Há várias bombas-relógio armadas e distribuídas na economia, diz consultoria

Ataques no Oriente Médio, guerra no Leste Europeu, greve nos EUA e deflação na China; especialista comenta efeitos sobre o agro brasileiro.

Conflitos internacionais como os que ocorrem no Oriente Médio e entre Rússia e Ucrânia podem afetar o agronegócio brasileiro. Essa é a avaliação de José Carlos de Lima Júnior, analista da consultoria Markestrat. 

“Esse conflito geopolítico na Faixa de Gaza tem potencial de elevar o petróleo e o gás natural. Aqui no Brasil, o impacto seria sobre combustível e nitrogenados”, diz o analista. Esses impactos podem elevar custos dos transportes de safras e encarecer insumos.

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Segundo Lima Júnior, no Oriente Médio, há um corredor na zona de conflito exatamente em áreas onde houve recentes descobertas de petróleo. Assim sendo, para usufruir das oportunidades econômicas da descoberta, será preciso tirar a oposição

Outro risco apontado pelo consultor parte do conflito no Leste Europeu, entre Ucrânia e Rússia. “caso a Bielorrússia resolva seguir Rússia, aumenta a preocupação com fornecimento de fertilizantes”. Diz José. Segundo ele, o país vizinho da Rússia declarou que se prepara para o conflito, justificando essa decisão a partir do aumento efetivo de militares da Ucrânia na fronteira. 

Além disso, a disparada dos conflitos também tende a inflacionar o seguro de frete marítimo. 

China

Conforme o analista da Markestrat, “a China está abastecida [de grãos] até a tampa. O país está em deflação, o nível de consumo está baixo. O governo tenta diminuir o custo do capital imobiliário para colocá-lo em circulação, o que seria uma forma de fomentar consumo – onde está o grão”.

No fim de setembro, para fomentar a economia e aliviar o peso no setor imobiliário, o governo chinês propôs que os bancos diminuam as taxas nos empréstimos imobiliários neste mês. Em conjunto, três das maiores cidades do país (Guangzhou, Shenzhen e Xangai) suspenderam restrições à compra de casas.

EUA

“Os agentes portuários da Costa Leste entraram em greve. Cada dia de atraso nos Estados Unidos, significa quatro dias de atraso para cada entrega no mundo”, diz Lima Junior.

Inadimplência e recuperação judicial

Diante dos fatos apresentados, o consultor diz que o cenário de risco tende a prevalecer no ciclo 2024/25. “Bom volume de soja dos EUA e do Brasil deverão limitar a valorização da saca. O que poderia puxar o preço seria a demanda, mas as condições na China aparentemente impedirão essa possibilidade”, contextualiza.

“Se a tendência de preço baixo se confirmar, o produtor deverá rever investimento por hectare, afetando produtividade. Aqui, o clima vai potencializar, ainda mais, a oferta no final de 2025/26”, diz Junior.

O analista da Markestrat também chama atenção para a inadimplência em níveis elevados que deve limitar crédito em 2025. “O risco de cada região considerará os números de inadimplência e recuperação judicial. Na prática, o pouco capital disponível ficará mais caro”. 

De acordo com o especialista, a melhora deve evoluir só daqui a dois anos. “Talvez a recuperação comece em 2026, dado a redução na oferta a partir do baixo estímulo do produtor”, conclui. 

Fonte: Agro Estadão

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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