Grande pecuarista dá aula de pecuária e aposta na virada do ciclo em 2025

Grande pecuarista apaixonado pela raça Nelore, Carlos Alberto Guimarães, mais conhecido como Carlito, opina sobre momento da pecuária brasileira e fala qual o momento certo pra investir no setor

Nascido para ser pecuarista e um completo apaixonado pela raça Nelore, Carlos Alberto Guimarães, mais conhecido como Carlito, chegou na região do Xingu mato-grossense quando quase ninguém queria investir no lugar. Enfrentou muitas dificuldades, entre elas a distância da civilização e a falta de logística. Hoje, após 46 anos desde que chegou a Mato Grosso, colhe os frutos do trabalho visionário e, é referência nacional na criação de gado puro de origem (P.O).

Carlito Guimarães é titular do Nelore Reata, com propriedade em Santa Cruz do Xingu, Mato Grosso e Aruanã, Goiás. O pecuarista foi convidado pelo escritório João Domingos Advogados para participar do podcast “Agro em Debate”, disponível em todas as plataformas digitais, e falou sobre o atual cenário da pecuária brasileira.

O advogado Leandro Marmo, da banca João Domingos Advogados, e apresentador do podcast, perguntou ao pecuarista sobre o que ele diria para alguém que pretende iniciar seus investimentos na pecuária de corte, quais seriam as recomendações do Pecuarista Carlito aos iniciantes.

Carlos Alberto Guimaraes - mais conhecido como Carlito - em conversa com Leandro marmo JD agro
Foto: Divulgação

Que invista muito agora! Você tem que entrar no mercado quando ele está ruim, e nós estamos no fundo do poço. Para quem quiser iniciar sua atividade pecuária tá na hora de entrar. Vejo muita gente fazendo o contrário, saí do mercado quando tá ruim e entra quando o mercado tá bom” – disse o pecuarista.

Carlito afirma que está quase passando da hora de investir, há pelo menos mais seis meses de janela de entrada. “Passou disso você não dá conta de entrar mais, pois os preços de fato vão melhorar. A pecuária é uma coisa muito simples, e quanto mais simples você tentar tocar ela melhor fica para você, só não pode desistir.” – decreta o pecuarista.

Carlito afirma isso baseado em sua experiencia de ter visto crises semelhantes mas que, ao fim e ao cabo, terminaram de uma maneira favorável para o mercado.

bezerros nelore racudos - top - leonardo paladini
Foto: Leonardo Paladini

Quem põe preço no mercado é o bezerro

Em outro trecho da entrevista, perguntado sobre quem determina os preços do mercado pecuário, Carlito destacou que não é frigorífico, nem invernista. “Quem põe preço no mercado é o bezerro, é o criador, e eu já estou começando ver o bezerro manifestar uma melhora de preço, principalmente porque o bezerro não nasceu, ele morreu lá no frigorífico junto com a mãe” – decretou Carlito.

Carlito está falando sobre o volume histórico de abate de fêmeas nos últimos dois anos. Abates de fêmeas em Mato Grosso, por exemplo, atingem o maior volume da história em fevereiro de 2024, maior número já registrado em toda a série histórica. Os dados são do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), trazidos pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O intenso envio de fêmeas para o gancho tem elevado os abates de Mato Grosso a um patamar bem acima da média dos últimos 10 anos. A maior participação dos bovinos dessa categoria é sazonalmente maior no primeiro semestre do ano, no entanto, os meses de março costumam apresentar o maior volume de vacas e novilhas no gancho”, destaca o Imea.

Carlito fala que essa conjuntura de fatos vai embalar uma melhora significante no mercado para 2025. “Já vai começar acontecer agora, a médio prazo uma pequena reação no preço do boi. Atualmente o preço do bezerro tá reagindo e não está refletindo na arroba do boi gordo. Hoje o bezerro tá por R$ 300/@ e o boi tá por R$ 210/@. Acredito que o bezerro vai subir mais” – decreta o pecuarista.

Carlito afirma que estamos quase chegando no ponto de inflexão, em que os pecuaristas vão se dar conta que será necessário parar de enviar as fêmeas para o abate, dada a melhora dos preços dos bezerros.

“Se realmente essa previsão acontecer, de pararmos de enviar as vacas e novilhas para o abate, aí o boi explode. É o que vai acontecer dentro de um ano, isso é natural, é o ciclo [pecuário]” – decreta o pecuarista.

Confira a entrevista exclusiva abaixo:

Um pouco mais sobre o Nelore Reata

O pecuarista Carlos Alberto Guimarães, ao lada da esposa, Fátima Roriz, enfrentou muitas dificuldades, entre elas a distância da civilização e a falta de logística – que ainda continua precária. Hoje, após 41 anos desde que chegou a Mato Grosso, colhe os frutos do trabalho visionário e, é referência nacional na criação de gado puro de origem (P.O).

Qualidade é o que o casal está produzindo na Fazenda Sta. Clara, em Cocalinho, leste do Mato Grosso (região de Água Boa). Do outro lado do rio Araguaia, em Goiás, município de Aruanã, também tem mais criação, como igualmente acontece em S. José do Xingu. No total, a Nelore Reata cria, atualmente, 70 mil cabeças.“Temos também investimento na soja, produzindo bastante. Nós confiamos e acreditamos no Brasil”, completa Carlito Guimarães.

Paixão pelo gado Nelore

Ele teve seu primeiro contato com a raça em 1962, quando chegaram os primeiros animais zebu no Brasil. Momento em que houve uma revolução na pecuária de corte nacional, avalia o pecuarista. “No Brasil a gente matava boi com no mínimo cinco anos e meio. Com as importações, a raça Nelore, o Brasil se tornou poderoso no mundo da carne”, disse.

“Eu não conheço uma raça melhor que o Nelore para se criar em um clima tropical, as raças taurinas são difíceis de serem criadas aqui”, complementa.

Com o trabalho, conquistou fazendas nos municípios de São José do Xingu, Santa Cruz do Xingu, Porto Alegre do Norte e Cocalinho. Com projetos que vão desde a cria, recria, engorda e seleção.

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