A força das águas transformou a planície em um vasto mar, conforme descrito pelo explorador espanhol Cabeza de Vaca no século 16. A inundação teve um impacto profundo na economia local, causando prejuízos estimados em R$ 2,1 bilhões em valores atuais; confira
Em 1974, após uma década de seca intensa que permitia atravessar o Rio Paraguai a pé, uma inundação repentina transformou drasticamente a paisagem do Pantanal. Este evento, que pegou os pantaneiros desprevenidos, marcou um ponto de virada na história da região e na economia da pecuária local. A inundação de 1974 causou uma devastação sem precedentes. O maior município do bioma, Corumbá, abrigava o maior rebanho bovino do Brasil, com mais de três milhões de cabeças. A cheia reduziu este número em 35%, resultando na morte de mais de um milhão de animais e forçando a venda de muitos outros a preços baixos.
A força das águas transformou a planície em um vasto mar, conforme descrito pelo explorador espanhol Cabeza de Vaca no século 16. A inundação teve um impacto profundo na economia local, causando prejuízos estimados em R$ 2,1 bilhões em valores atuais. Muitos fazendeiros empobreceram ou abandonaram a pecuária. O ecossistema do Pantanal sofreu grandes alterações, com a água eliminando a vegetação antiga e permitindo o surgimento de novos tipos de capim, mais adaptados às condições pós-inundação.
Pantaneiros como Manoel Martins de Almeida e Francisco José Boabaid, que viveram a cheia de perto, compartilham suas memórias do evento ao Correio de São Paulo. Almeida, que administrava a Fazenda São Camilo, recorda que a enchente foi devastadora nas áreas baixas, transformando corixos em rios e atoleiros, e isolando muitas fazendas. Boabaid, então adolescente, descreve a impressionante velocidade com que a água tomou os campos secos, criando uma nuvem de poeira antes de inundar tudo.
“O Pantanal empobreceu, aniquilou a pecuária, reduziu a área de criação e produção, foi difícil dominar a situação. Os corixos viraram rios e atoleiros, muita gente ficou ilhada, perdeu tudo”, relembra.
Após a cheia, a região experimentou uma série de inundações até o ano 2000. A criação da Embrapa Pantanal em 1975 foi crucial para a recuperação da pecuária na região. Pesquisadores introduziram novas técnicas de manejo, como a formação de pastagens, desmame antecipado e melhor nutrição, ajudando a pecuária a se tornar mais sustentável e resiliente. A cheia de 1974 forçou os pantaneiros a se adaptarem e inovarem.
Desse modo, o evento de 1974 foi um divisor de águas na história do Pantanal. Apesar da destruição inicial, o evento catalisou mudanças significativas na pecuária local, promovendo a introdução de práticas mais sustentáveis e eficientes. Hoje, o território pantaneiro continua a enfrentar desafios, mas a resiliência dos pantaneiros e o suporte da pesquisa científica asseguram a continuidade e o desenvolvimento da produção bovina na região.
Grande importância da Embrapa Pantanal
A Embrapa Pantanal desempenha um papel crucial na preservação, pesquisa e desenvolvimento sustentável do Pantanal, que é um dos biomas mais importantes e biodiversos do mundo. Aqui estão algumas das razões pelas quais a Embrapa Pantanal é tão importante:
Conservação da biodiversidade: O Pantanal abriga uma imensa variedade de espécies de plantas e animais, muitas das quais são endêmicas e encontradas apenas nesta região. A Embrapa Pantanal trabalha para entender e conservar essa biodiversidade única, desenvolvendo estratégias para proteger ecossistemas e espécies ameaçadas.
Pesquisa científica: A Embrapa Pantanal conduz pesquisas científicas de ponta em uma variedade de áreas, incluindo agricultura, pecuária, conservação ambiental, manejo de recursos naturais e mudanças climáticas. Essas pesquisas ajudam a melhorar as práticas agrícolas e de criação de gado, promovendo a sustentabilidade e a produtividade no Pantanal.
Desenvolvimento sustentável: A Embrapa Pantanal desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de práticas agrícolas e de manejo de gado sustentáveis, que garantem a conservação dos recursos naturais e o bem-estar das comunidades locais. Isso inclui o desenvolvimento de técnicas de manejo de pastagens, conservação do solo e água e uso eficiente de recursos naturais.
Apoio à agricultura familiar: A Embrapa Pantanal oferece suporte técnico e científico para agricultores familiares na região do Pantanal, ajudando-os a melhorar suas práticas agrícolas, aumentar a produtividade e garantir a segurança alimentar de suas famílias. Isso contribui para o fortalecimento da agricultura familiar e para a redução da pobreza rural.
Monitoramento ambiental: A Embrapa Pantanal realiza monitoramento ambiental constante para avaliar os impactos das atividades humanas e das mudanças climáticas no Pantanal. Isso inclui o monitoramento da qualidade da água, a saúde dos ecossistemas aquáticos e terrestres e a análise das tendências de longo prazo no clima e na biodiversidade.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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