou R$ 9,5 bilhões. Uma das mais importantes e tradicionais cadeias do agro mineiro, a pecuária de leite está presente em todas as regiões de Minas. São mais de 3 milhões de vacas ordenhadas, em 225 mil propriedades rurais mineiras.
Produção de leite no mundo (em bilhões de litros)
- 1º lugar – EUA – 91,3
- 2º lugar – Índia – 60,6
- 3º lugar – China – 35,7
- 4º lugar – Brasil – 34,3
(Dados FAO e USDA – 2019)
Produção de leite no BRASIL (mil litros)
- 1º lugar – Minas Gerais (26,4%) – 8.939.159
- 2º lugar – Paraná (12,5%) – 4.375.422
- 3º lugar – Rio Grande do Sul (12,5%) – 4.242.293
- 4º lugar – Goiás (9,1%) – 3.084.080
- 5º lugar – Santa Catarina (8,8%) – 2.970.654
Vale ressaltar também que nas últimas semanas, os produtores criaram a campanha “Desafio do Leite“, no simples intuito de incentivar os brasileiros ao consumo do leite. Mas depois do presidente, Jair Bolsonaro, aceitar o desafio e beber o lácteo através de suas redes sociais parte da imprensa preferiu dizer que isso faz parte de uma ideologia de supremacia branca. Momento triste para o Brasil.