De acordo com uma pesquisa do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), 67% dos brasileiros diminuíram o consumo de carne entre 2022 e 2023, desses, 47% indicaram a intenção de reduzir ainda mais essa prática a partir de 2024.
O consumo de carne, tanto no Brasil quanto globalmente, tem mostrado uma clara tendência de redução, impulsionada por uma variedade de fatores, como preocupações com a saúde, sustentabilidade e o bem-estar animal. De acordo com uma pesquisa do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), 67% dos brasileiros diminuíram o consumo de carne entre 2022 e 2023. Desses, 47% indicaram a intenção de reduzir ainda mais essa prática a partir de 2024.
Simultaneamente, tem se observado um aumento significativo no número de pessoas adotando dietas vegetarianas, veganas e outras alternativas alimentares livres de produtos de origem animal. O antigo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) estimou que o Brasil conta com cerca de 30 milhões de vegetarianos, dos quais 7 milhões se identificam como veganos. Essa mudança reflete uma transformação crescente nos hábitos alimentares, cada vez mais voltada para escolhas mais éticas e conscientes.
Mas como garantir uma alimentação equilibrada em nutrientes ao eliminar a carne? Uma das alternativas está no grão-de-bico, uma leguminosa amplamente consumida devido à sua versatilidade e ao seu alto valor nutricional, sendo uma excelente fonte de proteínas, minerais, fibras e outros benefícios. É sobre isso que falaremos hoje aqui no Compre Rural!
Explorando o grão-de-bico
O grão-de-bico, pertencente à família das leguminosas, tem suas raízes na região da Turquia, onde foi cultivado pela primeira vez por volta de 6500 a.C., antes de se espalhar para a Índia e outras partes da Europa.
Atualmente, a Índia é o maior produtor mundial de grão-de-bico, seguida por países como Austrália, Etiópia, Turquia e Mianmar. Embora diferentes fontes possam apresentar variações nas listas de maiores produtores, dependendo de fatores como o ano da safra, um dado importante é que, em 2021, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estimou que a Índia produziu 11.910.000 toneladas dessa leguminosa.
Em 2022, a produção global de grão-de-bico atingiu cerca de 14 milhões de toneladas, um volume significativo que reflete o aproveitamento de todos os benefícios dessa leguminosa. Conheça alguns dos principais:
- Baixo índice glicêmico: O grão-de-bico libera açúcar no sangue de maneira gradual, ajudando a controlar os níveis de glicose e proporcionando energia duradoura.
- Alta concentração de proteínas vegetais: Com um excelente teor de proteínas, o grão-de-bico se torna uma ótima opção não apenas para veganos e vegetarianos, mas também para aqueles que buscam substituir as proteínas animais.
- Rico em vitaminas e minerais: Essa leguminosa é uma excelente fonte de ferro, potássio, zinco, magnésio e vitaminas do complexo B, essenciais para o bom funcionamento do corpo humano.
- Alta quantidade de fibras: O grão-de-bico é repleto de fibras, auxiliando na digestão e no controle do colesterol LDL.
- Sensação de saciedade: Devido à sua composição rica em proteínas, fibras e nutrientes, o grão-de-bico promove a saciedade, ajudando no controle do peso.
Os maiores produtores de grão-de-bico em 2023 são predominantemente países da Ásia, Oriente Médio e Norte da África. Veja a tabela com os principais países produtores e suas respectivas produções:
País Produção (toneladas) Índia 9.000.000 Austrália 480.000 Paquistão 350.000 Turquia 220.000 Irã 230.000 Canadá 76.192 Marrocos 72.547 Síria 36.223 Argélia 38.818 Espanha 56.498
Embora o cultivo do grão-de-bico no Brasil ainda seja limitado, com uma produção média anual de 3 a 4 mil toneladas, o mercado tem grande potencial de expansão, caso sejam feitos ajustes nas condições de solo e temperatura. Continue lendo para saber mais sobre o futuro dessa leguminosa no Brasil!
É possível produzir (bem) no Brasil
O cultivo de grão-de-bico no Brasil apresenta desafios, mas também oferece boas perspectivas para os produtores. Embora seja necessário adaptar o ambiente de cultivo, a leguminosa é bastante resiliente e se adapta bem a diferentes condições, o que facilita o início da produção. Para um desenvolvimento saudável, o grão-de-bico exige solos férteis, ricos em nutrientes e matéria orgânica, mas não suporta excessiva umidade ou altos níveis de sal. O pH ideal do solo deve ficar entre 6,0 e 7,5.
Essa planta herbácea cresce até cerca de 60 cm de altura, o que exige espaçamento adequado entre as linhas de plantio (aproximadamente 40 cm) e entre as próprias plantas (cerca de 15 cm). Em relação à temperatura, o grão-de-bico se desenvolve melhor quando a média fica entre 25 °C e 30 °C, sendo que para a germinação o intervalo ideal é de 20 °C a 30 °C. Portanto, os melhores períodos para o cultivo são entre o final do verão e o começo do inverno, quando as condições climáticas mais favoráveis para o grão-de-bico coincidem com a estação chuvosa.
O cultivo de grão-de-bico no Brasil exige algumas práticas agrícolas específicas, como o preparo adequado do solo, o manejo eficiente da irrigação e o controle rigoroso de pragas e doenças. Uma das grandes vantagens dessa leguminosa é que, embora precise de irrigação, ela demanda menos água do que outras culturas. Além disso, o uso de insumos é significativamente reduzido, tornando-a uma opção mais sustentável em comparação a outras plantas agrícolas.
Em relação às variedades, o Brasil conta com duas principais classificações recomendadas para cultivo: Desi e Kabuli, conforme aponta a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNH). Além disso, instituições como a Embrapa Hortaliças estão investindo no desenvolvimento de variedades adaptadas às condições climáticas e de solo do país.
Com as práticas agrícolas adequadas, o grão-de-bico pode ser colhido entre 90 a 120 dias após o plantio, tornando-se uma cultura de ciclo relativamente curto e promissora para os produtores brasileiros.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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