Grãos: Brasil não tem onde armazenar a SUPER safra

O país tem previsão de safra recorde de 313 milhões de toneladas de soja, milho, algodão, arroz e trigo; Porém, essa produção recorde causaria um déficit de armazenamento de mais de 100 milhões de toneladas. E agora?

Produção de grãos no Brasil supera dramaticamente a capacidade de armazenamento. A safra 2022/23 no país está estimada em 310,9 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume representa um incremento de 14,5%, ou seja, 39,3 milhões de toneladas a mais a serem colhidas do que na temporada passada. É o que mostra o quarto levantamento da safra de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A safra 2022/23 pode registrar dois recordes no Brasil. Primeiro, poderia produzir um recorde de soja, milho, algodão, arroz e trigo. Em segundo lugar, essa produção recorde causaria um déficit recorde de armazenamento de mais de 100 milhões de toneladas. Confira as informações.

De acordo com as informações divulgadas pelo AgWeb Farm Journal, apenas 15% das fazendas brasileiras possuem armazéns ou silos. Para se ter uma ideia do tamanho do problema no Brasil basta comparar com seu principal concorrente no mercado agrícola mundial: Nos Estados Unidos 54% das propriedades possuem armazenagem.

O déficit de armazenamento de grãos no Brasil está concentrado nos estados do centro-oeste (Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul), que respondem por quase metade da produção nacional de grãos.

Em 2021, a capacidade de armazenamento do Brasil é para apenas 67% de sua produção total de grãos. Em 2010, o índice era de 90%. “O crescimento da capacidade de armazenamento desde 2010 não foi proporcional ao aumento da produção agrícola no mesmo período”, diz Joana Colussi, pesquisadora associada de pós-doutorado na Universidade de Illinois. 

“Embora haja crédito público e privado para a construção de armazéns, os produtores brasileiros ainda precisam ser convencidos sobre o retorno positivo desse tipo de investimento”, diz Colussi. 

“Essa situação pode representar um risco para a competitividade futura da agricultura brasileira.”  

Armazenamento temporário de Grãos
Armazenamento temporário de Grãos

Agricultura brasileira tem espaço para crescer

Na batalha pela participação no mercado de milho e soja, o Brasil fez grandes incursões nas últimas décadas. O país sul-americano é líder mundial na produção de soja e é o terceiro na linha de produção de milho. Impulsionados por uma lucratividade recorde e um forte programa de exportação, esperamos uma maior expansão nos hectares brasileiros de milho e soja.

“O Brasil tem a maior área agrícola passível de expansão entre todos os grandes países produtores do globo”, diz Joana Colussi, pesquisadora acadêmica da Universidade de Illinois.

Na próxima década, a área de milho está projetada para expandir em 30% com o maior crescimento na produção de safrinha (milho como segunda safra). Os hectares de soja estão projetados para aumentar em 109% através da conversão de pastagens degradadas e desmatamento de novas terras. 

Principal produto cultivado no país, a soja está com o plantio próximo da conclusão, com expectativa de produção para a oleaginosa em 152,7 milhões de toneladas, 22,2% superior à da safra 2021/22. O desenvolvimento das lavouras é considerado satisfatório em grande parte das regiões, com precipitações ocorrendo em bom volume e periodicidade. “Porém, principalmente no Rio Grande do Sul, a má distribuição das chuvas, tanto em volume como em regularidade, afeta o potencial das lavouras na maioria das regiões. Já em Mato Grosso, as chuvas volumosas e abrangentes nas principais regiões produtoras favoreceram o desenvolvimento das lavouras no maior estado produtor do grão”, reforça o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.

O plantio do milho primeira safra também entra na reta final, restando apenas áreas no Rio Grande do Sul e no Matopiba para concluírem as operações. As condições climáticas variaram nas regiões produtoras, com excesso de precipitações em Goiás e Minas Gerais, e baixos volumes ou mesmo ausência de chuvas no Maranhão e no sul do Brasil. A produção prevista para este ciclo é de 26, 46 milhões de toneladas, 5,7% superior ao obtido na temporada passada.

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