Governo defende juros menores e prazos maiores aos produtores

Assessor especial do Mapa, Carlos Augustin apresenta a investidores proposta que prevê benefícios para agropecuária sustentável

Em conferência para investidores no setor do agronegócio, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou os programas que estão sendo desenvolvidos para o setor no Governo Federal. Uma das propostas prevê juros menores e prazos maiores para produtores que assumirem compromissos com boas práticas ambientais e trabalhistas.

O assunto foi tratado durante a XP Agro Conference, realizada nessa quarta-feira (1º), em São Paulo. Segundo o Mapa, a proposta que está sendo delineada pelo ministro Carlos Fávaro busca a transformação de pastagens degradadas em áreas produtivas com compromisso socioambiental.

Nos últimos cinco anos, a Agricultura tem registrado crescimento de cerca de 1,5% ao ano em área de plantio. Com o programa de recuperação de pastagens, há a possibilidade de aumento de até 2 milhões de hectares anualmente. “Diferentes taxas de juros para diferentes comprometimentos sociais e ambientais. Está é a frase em torno da qual a gente tem que equacionar como fazer e mostrar ao mundo a nossa agricultura sustentável”, disse aos investidores o assessor especial do Mapa, Carlos Ernesto Augustin.

Juros diferenciados e prazo de amortização maior serão os benefícios que podem ser oferecidos para os agricultores que optarem por condutas que vão desde as relações trabalhistas, como contratação de plano de saúde privado para colaboradores, por exemplo, às boas práticas ambientais.

Além dos recursos públicos, informou o Mapa, a ideia é atrair o interesse do mercado internacional para que o Brasil continue sendo a principal potência nos anseios da comunidade mundial como o aumento da produção de alimentos e a preservação ambiental.

Quer juros mais baratos? Então use defensivos biológicos, faça sequestro de carbono, ofereça melhores condições aos seus trabalhadores, recupere áreas degradadas. Vamos educar e fazer a nossa agricultura ainda mais sustentável”, enfatizou Augustin.

Lula e Ministros
Foto: Ricardo Stuckert

Planos de Lula e Ministério da Agricultura

Os primeiros 100 dias de gestão do Ministério da Agricultura no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deverão ser concentrados no fortalecimento de ações de defesa agropecuária, na busca por mais recursos para a subvenção do atual Plano Safra e em garantir orçamento para a Pasta caso órgãos sejam criados ou desmembrados da sua estrutura.

Entre as questões mais urgentes discutidas pelos técnicos que trabalharam na transição está a reavaliação e um melhor acompanhamento de programas do Ministério da Agricultura na prevenção e combate a doenças e pragas, como febre aftosa, pestes suínas clássica e africana, vaca louca, influenza aviária, monilíase do cacaueiro e mosca da carambola.

Outra preocupação é a possibilidade de redução no orçamento de 2023 dos recursos para equalização do Plano Safra. O ministério poderá demandar suplementação de verba, já que os valores previstos do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para subvenção nos juros das operações de custeio e investimentos são menores que os empenhados em 2022.

Um indicativo feito pelos técnicos para a coordenação da transição é a necessidade de facilitar o financiamento para armazenagem, já que há um déficit de 89 milhões de toneladas de grãos, e demais linhas de investimentos voltadas a cooperativas e produtores, como para a compra de máquinas. Os juros atuais dessas operações são considerados altos e impeditivos, fruto da alta da Selic, que saltou de 2% para 13,75%.

O setor produtivo também quer que o novo governo promova uma reaproximação com a União Europeia, para onde as vendas de frango e pescados continuam suspensas. Também há pedidos para que o acordo de livre comércio entre Mercosul e UE seja ratificado, medida emperrada na atual gestão por causa de críticas dos europeus à política ambiental no Brasil – com aumento do desmatamento na Amazônia, sobretudo -, que levaram à criação de regras restritivas no bloco à importação de produtos oriundos de áreas desmatadas.

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