Demissões de Bruno Funchal e mais três secretários se deram após o governo defender que o Auxílio Brasil seja de R$ 400 e rompa o teto de gastos!
Depois da saída de secretários do ministério da Economia no começo da noite desta quinta (21), o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à CNN, que o ministro Paulo Guedes continua no governo e a prioridade agora é dar continuidade à agenda de reformas no Congresso.
Interlocutores do ministro da Economia Paulo Guedes afirmaram à CNN apostar que ele não deverá terminar o governo Jair Bolsonaro se a PEC dos Precatórios for aprovada da forma como foi elaborada pela ala política com aval da cúpula do Congresso.
“Defendemos as reformas que estão andando no Congresso Nacional, esse é o objetivo”, afirmou Bolsonaro à emissora. O presidente confirmou à CNN a criação de um “socorro” aos caminhoneiros, o ‘auxílio diesel’ , anunciado nesta manhã em evento no Nordeste. Segundo ele, o benefício, de cerca de R$ 400, seria importante em um momento de crise, atribuida por ele à pandemia da Covid-19.
Alguns de seus interlocutores já o têm aconselhado a salvar a sua biografia e deixar claro os princípios que defende.
O momento ideal para isso seria sua ida ao Congresso Nacional, para onde foi convocado a explicar sua offshore. Ali, também aproveitaria para dar sua visão geral sobre sua gestão na pasta desde janeiro de 2019.
Tem sido ainda aconselhado a deixar claro que a responsabilidade pelas dificuldades encontradas pelos auto proclamados liberais em Brasília se deve a apetite da política pelo Orçamento e a falta de respeito pelas regras fiscais. Fontes da economia defendem ainda que ele antecipe sua ida ao Legislativo.
O ministro, segundo interlocutores, não ficou surpreso com a debandada no ministério, muito embora seu entorno garanta que ele tentou até o último instante demovê-los da ideia e tentar ainda uma última cartada no texto da PEC dos Precatórios.
Mas ele mesmo já tem se sentido cansado do universo de Brasília, em especial após a revelação de sua offshore. O debate perdido sobre o financiamento para o novo programa social teria reforçado esse sentimento de perda de condições de administrar a economia dentro do ideário que ele defende.
Em linhas gerais, a percepção é de que nas áreas de infraestrutura e até mesmo na de privatizações algo foi possível avançar, ainda que muito menos do idealizado.
Mas ele mesmo vinha tratando nos bastidores da questão fiscal e em especial da regra do teto de gastos como uma espécie de “linha vermelha” e “última trincheira” segundo um interlocutor.
Demissões
Pediram demissão nesta quinta o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, além da secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo. Todos alegaram razões pessoais, e o Ministério da Economia não cita em nenhum momento a questão das negociações sobre furar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil.
Os secretários não gostaram da ideia e, vendo o país seguir um rumo entendido como inadequado para a situação fiscal, abandonaram o barco. Da equipe original de Guedes, resta agora apenas Carlos da Costa , secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, que está na corda bamba e também pode deixar o governo.
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Por isso que suas declarações nesta quarta-feira (20) de que se poderia flexibilizar a regra foi vista com certa surpresa e muito mais como um aceno à política com o objetivo de demonstrar disposição de sentar na mesa para negociar do que um recuo em si. A avaliação no seu entorno é de que o recuo fez com que ele perdesse a oportunidade de já deixar o governo com o novo texto da PEC dos Precatórios.
Por isso que agora a leitura na Economia é de que ele deveria utilizar o espaço que terá no Congresso Nacional como um possível último ato. A despeito dessa percepção de seus interlocutores, no Palácio do Planalto a avaliação é a de que ele não deixará o governo.