“O volume enviado diretamente para Rússia diminuiu, mas uma guerra pode ter efeitos no mercado internacional como um todo”, afirma
A guerra que acontece há cerca de uma semana entre Rússia e Ucrânia deve afetar direta e indiretamente diversos setores da economia mundial. No Brasil, um dos que mais devem sentir é o da agropecuária, com alta dos insumos e das commodities. Em Mato Grosso, a exportação de carne bovina para a Rússia deve ser impactada ao longo das próximas semanas.
Conforme especialistas, a perda não deve ser tão grande, em razão da diminuição do volume exportado para a Rússia nos últimos anos. Ainda assim, a perda não deve ser desconsiderada. De acordo com Lainer Leite, diretor da Nutripura, empresa voltada à agricultura e à pecuária, os efeitos no mercado internacional como um todo não devem ser ignorados. “O volume enviado diretamente para Rússia diminuiu, mas uma guerra pode ter efeitos no mercado internacional como um todo”, afirma.
Como volume enviado para Rússia vinha caindo nos últimos anos, este efeito deverá ser menor. Em 2020, por exemplo, Mato Grosso exportou o equivalente a US$ 63,215 milhões, ou 17,6 mil toneladas. Já em 2021, este volume caiu para US$ 29,092 milhões, ou 6,7 mil toneladas, redução de 53%.
Insumos e commodities agropecuárias também começam a ter seus preços aumentados já a partir desta quinta-feira (03.03). A alta já começa a ser sentida no petróleo, trigo, soja e milho, com tendência de que a escalada de preço continue nos próximos dias.
“O milho se aproxima da casa dos R$ 100 e boi gordo iniciou a semana em alta, fruto das incertezas do mercado. Apesar de índices variando de 1% a 5%, todo aumento de custo é significativo, sobretudo em um cenário de incertezas”, afirma Luiz Ernesto Emiliani, gestor de pool de compras e vendas da Nutripura.
Com relação aos fertilizantes, assim como os agricultores, os pecuaristas que fizeram as compras para adubar ou reformar os pastos estão preocupados com relação à entrega dos insumos. “Grande parte dos produtores já comprou os insumos para fazer a reforma de pastagens este ano, devido a janela de reforma, a atenção se volta agora para entrega destes produtos para o segundo semestre, visto que Rússia e Belarus são os principais fornecedores de adubos nitrogenados”, explica o representante da Nutripura.
Sobre como os produtores devem atuar, Emiliani explica que é hora de cautela e fazer contas para garantir o retorno dos investimentos. “A primeira orientação é sempre diminuir risco, comprar insumos quando possível e proteger com seguros ou outras ferramentas para garantir remuneração. Esperar o mercado nem sempre é a melhor opção e pode deixar o produtor de fora”.
Fonte: pnbonline