Projeto de lei do Executivo proíbe produção e venda de alimentos feitos em laboratório, mirando em especial a carne; Itália quer preservar tradição agrícola do país
O governo da Itália propôs projeto de lei que proíbe a produção e venda de alimentos feitos em laboratório, especialmente a carne artificial. A proposta precisa passar pelo Parlamento, mas conta com o apoio do ministro da Saúde, Orazio Schillaci. O ministro declarou que a lei tem caráter preventivo, argumentando faltarem provas científicas conclusivas de que não haja efeitos nocivos relacionados ao consumo de alimentos sintéticos.
A carne de laboratório, produzida a partir de células-tronco de origem animal, é o foco do projeto de lei. A produção de ração animal também é um dos pontos de destaque da proposta.
Organizações de defesa dos animais e as que apoiam a produção de alimentos a partir de células criticaram a lei, afirmando que ela limita as opções para os consumidores, em especial quem se interesse pelo impacto ambiental do que come, e que a carne artificial seria uma boa alternativa à pecuária intensiva.
O texto veta produtos para consumo humano ou animal que sejam produzidos a partir de culturas celulares ou tecidos derivados de animais vertebrados. Entre as sanções previstas para os infratores estão multas de 10 mil a 60 mil euros, além da apreensão de material e fechamento de locais de produção.
“A Itália, líder europeia em matéria de qualidade e segurança alimentares, tem o dever de estar na vanguarda das políticas alimentares de defesa dos cidadãos e das empresas”, declarou Ettore Prandini, presidente da Coldiretti, principal organização agrícola italiana.
Guerra à comida sintética
O governo da Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido populista de direita Irmãos da Itália (FdI), declarou guerra aos alimentos sintéticos, que seriam uma “ameaça à tradição agrícola italiana”. O governo afirma ser necessário proteger a comida italiana de inovações tecnológicas supostamente nocivas, e renomeou a pasta do setor Ministério da Agricultura e Soberania Alimentar.
Depois da aprovação pelo governo do projeto de lei, que ainda precisa passar pelo Parlamento, Meloni participou de um ato da organização Coldiretti diante da sede do governo, em Roma.
A organização agrícola comunicou ter realizado o ato para dizer “não a todos os alimentos sintéticos”, e saudou a iniciativa do governo, que protegeria a produção doméstica de “ataques das empresas multinacionais”.
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