Especialista e Lygia Pimentel dá um prognóstico do que podemos esperar do Ciclo Pecuário e explica que o boi gordo tende a viver fases de valorização nos próximos anos.
O assunto do momento é o ciclo pecuário – A CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel, deu um prognóstico do que podemos esperar deste momento e explica que o boi gordo tende a viver fases de valorização nos próximos anos. “Estamos em fase de baixa de ciclo pecuário, isso significa que, após retermos fêmeas – entre 2020 e 2021 – aumentamos, consequentemente, a produção e os preços perderam sua sustentação entre 2022 e 2023.
Isso nos leva à próxima etapa do ciclo, o início do processo de liquidação do seu rebanho, incluindo as fêmeas, o quê levará os números de abates a aumentarem ao longo de 2023 e 2024, para, em seguida, caírem como reflexo do menor número de ventres livres para produção de bezerros e de animais terminados. Este é o nosso ciclo, e é aí que nós estamos inseridos”, afirma.
Lygia analisa, também, o cenário mundial. “Os Estados Unidos começaram seu processo de liquidação antes que a gente, no ano passado, e esse movimento tem sido reforçado pela seca grave pela qual o país passa. O último registro de abate de fêmeas aponta para uma participação de 51%, que é uma proporção bem acentuada para os norte-americanos. Com uma seca que já dura mais de 125 semanas e a falta de comida, os custos estão nas alturas e o preço não tem reagido na mesma intensidade – deixando os produtores desestimulados a manterem seus rebanhos. Desta forma, está tendo liquidação nos EUA, desde o ano passado, por esses motivos, inclusive, pelo ciclo. Brasil, Estados Unidos, Austrália e Índia são os quatro fornecedores globais dominantes de carne bovina e o fato é que o Brasil e os Estados Unidos raramente estão sincronizados quando o tema é ciclo pecuário; entretanto, as nossas projeções para fazer alta do ciclo dos dois países coincidem para os anos de 2025 a 2027, o quê levaria a uma queda significativa na oferta de carne global e incentivada, principalmente, por esses dois países”.
A especialista segue com sua análise: “a Austrália tem reconstruído seu rebanho ao longo dos últimos anos, ou seja, tem retido fêmeas; mesmo assim, apesar do bom volume de chuvas, que tem ocorrido por lá, o rebanho ainda recuou 0,13% em 2022, isso foi motivado pelo movimento de liquidação de vacas leiteiras, é um movimento bem relativo ao mercado de leite por lá. Mas a reconstrução deste rebanho deverá se estabilizar apenas a partir de 2025. Quando a gente projeta a produção de carne dos três países combinada, a expectativa de uma queda de 13% em 2026, bem representativa, e mesmo considerando os ganhos produtivos concentrados na carcaça bovina – que tem atingido recordes de pesos médios ao abate ano após ano. Então nós estamos considerando o fator tecnológico nessa projeção também”.
Pimentel acrescenta, por fim: “é raro que as estrelas se alinhem no mercado pecuário, como a gente acredita que vai acontecer agora, em 2026, quando o Brasil, Estados Unidos e Austrália se juntarem nesses movimentos. O impacto disso vai ser um suporte fortalecido sobre os preços em nível global, inclusive, sobre frangos, suínos, ovos, ovinos e pescados também. A última vez que identificamos um estoque tão apertado foi em 2012, antes que a China descobrisse o sabor da carne bovina, e isso coloca muito mais pressão sobre a demanda, para os preços pecuárias, a partir de 2025 e 2026. Então, o boi vai voltar a brilhar, é só aguardar”, finaliza.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.