Governo anuncia PEC para zerar impostos federais dos combustíveis

Proposta apresentada pelo presidente, junto a ministros e parlamentares, no Planalto repassa aos estados valor das perdas com o imposto zerado até o limite de 17%

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira que o governo federal aceitará ressarcir os estados pelas perdas de arrecadação com o projeto de lei que estabelece uma alíquota máxima para o ICMS sobre os combustíveis. Como contrapartida, no entanto, o governo exigirá que os estados e o Distrito Federal derrubem a zero a alíquota do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.

Fonte: Reprodução / Twitter

Segundo o ministro Paulo Guedes, se os governos estaduais aceitarem a proposta, o acordo valerá até 31 de dezembro. Ele afirmou que a compensação custará ao governo federal entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões.

Zerar o ICMS do diesel pode cortar preço em até R$ 1,00 por litro

O anúncio foi feito em pronunciamento após reunião no Palácio do Planalto com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Durante o pronunciamento, Lira e Pacheco sentaram-se ao lado de Bolsonaro. Os ministros Paulo Guedes (Economia), Adolfo Sachsida (Minas e Energia) e Ciro Nogueira (Casa Civil) também participaram.

De acordo com Bolsonaro, os governadores também poderão ser ressarcidos pela União se derrubarem a zero o ICMS sobre o gás de cozinha. Os botijões já estão isentos do PIS-Cofins (imposto federal).

Bolsonaro afirmou que a proposta do governo prevê ainda que os impostos federais sejam zerados sobre a gasolina se os governadores aceitarem reduzir suas alíquotas de ICMS sobre o combustível para o teto de 17% previsto no projeto de lei que tramita no Congresso.

“Temos lutado para encontrar soluções responsáveis para a alta de preços que tanta dificuldade tem causado ao nosso povo. O irracional “fecha tudo”, que sufocou nossa produção, e a guerra no Leste Europeu, infelizmente trouxeram duras consequências a todas as nações do mundo. Nós demos o exemplo: os impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha já tinham sido zerados. Estamos zerando também os impostos sobre a gasolina. Se todos seguirem esse exemplo, agora que estamos viabilizando essa possibilidade, é possível melhorar a vida de nosso povo.” – disse o presidente nas redes sociais.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que a medida proposta pelo governo seja um subsídio no preço dos combustíveis. Segundo Guedes, um subsídio seria vender o litro abaixo do preço de custo e não a venda sem tributação.

“Nós estamos mantendo o nosso duplo compromisso. Primeiro, nós vamos proteger a população brasileira novamente. O governo federal transferindo recursos, não para dar um subsídio, mas para transferir recursos exatamente para permitir redução de impostos, que sempre foi o nosso programa”, declarou. Guedes afirmou, ainda, que “todas as economias do mundo” estão buscando formas de reduzir a carga tributária para lidar com a inflação.

“Quer dizer, 11 dos 14 mais importantes países europeus estão estudando formas de baixar impostos, os estados americanos estão baixando impostos”, citou.

O ministro da Economia declarou que, se o acordo for viabilizado, as mudanças têm tempo definido – até 31 de dezembro – e um valor definido, não detalhado no pronunciamento. Depois de encerrado o pronunciamento, ele disse que a compensação aos estados ficará entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões.

“Essa expansão de transferência de recursos para outros entes federativos [estados e municípios] vai estar limitada a essas receitas extraordinárias ainda não lançadas no orçamento. Então tudo o que a gente está vindo, justamente pelo vigor da recuperação econômica, esses recursos estão vindo extraordinários, acima das nossas previsões. Isso será repassado para a população brasileira através da redução de impostos pelos estados. Tecnicamente, é só isso”, disse.

Entretanto, o corte dos impostos pode não ser integralmente repassado ao preço final das bombas, ainda mais em momentos de pressão inflacionária.

Veja o valor do ICMS sobre o litro de óleo diesel em cada estado:

  • Acre: R$ 1,006
  • Alagoas: R$ 0,8868
  • Amazonas: R$ 0,9157
  • Amapá : R$ 0,8679
  • Bahia: R$ 0,983
  • Ceará: R$ 0,9267
  • Distrito Federal: R$ 0,7297
  • Espírito Santo: R$ 0,5563
  • Goiás: R$ 0,8086
  • Maranhão: R$ 0,8581
  • Minas Gerais: R$ 0,7158
  • Mato Grosso do Sul: R$ 0,5091
  • Mato Grosso: R$ 0,8625
  • Pará: R$ 0,8602
  • Paraíba: R$ 0,9034
  • Pernambuco: R$ 0,753
  • Piauí: R$ 0,8784
  • Paraná : R$ 0,5304
  • Rio de Janeiro: R$ 0,5951
  • Rio Grande do Norte: R$ 0,9238
  • Rondônia: R$ 0,8864
  • Roraima: R$ 0,8864
  • Rio Grande do Sul: R$ 0,5815
  • Santa Catarina: R$ 0,5544
  • Sergipe: R$ 0,9115
  • São Paulo: R$ 0,6618
  • Tocantins: R$ 0,648

*Os valores se referem ao diesel do tipo S10, o mais usado nas frotas.

Depois de um impasse sobre sua participação na declaração à imprensa, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que foi cobrado por Arthur Lira (PP-AL) a colocar em votação no Senado o projeto que limita o ICMS sobre combustíveis, não estabeleceu uma data para a análise da proposta.

Com informações do Jornal O Globo

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