Cruzamento de raças genuínas deu origem a uma raça brasileira perfeita para a produção de leite em países de clima tropical.
Há exatos 26 anos, no dia 1 de fevereiro de 1996, a Girolando foi oficialmente reconhecida pelo Ministério da Pecuária e Abastecimento (MAPA) como raça. Os primeiros animais surgiram na década de 1940, na região do Vale do Paraíba (SP), quando um touro da raça Gir invadiu uma propriedade vizinha e cobriu algumas vacas da raça Holandesa. Do cruzamento, nasceram animais com características como rusticidade, precocidade além da produção de leite.
Em 1978 foi criada a Associação Brasileira de Criadores de Gado Girolando e em 1989 foram definidas as normas para a formação da raça, fixando o padrão racial: 5/8 de sangue Holandês e 3/8 de sangue Gir, o que é chamado de Puro Sintético (PS). A Associação é a única delegada para a execução do Serviço de Registro Genealógico e do Programa de Melhoramento Genético em todo o país.
Resultado da mistura de duas raças com características muito diferentes, a Girolando apresenta muito vigor híbrido, morfologia exemplar, alta produtividades, transformando-se em uma raça perfeita para a produção de leite nos trópicos, uma vez que possui a capacidade de se adaptar a diferentes climas e manejos, além da rusticidade.
Ao longo dos anos, a raça vem ganhando diversas ferramentas para o melhoramento genético, como o PMGG (Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando) que distribui sêmen de touros participantes do programa. Em 2018, tiveram início as avaliações Genômicas na raça, o que permitiu uma evolução maior, com informações GPALeite, GTPAIP (intervalo de partos), GTPAIPP (idade ao primeiro parto) e GILG (índice de Longevidade Girolando), por exemplo.
Os técnicos da Associação, nos últimos anos, vêm avaliando os rebanhos país afora com o objetivo de mensurar e também avaliar características morfológicas e de manejo dos animais Girolando para, em breve, poderem disponibilizar a ferramenta Serviço de Avaliação Linear Girolando (SALG) aos criadores e também gerar informações de alta confiabilidade que possam ser usadas para as predições dos valores genéticos dos touros do teste de progênie.
Outra ferramenta é o Serviço de Controle Leiteiro (SCL), que é a principal ferramenta a serviço do PMGG na qual abastece o banco de dados de informações fenotípicas que servem de base para a avaliação dos animais.
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Além disso, a participação dos criadores em exposições oficializadas da raça, também contribui para a evolução, uma vez que nestas feiras eles “levam o que tem de melhor” em sua propriedade e também têm a oportunidade de trocar experiências com outros criadores e ficam atualizados das novas tecnologias que estão disponíveis no setor. Os jurados, por sua vez, avaliam a condição do animal na categoria que ele pertence, buscando sempre animais produtivos e equilibrados seguindo os critérios de julgamento da raça, o que ajuda o produtor a ver se eles estão no caminho certo.
Todo este trabalho já está rendendo bons frutos: hoje, 80% do leite produzido no Brasil vem de rebanhos Girolando. Em 2020, a produção das vacas em até 305 dias de lactação foi de 6107 Kg, um aumento de 60%, quando comparado com o ano 2000, quando a produção alcançava 3685 Kg. As vacas também se tornaram mais produtivas neste período, aumentando os dias de lactação (DEL).
Fonte: Ideagri