A proposta é que produto tenha aviso informando ser “melhor consumir antes” da data, em vez de determinar que está vencido depois dela.
O governo federal estuda alterar as regras sobre a data de validade de alimentos vendidos em supermercados para permitir uma flexibilização dos prazos de consumo. A proposta é que produto tenha aviso informando ser “melhor consumir antes” da data, em vez de determinar que está vencido depois dela.
A iniciativa foi anunciada após pedido da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que promoveu ontem o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, com a participação dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, entre outros convidados.
“Podemos rever uma série de fatores e gargalos, principalmente em relação à validade dos nossos alimentos. A pandemia nos trouxe esse tema de maneira perceptível, temos que agir rapidamente”, pontuou a ministra da Agricultura durante o evento.
Um dos pleitos apresentados pelo setor é a adoção do modelo “best before” (consumir preferencialmente antes de) em substituição à data de validade, atualmenteusada nos produtos alimentícios. Dentro do prazo estendido, o produto pode perder frescor ou nutrientes após certa data, mas pode ainda ser seguro para uso.
O modelo também deve permitir vendas de baixo custo e doações dos alimentos a grupos vulneráveis a partir de determinado prazo, segundo o governo. De acordo com a ministra Tereza Cristina, o governo federal vai criar um grupo para avaliar o tema, que deverá apresentar uma proposta em até 15 dias.
O ministro da economia, Paulo Guedes, disse que sua pasta vai compor o grupo. Para Guedes, seria interessante que a iniciativa fosse incluída nas discussões de reformulação do Bolsa Família, fazendo ligação entre o programa social e o combate ao desperdício no País.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que propostas para atualização das regras para rotulagem de alimentos, incluindo o prazo de validade, poderão ser avaliadas pela agência.
De acordo com a Anvisa, a abordagem regulatória usada no Brasil e no Mercosul é regida pelas principais regras internacionais sobre o tema, cujo escopo também inclui o sistema “best before”, que permite oferta após a data limite.
Medida pode reduzir preços, dizem supermercados
Conforme representantes dos supermercados, a flexibilização dos prazos de validade dos alimentos também poderia gerar redução de preços nas prateleiras.
O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, explicou que o reflexo se daria pela redução do descarte de produtos vencidos, que já é considerado na composição de preços.
“Na data de validade, esse produto é descartado, às vezes é incinerado, ou dado o descarte correto, e em alguns casos ele ainda pode estar próprio para consumo por alguns dias. Com isso há um custo de produção. Essa conta de desperdício vai para a indústria”, afirmou Schneider.
Contudo, ele ressaltou, que as adequações, caso aprovadas, dependerão de estudos técnicos envolvendo autoridades sanitárias e a indústria de alimentos. “Tem que haver uma garantia de qualidade para o consumidor. Não é uma discussão nova, isso já é usado em outros países.”
Fiscalização
O Procon-ES informou que a legislação atual obriga os estabelecimentos comerciais a exporem de forma destacada a data de validade dos produtos próximos a vencer que fizerem parte de promoções.
No estado, ainda, o consumidor que encontrar um produto com data de validade vencida tem o direito de receber de forma gratuita outro produto igual. O órgão também informou que fiscaliza os supermercados quanto à validade de produtos.
Alteração em todo o armazenamento
Mudanças nos prazos de validade de alimentos também dependeriam de adequações de estrutura de armazenamento e fiscalização nos supermercados para garantir a segurança alimentar do consumidor, destacam especialistas.
Conforme a mestre em Ciências e Tecnologia de Alimentos, Maraysa Rodrigues Furtado, a indústria de alimentos faz estudos sobre o prazo máximo em que um produto ficará viável para consumo.
“Já existe um prazo de segurança, mas quando o produto sai da indústria, não é possível garantir que será manuseado, armazenado e vendido corretamente. Para que isso funcione é preciso ter fiscalização, para saber se o produto vai manter as suas características”, ressaltou.
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A médica gastroenterologista Renata Lugão advertiu que o consumo de alimentos fora do prazo de validade pode gerar sintomas de gastroenterite, além de reações como náusea e diarreia.
“Do ponto de vista gastrointestinal, o alimento fora da data de validade não está apto para o uso, porque corre o risco de provocar ou piorar sintomas de gastroenterite. Há aqueles que são mais perecíveis, como leite, queijo, e os industrializados que possuem aditivos químicos para aumentar o tempo de consumo”, disse a especialista.
As informações são do Food Innovation, adaptadas pela Equipe MilkPoint.