A Embrapa disponibiliza híbrido voltado para mercado de milho verde, produtividade tem atingido excelentes níveis. Veja e conheça a BRS 3046.
O milho verde é produzido e consumido em todas as regiões do País, tanto pelo público urbano quanto pelo rural. É também uma importante fonte de renda e emprego para os agricultores familiares e os envolvidos na comercialização e no preparo de alimentos.
Apesar de sua importância econômica e social, há poucas cultivares desenvolvidas para o mercado de milho verde no Brasil. De acordo com os pesquisadores da Embrapa, é preciso que as cultivares apresentem as inúmeras características especiais de qualidade e produção demandadas pelo mercado, como grãos profundos, macios e claros, palha fina e comprida, estilos-estigmas (“cabelos”) das espigas de fácil retirada, tempo prolongado de colheita e de conservação para consumo.
Para atender todos estes requisitos, a Embrapa Milho e Sorgo lançou o híbrido BRS 3046. “Ele apresenta excelentes características para produção de milho verde, tanto para espigas “in natura” quanto para a fabricação de derivados de consumo humano direto (grãos cozidos em espiga e produtos de pamonharia), informa o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães.
Além das características já citadas, o BRS 3046 apresenta boa produtividade de espigas verdes, janela de colheita de cinco dias, visual atrativo, bom empalhamento, boa coloração dos grãos e sabugo claro. “Este híbrido pode também ser utilizado para produção de grãos e silagem e é recomendado para cultivo nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, além do Norte, Noroeste e Oeste do Estado do Paraná, para plantios em safra e safrinha”, orienta o pesquisador Israel Alexandre Pereira Filho.
Produção de sementes licenciadas do BRS 3046
O licenciamento para produção de sementes do BRS 3046 da Embrapa começou em 2017, com uma área de 10 hectares. Inicialmente, nessa área, quando foi ajustado o sistema de produção, foram produzidas 19 toneladas de sementes, suficientes para o plantio de uma área aproximada de 950 hectares de lavoura.
Já em 2018, a área licenciada passou para 160 hectares, distribuída entre duas empresas, a Mhatriz Pesquisa Agrícola e a PlantMax Sementes.
“Nesta área a estimativa de produção é de 640 toneladas de sementes, o que dá para plantar aproximadamente 32 mil hectares de lavoura, se toda essa semente for cultivada, ressaltou o engenheiro agrônomo Reginaldo Resende Coelho, da Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa, escritório de Sete Lagoas.
Mercado para sementes de milho verde está bem estruturado
Em fevereiro deste ano, as duas empresas licenciadas contabilizaram o armazenamento, em suas câmaras frias, de 25 mil sacos de sementes do milho verde BRS 3046 cada uma. As embalagens disponíveis têm quantidades variadas para atender o pequeno, o médio e o grande produtor.
De acordo com o produtor de sementes, licenciado da Embrapa, Ricardo de Oliveira Alves, o mercado de sementes do milho verde é bem estruturado e bastante amplo no Brasil. “No Nordeste, os meses mais fortes para comercialização de sementes são fevereiro, março, abril e maio, que antecedem a festa de São João. Nas festas juninas a gente tem que ter o produto milho verde disponível para ser consumido de diversas formas: assado, cozido e na pamonha”, diz.
“Outra característica importante a ser observada é que no Nordeste se consome muito milho assado. Então, o tamanho da espiga, para esta região, não pode ser grande, tem que ser média. Assim, pode ser consumida assada e também cozida. Um pouco diferente da região central do Brasil”, comenta Alves.
“No Centro-Oeste temos um consumo de milho para pamonha mais alto do que lá no Nordeste. O pamonheiro quer o que? Mais massa. Então, para nossa surpresa, as lavouras comerciais estão produzindo 80% de espigas no padrão que serve tanto para milho verde quanto para massa, ou seja, tirar a massa para fazer a pamonha, ou o curau”.
BRS 3046 em Minas Gerais
O agricultor Bruno Alves Martins, da Fazenda Água Boa, de Santana do Pirapama-MG, planta cultivares de milho verde, inclusive o BRS 3046 da Embrapa. Em 16 hectares de sua propriedade, ele semeia dois hectares de milho verde a cada 20 dias. O plantio é feito em área irrigada por pivô.
“Gosto muito de trabalhar com o milho verde, porque o custo de produção é menor, comparado ao de outras culturas voltadas para o segmento de hortaliças. Preparando bem o solo, com o manejo adequado e uso de irrigação, tenho atingido produtividade de 800 sacos por hectare”, informa Martins.
Preparando bem o solo, com o manejo adequado e uso de irrigação, tenho atingido produtividade de 800 sacos por hectare.
O saco de milho colhido pesa de 20 a 22 quilos, ou corresponde a cerca de 48 espigas. Martins ressalta que a maior parte da sua produção é comercializada constantemente na CeasaMinas. “Sou um fornecedor frequente de milho verde, e as espigas do BRS 3046 também têm boa aceitação no mercado. É um milho produtivo, precoce e apresenta ponto de colheita uniforme”, comenta Martins.
“Tenho outros clientes que vêm buscar o milho para fazer curau ou para revender as espigas na feira livre. Estes geralmente compram até 10 sacos”, diz.
Uma das clientes de Martins é a senhora Maria Consolação Viana Silva, mais conhecida como Maria do Regino. Ela compra de três a cinco sacos de milho por mês. Segundo ela, o milho precisa ser de boa qualidade e estar bem firme para fazer mingau.
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“Vendo o mingau de milho na feira do Boa Vista, em Sete Lagoas, onde minha filha, Clecione, tem uma banca. Por semana, envio 20 bandejas com aproximadamente 450 gramas cada. Já trabalhei muitos anos lá. Mas hoje só forneço os produtos. Além do mingau, faço muçarela de trancinha, requeijão e queijo. O que mais vende é o mingau”, comemora Maria do Regino.
Fonte: Embrapa